UMA AVENTURA

 

Por trás de uma sensação de incerteza de medo, André concluiu que a viagem era um labirinto de mistérios e obscuridades. Acidente ou assassinato! Pensou: O comandante e os seus comparsas, sem dúvida, diriam aos passageiros que o afogamento fora um lamentável acidente! E Luiz Felipe?!... Por alguns momentos, acreditou na honestidade dele: porém, ao vê-lo, à noite, reunido com o grupo e aos beijos com outra mulher, ficou convicto da desonestidade e temeu pela vida de Cáthia, sua filha.

A tensão e o medo tomaram conta dos passageiros. O que estava acontecendo? O pavor da morte, deixou André em pânico. Nervoso, passou a gritar o nome da filha para que o navio inteiro escutasse. Ela, por sua vez, preferiu esconder-se.

Luiz Felipe aproximando-se do convés, com um cachimbo na boca e vendo a fúria do mar, lembrou-se da cena do cadáver. O vestido da jovem estava manchado de sangue e, junto a ele, um bilhete foi encontrado, dizendo: Adeus!

Isso o levou ao desespero.  Pensou: Quem poderia ter deixado o vestido da vítima ali? E por quê? Intrigado, resolveu ir conversar com André sobre a situação.

André, apavorado e temendo haver mais mortes, decidiu pedir ao comandante que atracasse a embarcação no Porto de Lisboa. Lá, autoridades competentes iriam investigar a fundo o assassinato.

Chegando ao local, autoridades interditaram o navio e começaram a interrogar os tripulantes. Uma vez interrogados, eram liberados para fazerem um pequeno passeio nas proximidades. André manteve-se no cais, junto à filha e os netos.

Enquanto aguardavam a sua vez, o medo tomava-lhes conta. Luiz Felipe demonstrava-se tenso, andando de um lado ao outro. Sua atitude dava a entender que os minutos, a ele, eram longos, o que intrigou os investigadores.

Luiz Felipe, embora tenha procurado transpassar segurança e tranquilidade ao ficar cara a cara com os policiais, saiu convicto de que suspeitavam dele. Pensou em como reverter e silenciar a situação. Ninguém poderia saber o que realmente ocorrera! Para que isso fosse possível, teria que dar um jeito em André, seu sogro. Ele o tinha visto aos beijos com a moça.

André ao ser interrogado, além de suar muito, estava ansioso e tenso. Não era o culpado. Os sentimentos, que vivenciava, de desespero, eram pela filha e pelos netos. Luiz Felipe?!... Luiz Felipe?!...

De imediato, gritos tomaram conta do navio. Luiz Felipe entrou na sala de interrogatórios com um revólver e, transtornado, atirou três vezes em André. "Eu sabia! Eu sabia!" Foram as últimas palavras do pobre homem. Até hoje, não se sabem as motivações e o paradeiro de Luiz Felipe.

Dizem boatos, que ele se atirou do convés do navio, após (mais um) homicídio.