União de Almas. (Almas Gêmeas)

Lembro que nas minhas primeiras vezes que desloquei-me pelo astral, me sentia inseguro e pensava que ia despencar quem nem uma pedra e me espatifar no solo. Mas logo me dei conta que não havia solo, tudo era somente um espaço infinito. O que mais me desagradava era o retorno ao sentir atravessando o teto e indo direto de encontro ao meu corpo como se ele me puxasse. Depois acostumei e hoje muitas vezes nem sinto que retorno mais assim.

Minhas viagens no astral haviam se tornado mais constante de forma consciente. Na verdade todos nós costumamos realizar tal evento, mas muitas vezes nossa mente despreparada confunde como sendo sonhos e em outras ocasiões nem recordamos o que aconteceu.

Naquela noite havia reencontrado Sophia o que me deixara radiante de felicidade. Já haviam se passado mais de um ano desde o nosso ultimo encontro. Reencontrá-la foi motivo de jubilo para mim.

Conversamos sobre muitos assuntos, mas o tema predominante foi sobre a vida espiritual. Senti durante todo o tempo de nossa conversa que ela estava contente por termos aquele inesperado reencontro. A certa altura, falamos sobre viagem astral. Ao final de nossa conversa, radiante de alegria pela oportunidade que tivemos em atualizar nossos assuntos, falei:

- Gostaria de fazer-lhe uma surpresa esta noite, posso?

- Que surpresa deseja me fazer?

- Gostaria de ir buscá-la e levá-la a um lugar muito especial.

- Fala sério?

- Claro. Não brinco com estes assuntos.

- Então está bem. Vou esperá-lo.

Não posso negar que senti um tremor em meu corpo pela emoção ao ouvi-la consentir.

Despedimos-nos e mais uma vez confirmei que iria buscá-la.

Eu adormeci pensando em espírito ir ao seu encontro e levá-la a um lugar muito especial. Não havia lhe dito onde seria, apenas que me espetasse para um lindo passeio.

Sentia que ia conseguir realizar minha promessa.

Não me enganara. Tão logo dormi e meu espírito deixou meu corpo físico.

Sempre me dá uma sensação de vertigem por causa da velocidade do deslocamento pelo espaço.

Quando cheguei, ela estava me aguardava e fiquei encantado com sua beleza.

Estava linda num longo vestido branco. Um discreto decote contornado por finas rendas deixava apenas um pouco do seu colo descoberto, mas suas costas estavam nuas. Sobre a cabeça estava uma tiara ornada em pedras que brilhavam como as estrelas lá no alto.

Contemplei-a por algum tempo e então falei:

- Estou encantado com sua beleza. Realmente está muito bonita.

Tímida, baixou a cabeça encabulada, mas tomou a iniciativa de segurar minha mão e entrelaçar nossos dedos.

Senti amor naquele seu gesto.

Seguimos em direção ao local que eu havia prometido.

Logo estávamos diante de uma gigantesca catedral, o Templo da Grande Irmandade.

Sophia ficou deslumbrada ao ver o quanto a catedral era bela. Apenas disse baixinho:

- Mas que visão linda! Majestosamente linda...

Sorri satisfeito por poder oferecer-lha a visão daquele esplendor cósmico e senti que ela procurou encostasse mais a mim para apoiar-se.

Dirigimos-nos a porta central sentindo que aquele era um momento de grande felicidade para nós.

Os guardiões no portal principal nos saldaram com uma reverência de praxe aos iniciados no que respondi.

O templo estava lotado de almas que realizavam rituais.

- Que ritual é este? – perguntou-me.

- Unem suas almas para formarem futuras famílias espirituais.

- Você já realizou alguma vez?

- Sim. Este é o propósito do Portal das Almas. Unir almas amigas para que formemos uma grande família universal. Mas o próximo ritual é ainda mais belo.

- Haverá outros?

- Apenas mais um. Um ritual onde as almas que se unirem poderão se tornar filhos ou em um casal.

Notei no seu olhar seu desejo de realizá-lo. Não acreditei no que sentia sentindo seu desejo de realizar o próximo ritual.

- Deseja mesmo realizá-lo? – indaguei feliz já antevendo sua resposta afirmativa.

- Sim. Eu quero muito realizá-lo com você? Seria possível? Você me aceitaria?

- Sim. Mesmo antes de me perguntar eu já havia te aceito.

Encaminhamos-nos para mais perto do altar e aguardamos sermos atendidos pelo venerável Mestre.

Enquanto aguardávamos Sophia ficou segurando minha mão e bem juntinha a mim.

Não demorou e já era chegada a nossa vez de sermos atendidos e o ritual teve inicio.

Já ao final, o venerável Mestre disse:

- Irmãos, este é um passo que ficará registrado para toda a eternidade de suas personalidades. Tem plena certeza que desejam continuar?

Respondemos que sim e ele nos orientou a tomarmos posição e repetirmos suas palavras.

Fiquei por trás de Sophia segurando suas mãos e em seguida ao sinal do venerável Mestre ergui nossas mãos para o alto e repetimos juntos cada palavra.

- Diante de todos aqui presentes, diante do Pai Eterno, neste momento unimos nossas almas para todo o sempre até o final dos tempos. Por todas as nossas vidas e em todas as dimensões do Universo que sejamos uma só em todos os nossos sentimentos e que o amor seja nosso eterno alimento.

E todas as almas presente em coro completaram:

- Assim seja. Assim será por toda a eternidade. Amém!

Sophia girou sobre si mesma e agarrou-se a mim num abraço profundo para em seguida perguntar-me chorando:

Por que demorou tanto a vir encontra-me se a ti esperei dia após dia?

Silenciando seus lábios beijei-a para depois responder:

- Nem que levássemos mais vidas a serem vividas, nunca deixaríamos de ser o que sempre fomos, eternas almas de amor.

Não demoramos e logo estávamos de volta. Numa breve despedida, ainda beijei-a mais uma vez.

Ao despertar do dia, me sentia leve e renovado.

Feliz com aquele acontecimento, agradeci a Deus por ter permitido unir minha alma a de Sophia.

Sim... Agora somos para sempre almas gêmeas diante do Pai.

Carlos

Carlos Neves
Enviado por Carlos Neves em 16/07/2008
Reeditado em 16/07/2008
Código do texto: T1082965
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