JORNADA DOS CONDENADOS-CLTS 27

JORNADA DOS CONDENADOS- CLTS 27

Quando o carro estragou Jack continuei a pé.

De cima da elevação, avistou Salandra, a cidade abandonada onde ficava o prédio da Genox Laboratórios. As ruinas dele. Ao redor, outros escombros da antiga cidade, refúgio de escorpiões, cobras e lagartos, além de insetos sendo alimento dos urubus que pairavam sobre as ruas deserta. A pior criatura que se refugiavam ali, eram os infectados pelo vírus do instinto sanguinário, que transformou as pessoas em animais selvagens, chamado de lupino. A doutora Vitoria Walker tentava criar uma vacina, mas faltava um componente químico que estava no subsolo do prédio, o Fictovax Antígeno para ser aglutinado a uma proteína sintética projetada para se assemelhar à superfície do vírus responsável pela epidemia. Essa proteína estimulará o sistema imunológico a produzir anticorpos específicos contra o vírus. Era o que a médica esperava conseguir, se Jack tivesse êxito, é claro.

Ele seguiu pela rodovia esburacada e coberta por tufos de erva daninha que nasciam entre rachaduras e acúmulo de poeira. Entrou na cidade com a pistola de 15 tiros na mão. E de olho nos prédios embolorados, rodeado de mato rasteiro. Os lupinos não suportavam a luz solar e por isso escolhi um dia de sol para cumprir aquela missão. Procurou não fazer ruido para não chamar atenção. Caminhou com passo leve e largo para acelerar a caminhada. Súbito, sentiu o solo tremer. Parei e esperou. A voz de um dos técnicos soou no rádio.

— Jack. O sismógrafo registrou um tremor de magnitude 2 na escala Richter. Percebemos que não é de grande dano, mas os tremores se tornaram frequentes na região depois de chuvas intensas. Pode ser acomodação do solo e sugerimos que você não demore muito no prédio. Pegue o frasco e saia logo do edifício.

— Ok. Não vim aqui para fazer turismo. Não vou demorar.

Havia carcaças de carros nas ruas e muito lixo. Imaginou o caos que tinha sido quando a cidade foi invadida pelos infectados, atacando e mordendo o pescoço das pessoas que cumpriam uma rotina diária, indo as compras, ao trabalho, ao lazer. Muitos mortos, muitos feridos se transformando e integrando à legião de infectados.

O governo, nem com o ministério da saúde e nem com o exército conseguiu conter a epidemia. Salandra foi abandonada e os sobreviventes procuraram refúgio na cidade mais próxima, Massada. Em pouco tempo uma muralha foi erguida para impedir a entrada dos infectados. Com poucos recursos, uma equipe de cientistas liderados pela doutora Vitoria, tentavam criar um antidoto para combater o vírus. Infectados eram capturados para servirem de cobaia para os testes. Isso já durava 5 anos.

Agora faltava um ingrediente químico para a vacina e o único lugar que tinha era no porão do laboratório Genox. Jack vestia um traje especial, com rádio e câmera acoplados, para a equipe de cientistas e autoridades acompanhassem seus passos, seu trajeto até as ruínas. Passou por um cruzamento de ruas longas e vazias e chegou ao prédio, um edifício de 5 andares com janelas amplas, de vidro fumê, a maioria quebradas. A larga porta de vidro gradeado, estava aberta. O balcão da recepção coberto de pó, teias de aranhas nos cantos, um escorpião correu para se esconder num monte de lixo, as paredes estavam manchadas pelo mofo. Acendeu a lanterna e seguiu por um corredor escuro até uma porta que dava para o subsolo. Pegou a chave que a doutora lhe dera e enfiou na fechadura, mas não consegui abrir. Não havia energia elétrica, portanto o elevador não funcionava e nem o cartão magnético. O jeito foi arrombar a porta e foi o que ele fez. Desceu a escada com cautela.

Chegou a uma sala envidraçada com uma câmara de descontaminação que funcionava mesmo sem energia elétrica. Depois de descontaminado, seguiu por um corredor com várias portas e chegando ao depósito, usou a mesma chave magnética para abrir. Foi ao armário que a doutora Victoria descreveu, acionou a alavanca para extrair o frasco da capsula de nitrogênio e o colocou num dos bolsos da jaqueta. Em seguida retornou pelo mesmo caminho e no corredor, sentiu um novo abalo sísmico, o prédio foi sacudido como por mão de titãs, o piso inclinou e Jack caiu.

Perdeu os sentidos.

Acordou num chão de terra úmida, sob duas paredes do prédio que recostavam uma ponta na outra. Para ambos os lados estavam o resto do prédio, pedaços de paredes e pisos de concreto exibindo as armações de ferro, equipamentos espalhados e vidraças partidas num monte de escombro. Rastejando, conseguiu sair dali. Ao ficar livre e em pé, descobriu que o solo havia desabado uns 30 metros e uma rachadura de 2 quilômetros havia se formado. Parte da cidade havia afundado no solo. A câmera no capacete estava quebrada, o rádio sem sinal, inútil. Por sorte o frasco com o soro era protegido por uma capa de metal. A equipe devia ter captado o abalo sísmico e como ele estava sem comunicação, pensariam que Jack tinha morrido. Provavelmente ficariam desolados com o fracasso da missão, se ele não saísse logo daquele buraco. Percebeu ao longe, vultos se movendo em sua direção. Lupinos! Provavelmente estiveram num dos prédios desabados.

Eram 3 homens, aproveitando a sombra do barranco para evitar a luz do sol, corriam com a postura peculiar, cabeça baixa olhando para a frente, para a presa, os punhos fechados, os braços num movimento rápido acompanhando os passos largos. Não foi difícil matá-los com um tiro certeiro na cabeça. É claro que Jack havia treinado bastante para um momento como aquele, para não desperdiçar balas errando o alvo. Depois andou ao redor a procura de um meio de sair. Sem equipamento adequado não seria possível escalar o paredão. Um dos prédios de quatro andares havia caído praticamente inteiro. Decidiu entrar por uma janela no segundo andar e ir ao terraço. Ficava muito longe do paredão, impossível alcançar a beirada lá em cima. Porém, dali conseguiu avistar um duto, um antigo cano de esgoto que ele poderia alcançar e como se sabe, todos os canos têm início em alguma parte lá em cima.

Desceu e se dirigi para o outro lado do barranco. Começou a cavar buracos para apoiar os pés. A boca do cano estava a uns 20 metros de altura, mas não foi difícil chegar até ele. Meteu-se nele e seguiu rastejado por cerca de meia hora até chegar num bueiro. Tirou a tampa e subiu. Estava agora numa rua fora do centro. Naquele momento o rádio deu um sinal de vida e alguém falou.

— Jack? Está me ouvindo? Aqui é o coronel Hugo Werner.

— Sim, estou ouvindo. Já peguei o antígeno. Parte da cidade afundou criando um cânion. Vou demorar para voltar. O carro estragou.

— Sabe onde fica a estação de trem de Aldrava?

— Sei, a uns 5 quilômetros daqui.

— Um trem com refugiados vindo de Santiago vai passar por lá dentro de 3 horas. Esteja na estação, que eles vão te pegar. Vá para lá. A imagem de satélite mostra que a os trilhos estão livres.

— Ok. Estou indo.

Estava escurecendo, logo os lupinos sairiam de suas tocas em busca de comida. Seguiu a passos rápidos para noroeste. Caminhou sem parada para descanso. Quando chegou na estação deserta e abandonada já era noite. A lua foi coberta por grossas nuvens e os relâmpagos cortaram a escuridão. Chuva e vento açoitaram o pequeno abrigo e o telhado voou longe. Jack encolheu-se num canto. Meia hora depois, surgiu um farol na escuridão. O trem, com seis vagões diminuiu de velocidade e parou. A porta de um dos vagões de carga se abriu e alguém o chamou. Um homem em traje militar, segurando um rifle, estendeu a outra mão para ajudá-lo a subir. A porta foi fechada a o trem retornou a marcha. Estavam ali, dois homens e uma mulher, também em traje militar. Ela disse:

.— Sou a major Helen Skerritt. Fomos a Santiago resgatar algumas pessoas. Recebemos ordens para pegar um passageiro na estação de Aldrava. Quer se sentar?

Sentou-se em um dos bancos e os dois soldados do outro lado ficaram olhando-o desconfiados.

— O que estava fazendo tão longe de Massada? — perguntou Helen, sentando-se ao seu lado.

— Fui a Salandra, pegar algo que a doutora Victoria Walker precisa para fazer uma vacina.

— Quer comer alguma coisa? Temos um vagão restaurante.

— Não, obrigado. Não estou com fome.

— Então, me dê licença que eu preciso ver como estão os outros passageiros.

A major dirigiu-se para outro vagão.

Passou-se alguns minutos, até que um dos soldados se levantou e parou em frente a Jack.

— Cadê o soro?

Jack olhou para ele, confuso.

— Está comigo. Por quê?

— Passe para cá.

Jack sacudiu a cabeça, negando e então o soldado deu-lhe uma coronhada no rosto. O companheiro tentou detê-lo e o homem deu-lhe um tiro. Depois voltou-se para atirar em Jack, mas ele já estava de arma em punho. Derrubou-o com dois disparos. abriu a porta e pensou em pular, mas naquela velocidade do trem, decidiu que não era uma boa ideia. Ele saiu a procura da major Helen. Passou por um vagão cheio de refugiados calados e temerosos. Helen estava no vagão restaurante conversando com um homem. Ao ver Jack, dirigiu-se a ele.

— Resolveu comer um sanduiche?

Jack respondeu num tom sério.

— Como vocês souberam do soro? O que pretendem fazer?

Ela desfez o sorriso.

— Não estou entendendo.

— Um daqueles soldado matou o companheiro e iria me matar para obter o soro.

— O que você está dizendo?

Helen não esperou resposta e dirigiu-se ao vagão de carga. Jack percebeu que ela não fazia parte do esquema. Esperou, sentado a uma mesa.

Logo depois surgiu Helen, com o rosto pálido. Ficou de pé na frente dele.

— Me explica o que aconteceu.

Jack contou. Ela sentou-se, meditativa. Depois pegou o rádio.

— O que vai fazer?

— Reportar ao general Robinson.

— Acha que é uma boa ideia? Por que alguém do exército quer o soro que pode acabar com a epidemia? Veja bem, um soldado a mando de alguém, queria o soro e não hesitou em matar o companheiro.

Helen voltou a colocar o rádio no cinto.

— Tem razão, mas talvez a pessoas, ou pessoas, não sejam militares.

Súbito, alguns dos passageiros entraram correndo assustados e um deles trancou a porta.

— O que aconteceu? — perguntou Helen, agarrando o homem pelos ombros.

Apavorado, ele falou aos borbotões.

— Lupinos! Um dos passageiros estava contaminado. Ele estava com febre. Escondeu um ferimento que tinha no braço. Bem que eu desconfiei, mas achei que era impressão minha. A doença tomou conta dele. O cara perdeu a razão, arrancou com os dentes um pedaço do rosto de uma mulher, depois atacou outras pessoas. Corremos para cá.

Jack agiu rápido, pegou mesas, cadeiras e fez uma barricada na porta. Helen ficou atordoada, pensando o que fazer. Jack disse:

— Acho que devemos avisar o maquinista parta não levar o trem para Massada. Nem parar, até resolvermos o que fazer.

— Tem razão. Eu vou avisá-lo do que está acontecendo.

Os dois ficaram discutindo o que fazer. Os infectados pararam de bater na porta. Jack pensou na possibilidade de desengatar o vagão e abandoná-lo, mas descobriu que teriam que desmontar a proteção entre as duas portas e com isso evidentemente, seriam atacados. Não havia o que fazer, por enquanto. Cansada, Helen sentou-se e debruçou-se numa mesa para cochilar. Jack continuava alerta, sentado numa cadeira e de olho na porta. Restava saber o que aconteceria quando chegasse no pátio de manobras, provavelmente o maquinista voltaria pelo mesmo caminho, até eles acharem um jeito de confinarem os infectados.

O trem seguia veloz, varando a noite e a distância. A luz do farol iluminava o caminho à frente. Adolfo, o maquinista, mantinha o trem na mesma velocidade e seu companheiro Ygor, cuidava da caldeira. Esperavam chegar logo a Massada e dormir um sono justo, logo que aquele problema fosse solucionado. De repente, Adolfo sentiu o sangue gelar nas veias e um frio no estômago, quando viu os trilhos bloqueados por uma avalanche. Um monte de terra e pedras haviam despencados da montanha. Adolfo puxou os freios com força, as rodas travaram, mas continuaram deslisando e guinchando sobre os dormentes. A locomotiva, como um dragão ferido, chocou-se violentamente com o entulho. Os vagões saltaram e tombaram de lado.

Jack não percebeu o choque quando foi jogado para cima de uma mesa, quase chocando-se com Helen. Depois o vagão tombou e ele viu-se deitado sobre a parede. As luzes se apagaram, o barulho do trem cessou, agora soavam gemidos, grunhidos e os trovões, além do ruído da chuva. Recuperando o raciocínio, Jack percebeu a situação e temeu que os infectados entrassem no vagão. Ele saiu pela janela e rastejou sob um vão embaixo do vagão apoiado em uma rocha. Ficou de pé e com ajuda dos relâmpagos, conseguiu ver a fila de vagões caídos e a frente da locomotiva enterrada num monte de pedra e lama. Algumas pessoas saiam pelas janelas. Ele pensou logo em se afastar, deu um passo para o lado e esbarrou em Helen. Ela estava meia zonza, com um filete de sangue escorrendo na testa misturado com as gotas de chuva. Ele agarrou a mão dela e levou-a em direção a mata.

Caminharam rápido entre a folhagem, procurando se ocultar longe do trem e dos infectados. Os relâmpagos iluminavam o caminho. A vegetação fustigava os braços e o rosto, mas era urgente continuar se afastando do trem. Jack viu o que parecia ser a entrada de uma caverna e para lá seguiu com Helen. Não era uma caverna, mas uma tubulação de esgoto na base de um morro. Avançaram alguns passos e pararam, escutando. Acima do ruido da chuva ouviram, grunhidos e respiração forte. Percebendo que havia uma claridade ao fundo, continuaram caminhando com cautela afundando os pés na água lamacenta. A claridade dos relâmpagos ficou para trás. Helen seguia calada, confiava no instinto de Jack, apesar de conhecê-lo há tão pouco tempo. Logo saíram da tubulação e começaram a atravessar uma clareira. A intensidade da tempestade diminuía. Eles pararam por um momento para se orientar. Visualizaram uma luz adiante através da mata. Jack decidiu ir naquela direção.

De repente o chão sumiu debaixo de seus pés. Os dois levaram um susto caindo dentro d'água. Era um buraco com cerca de 3 metros de altura por 2 de circunferência. Helen começou a gritar desesperada e procurou se afastar achatando-se contra o barranco. Havia algo ali dentro, um animal. A claridade débil revelou ser um porco. Jack empurrou- o com as duas mãos e viu que o bicho estava inerte, boiando.

一 Ele está morto. 一 disse e abraçou Helen, para acalmá-la. A militar rígida e corajosa, havia dado lugar a mulher frágil e sensível;

一 Me tira daqui!

一 Calma. Vou te ajudar a subir, apoia as mãos na minha mão e suba nos meus ombros.

Ela tentou, mas não conseguiu, estava exausta, sem forças para se agarrar na beira do buraco, além do mais não havia onde se segurar. Eles estavam presos num poço com água até a cintura. Ficaram os dois abraçados para se esquentar além obter conforto mútuo. A tempestade foi diminuindo de intensidade, a chuva continuou intermitente. Amanhecia. Helen permaneceu agarrada a Jack, com o rosto colado em seu peito. Ergueu a cabeça para dizer alguma coisa, quando algo caiu sobre eles. Pensaram que era uma cobra, mas era uma corda.

一 Passa a ponta na cintura dela que eu vou puxar. 一 disse o homem. Ele puxou Helen e depois Jack. Usava uma capa de chuva amarela com capuz e portava um rifle.

一 Sou Bruno Cardozo, tenho uma cabana perto daqui. Fiz esse buraco pra pegar aquele danado do porco- do- mato que estava estragando minha horta. Vamos pra cabana, secar-se.

Bruno cedeu roupas para eles usarem enquanto as roupas molhadas secavam ao calor da lareira e serviu uma sopa quente. Jack contou o que havia acontecido, mas o homem pareceu não acreditar naquela história por demais estranha para ele. Contou que morava sozinho, desde que a esposa morrera e nunca encontrou um lupino por ali.

Já ouvira falar da epidemia, da cidade murada, mas nunca se preocupou em procurar outro local para viver. Só acreditou quando um dos passageiros surgiu alucinado e eles tiveram que trancar a porta e janelas, Bruno enfiou o cano do rifle por uma fresta da janela e disparou no rosto do infectado.

— Precisamos sair daqui antes que venham outros. — afirmou Helen.

— Eu tenho uma caminhonete lá atras. — respondeu Bruno — Me ajudem a carregar o essencial.

Eles encheram a caçamba da caminhonete com as coisas de Bruno. Jack deu a mochila para Helen.

— Vá com ele. Eu vou ficar.

— Por que Jack?

— Perdi o frasco com o soro no trem. Vou ter que voltar lá para procurar. Não se preocupem, ainda estou com minha pistola.

Helen não gostou da ideia, mas teve que concordar.

****

O coronel Hugo Werner sentando-se no chão, encostado na parede do edifício. Não podia ficar muito tempo em pé depois do acidente o joelho direito ficou imprestável. Sentou-se porque decidiu não fazer mais nada, a não ser esperar.

— Jack Ulisses. Quem te deu esse nome?

— Meu pai, naturalmente. Ele era um admirador de Homero. Sugeriu-me ler a Odisseia no original. Uma linguagem difícil, mas decididamente uma obra de arte.

— Creio que para alguém frio e sem emoções, você não consegue distinguir o que é certo, o que é errado, belo e feio, bom e ruim.

— Engano seu. Como não gostei de Odisseu, mudei meu nome para Ulisses, Jack Ulisses que, pela sonoridade da palavra, acho mais bonito,

— Difícil acreditar que alguém como você tenha gostos requintados e sobretudo, sentimentos. Ainda mais, ter a capacidade de distinguir o que é arte e o que não é.

— Do meu ponto de vista, isso também se aplica a você, que não tem sentimentos. Um general durão, como dizem.

Hugo não respondeu, continuou olhando para Jack.

Uma lufada de vento quente trouxe mau cheiro dos recantos sujos dos becos de Massada.

— Onde está o soro?

— Não está comigo.

— Você escondeu em algum lugar logo que entrou na cidade.

— Engana-se você marcou o encontro aqui, não tive tempo para nada.

— Estás mentindo— disse o general olhando para o rosto de Jack. O brilho dos olhos dele estavam se apagando aos poucos — Quanto tempo você tem?

— Não muito. Me diga o que pretende fazer com o soro?

— Já tenho os outros componentes e o soro vai completar a vacina. Pretendo ganhar muito dinheiro com ela.

Jack soltou um som estranho.

— É o máximo que eu consigo fazer para dar uma gargalhada.

— Não sei por que você acha graça da situação.

Mais uma vez, Hugo apertou o gatilho. A bala entrou no tórax de Jack. Do orifício começou a escorrer óleo hidráulico.

— Coloquei o frasco numa mochila e dei para a major Helen Skerritt. A essa hora ela já deve ter encontrado e levado para a doutora Victoria.

Jack olhou para Hugo, mas sua vista falhava. Permaneceu sentado, os braços caídos, o óleo escorrendo e formando uma poça entre as pernas.

— Você não sabe o que é ser apenas a consciência de uma pessoa num corpo sintético. É como estar preso num corpo de androide. Você me fez um favor, me dando a liberdade. Nesse momento, estou mandando as imagens para a... polícia militar...para o celular da doutora ... Victoria,... para Helen...as gravações da minha memória...Estou fazendo upload da minha consciência...para...

Jack soltou um som rouco e em seguida seus circuitos elétricos apagaram. Hugo imaginou que aquele som tivesse sido uma risada. Decidiu ficar ali mesmo, à espera dos policiais.

Tema- Prisão-Epidemia-Confissão.

2024

Antônio Stegues
Enviado por Antônio Stegues em 15/05/2024
Reeditado em 17/05/2024
Código do texto: T8063997
Classificação de conteúdo: seguro
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