Um Abismo e Uma Puta

Atenção: o conto apresenta insunuações sexuais. Porém não torna-se erótico por isso. Então, é aconselhavél que seja lido como um tratamento na vida de uma "puta". E não como um conto erótico.

Atenciosamente, o autor.

Ele tomou-me pela cintura e penetrou. Sentia que ele estava gozando. Ele sabia que me amava. Só que eu sou apenas uma puta. Insólita. Imóvel. Fingindo meu gozo. Fazendo-o pensar que eu o amava. Poderia escrever um livro com a verdade que esta dentro de mim. Eu não preciso tocá-lo. Ele agora, me vira. Pentra em mim de novo. Ele de novo diz me amar. Pobre criança. Não sabe o que passa pela minha mente. Eu poderia ter o homem que eu quisesse. Todos me desejam. E ele acha que eu o escolheria? Tolo. Não posso ser sua, deveria dizer a ele. Mas eu vou fingir meu orgasmo. Enfim, tudo acaba. Ele gozou. Eu sorri. Ele me pagou. Eu coloquei minha roupa. Ele disse me amar. Eu acendi um cigarro. Desci as escadas e o deixe sozinho. Sem amor. Sem nada. Sem mim. Eu não posso ser sua. Eu deveria ter lhe dito. Eu dirijo minha vida, vou por ruas vazias. Tolas, incalculadas. Foi o que fiz. Comprei uma cerveja. Traguei meu cigarro. E acelerei. Como se agora fosse sempre. Como se não houvesse amanha. Sorri. Parei, desci. Joguei a chave no chão e traguei. Meti na boca o meu vicio. Fiquei olhando. Olhei o penhasco. A lua. As luzes da cidade, que se confundiam com as estralas. Andei um pouco. Merda – acabou a cerveja. Traguei o ultimo trago. Queria que alguém me encontrasse. Poderia o céu ter pena de mim? Caminhei sozinha. Sem ninguém. Resolvi chorar. Mas caiu a chuva. Engraçado: o céu não pode ter pena de mim, mas consegue chorar por mim? Ou será comigo? Queria um cigarro. Chega! Olhei de novo: as luzes apagadas, a lua escondeu-se. Somente o penhasco estava ali. A voz do fim chamou-me. Eu queria ouvir. Queria ser encontrada. E fui. Andei. Corri. Dancei. Senti o fim. Estava na beira do abismo. Sem fim. Resolvi pular. Mas uma voz me chamou. Ei, moça! Vem para cá... E eu fui.

Era como noite passada. Mais um amor. Alguém para dividir a vida. O grande amor de sua vida...

Para mim? Apenas mais um cliente. Outra cerveja, outro maço de cigarros... Outra ida ao fim.

"Leiam minha apresentação: http://www.recantodasletras.com.br/cartas/2394709"

Le Vay
Enviado por Le Vay em 25/04/2010
Reeditado em 23/07/2010
Código do texto: T2219206
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