A casa assombrada da tia Maria

Era uma vez, uma senhora chamada Ilídia Massoji de aparentemente trinta anos, acompanhada pelo seu filho Mateus vinham de Portugal para Angola dias depois de o país entrar em quarentena por conta de uma pandemia que assolava todas as fronteiras e continentes pelo mundo todo.

A verdade ela acompanhou o seu marido que já estava em Angola há quatro semanas a fim de conhecer os sogros, pois a Massoji era angolana e em Portugal foi apenas para terminar os estudos só que acabou por apaixonar-se pelo José Carlos, o problema é que ele não deu mais notícias desde que embarcou pra aquela viagem, com medo da doença estendida ao mundo inteiro Massoji teve receio do que poderia ter acontecido com ele então resolveu romper a cerca sanitária na companhia do seu filho de apenas 8 anos.

Quando chegaram em Luanda ainda não havia sido decretado o estado de emergência pelo chefe maior da política no país, mas todo mundo já se tinha posto em quarentena e por causa disso as ruas da cidade estavam assombrosamente deserticas apenas era notório a presença dos balconistas das grandes empresas. Mas, a capital não era o seu destino porque toda a sua família que não via há já quinze anos moravam na Huíla e é também por onde ela orientou ao Carlos que fosse para encontra-los, a prior achar transporte foi difícil, mas alguém lhes indicou a residência de um mototaxista que ainda estava activo e esse com a sua caleluia levou-os do aeroporto para um parque de transporte que por sorte encontraram um carro a ser preparado para a Huíla com apenas oito passageiros e mais eles os dois.

Na Huíla, encontraram o seu bairro praticamente modifícado por causa da hurbanização feita, mas dava ainda pra ver bem no fundo algumas casas antigas que nunca foram demolidas para renovação, por sinal a sua antiga casa encontrava-se entre àquelas, quando saiam do lado hurbanizado para lá, dava a sensação de que estavam a imergir num cemitério assombrado e desassolado pela actividade humana em plena luz do dia, enquanto andavam o Mateus disse em bom tom:

- sinístro!

Ao chegarem na rua que em que estava a sua casa deram de costas com uma outra casa , a verdade era uma mansão e a mais grande que havia naquela zona, com uma estrutura da era colonial, o telhado tinha a forma de uma órbital, os grandes vidros das janelas eram espelhados, a tinta era tão antiga que fazia parecer que a casa era coberta por teias e poeira; as janelas estavam semi-abertas e no portão estava sentado um homem que parecia ser um coveiro por causa das suas roupas e barbas que encontravam-se sujas.

Então, foram pra sua casa a que estava de frente da mansão, quando tocaram a campainha e quem abriu a porta foi o Arthur Massoji que os recebeu com lágrimas nos olhos, lágrimas de medo e tristeza, eles acharam estranho só que ainda não tinham que perguntar o que se passava. Depois de horas apenas sentados e entreolhando-se com o Arthur que obviamente era o único que estava em casa, ela então impaciente perguntou onde estavam os demais ao seu irmão Arthur que lhe respondia com palavras cortadas:

- foram pra lá, o mal os levou , a bruxa lhes chamou, foram, morreram nas mãos dos fantasmas- Enquanto falava meneava a cabeça de cima para baixo como um ceptico perdido.

- como assim irmão, pra onde foram? E o meu marido não chegou aqui? -(Assustada).

Quando ela perguntou aonde foram ele indicou em direção à mansão vizinha e disse cochichando:

- na casa da tia Maria - Depois de falar começou a sorrir sorrateiramente. -Continuou -quem nela entra não vem mais, ah,ah,ah,ah...Os vizinhos daqui não estão em isolamento eles estão mortos e enterrados na casa da tia Maria a antiga kimbandeira, agora a casa dela é um portal pra as trevas (sorrindo).

- mãe eu estou com medo! -Disse o Mateus apegando-se à Massoji.

Passando alguns minutos ela resolveu impulsivamente olhar pra casa assombrada da tia Maria e ao longe pela janela viu um retrato de alguém, mas a janela da mansão foi fechada por algo ou alguém ela não conseguio identifiacar exactamente o que era porque apenas viu uma sombra que na verdade era um fantasma. Olhou no portão pra ver se o homem estranho ainda estava lá, porém o lugar já estava vazio.

- filho, a mamã já vem tá?

- mãe onde vais? Não me deixa aqui sozinho com esse tio!

- o Arthur já nunca esteve bem de saúde, mesmo quando eu morava aqui ele já falava coisas estranhas, mas nunca fez mal a alguém. Eu só vou rapidinho na casa ao lado pra saber onde os outros estão, filho, volto num piscar de olhos não tenha medo a mamã está aqui!

Assim que ela saiu, começou a andar em direcção da mansão quando um pequeno redemoinho passou e com ele voava um jornal de dez anos e nele listava muitas pessoas que desapareceram naquele bairro, ela andava distraidamente e quando deu por si já passou o portão que não entendeu como foi aberto e já estava a alguns metros da porta princípal , ao querer guardar o jornal no intuito de tocar a campainha Massoji viu uma página que dizia "bruxa da casa do bairro da Mitchia faz covas no seu quintal para enterrar as suas vitímas..." ela não terminou a sua leitura mecânica, pois ficou paranóica e totalmente apavorada, na hora o pensamento foi de dar a retaguarda para pôr-se em fuga, mas a porta se abriu e um sossurro hipenotizante a disse:

-entra! -E seguiram risos.

Uma força contrária a sua vontade a arrastou pra dentro apenas viu luz por alguns segundos, mas depois todas as portas e janelas trancaram-se repentinamente e um vulto com a aparência de mulher veio e a cobriu e tudo se apagou para sempre.

ManuchoElias dos Santos
Enviado por ManuchoElias dos Santos em 02/08/2020
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