O baile do demônio

O som da música surgiu envolvente e sedutor enquanto o demônio bailava alegremente entre as pessoas, festejando o grande encontro.

Caminhou pelo salão até enlaçar apaixonadamente o mais charmoso dos homens, beijando-lhe o queixo, chupando-lhe os lábios, lambendo-lhe intensamente o rosto numa violenta provocação obscena.

O diabo parou o olhar no dele, na insana paixão de esmagar-lhe os ossos junto aos seus, furar-lhe os olhos, alcançar o coração, arrancando-lhe a pele morena. Com um sorriso metálico, imaginou abocanhar a carne macia com os dentes afiados, sugá-lo por inteiro, da saliva ao sangue.

Inspirou delirantemente o perfume exalado pelo corpo daquele ser encantador, o que lembrou o carvalho, e com as garras arqueadas, perfurou-lhe as costas sem nenhum esforço, somente para sentir o sangue morno escorrer pelas mãos. Com os dedos ensanguentados, agarrou-lhe o crânio, para assim girar a cabeça lentamente como um cata-vento num dia ensolarado.

E o sussurro da música ao longe deu o seu adeus.