Marina do Milharal

Quando Marina colocou a água para ferver, notou através da janela, que havia algo estranho na plantação de milho. O vento cessará abruptamente, o milharal parecia estar completamente imóvel.

Luke e Tixa não paravam de latir nos fundos da casa. Por um instante era possível escutar apenas os latidos e o som que saia das chamas da boca do fogão fervendo a água.

Foi então que Marina escutou o latido de dor de ambos os cães e o silêncio ficou quase total.

Marina teve certeza que algo estava acontecendo. No momento só conseguiu pensar em abrir a gaveta e pegar uma faca e se esconder.

Correu pelo chão assoalho e abriu rapidamente a porta embaixo da escada onde podia se esconder. O lugar era apertado, mas tinha espaço suficiente para ela.

O som da porta dos fundos sendo escancarada apenas deixou Marina mais nervosa. A Luz entrava nas frestas do lugar onde ela estava. Ouviu o som de passos no assoalho, parecia ser de botas com esporas. Era um passo lento e constante. Marina sentia o medo aumentando e podia escutar as batidas do coração.

O som de apito da chaleira fervento começou a surgir, mas os passos continuavam firmes e se aproximando de Marina.

Então os passos pararam na frente da porta do esconderijo. A porta abriu abruptamente mostrando o rosto desfigurado daquilo que um dia fora uma pessoa. Um dos olhos vazados com sangue seco, a boca com dentes ponte-agudos evidenciando um sorriso macabro, o outro olho esbranquiçado e dois buracos bizarros no lugar daquilo que um dia fora um nariz.

A camisa branca estava completamente manchada do que parecia ser sangue seco, de uma cor marrom. Usava calças jeans, estas estavam impecáveis bem como as botas bico fino com esporas...

Aquela imagem durou poucos segundos até Marina se ver completamente suada de frente à pia colocando água na chaleira para ser fervida.

Então olhou pela janela para o milharal que se movimentava de acordo com o vento. “Tive um pesadelo acordada” pensou ela...

Então o vento sessou de repente, mas dessa vez Luke e Tixa não latiram.

J P Berwaldt
Enviado por J P Berwaldt em 01/12/2020
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