Miniconto da ‘Es’Crypta: NUM PISCAR DE OLHOS

Aquela leitura seria apenas mais uma entre tantas narrativas, tangenciando assuntos de terror.

Mas, mesmo sendo uma temática apreciada, aquela pessoa pela primeira vez notou os próprios olhos muito inquietos enquanto corriam sobre aquelas palavras tão presentes em outros tantos textos que já havia lido.

Pela primeira vez, sentia como se os seus olhos piscassem inquietamente diante de cada uma daquelas palavras:

— “Túmulo” (lendo isso, parecia que estava diante daquilo, e se flagrou piscando diante dessa palavra).

— “Coveiro” (lendo isso, parecia que estava sendo observado por um coveiro que segurava uma pá ao seu lado, e se flagrou piscando diante dessa palavra).

— “Vulto” (lendo isso, parecia que estava sentindo um vulto ALI MESMO AO SEU LADO, e se flagrou piscando diante dessa palavra).

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Estranho, muito estranho isso. Será que seus olhos já haviam piscado várias vezes automaticamente diante de cada uma palavra dessas, em outras vezes quando havia corrido o olhar por elas em contos de terror...?

Ops...! Os olhos acabavam de piscar outra vez! Estranho, estranhíssimo não conseguir saber se daquelas palavras poderia estar pela primeira vez emanando alguma energia ou se apenas seus olhos já haviam piscado assim antes (naquela mesma quantidade de vezes).

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Seguindo a leitura, outras palavras (desta vez formando sentenças) apareceram enquanto continuava a correr os olhos no texto:

— “Você agora não conseguirá dominar seus olhos. Está sendo preso pela visão aqui deste mundo. ”

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Não havia dúvida. Estava pela primeira vez desconfortável diante de uma leitura.

Um cisco no olho? Ou seria um nervosismo inédito diante de simples palavras que já havia lido tantas vezes?

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E chegou a um trecho que narrava algo assim:

— “ Barulho de passos, um sussurro no ouvido e um chamado: VEEENHA CONOSCO...!!! NÓS TE QUEREMOS AQUI DO OUTRO LADO...!!! ”

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Agora, sim, os olhos piscaram demasiadamente. Tinha certeza de que já se sentia quase dentro do cenário do cemitério assombrado. Olhou ao redor, para pedir que alguém viesse lhe fazer companhia e lhe dizer se sentia a mesma inquietação quando lesse aquilo. Mas não havia outra pessoa no mesmo ambiente onde estava.

Pensou que deveria parar imediatamente de ler aquela narrativa que mexia com sua imaginação e fazia até com que pensasse em considerar a normalidade ou anormalidade do piscar de seus olhos.

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É por isso, meu caro leitor ou minha cara leitora, que interrompo aqui este conto.

Pode piscar à vontade.

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Da coleção zezediozoniana: “Minicontos da ‘Es’Crypta”