A Criatura

Com exceção de alguns filetes luminosos, que mergulhavam no vidro e projetavam suas formas nas paredes, o quarto estava transbordado em sombras.

Isabella, prostrada na cama. Sua pele que outrora fora viçosa e tenra, tinha agora um aspecto de cera. Pálida.

Com o rosto voltado para janela a moça fitava o exterior. Os olhos vidrados. Não refletiam brilho algum.

Acima dela, bailando no ar, a CRIATURA sorvia cada gota de sua constituição. Enquanto ingeria e digeria sua vítima o SER sibilava em gozo.

Apática e indiferente ao deboche e à tortura, Isabella não oferecia resistência alguma. Apenas mirava, inexpressiva, à janela.

Leonardo Castro
Enviado por Leonardo Castro em 13/05/2020
Reeditado em 17/01/2021
Código do texto: T6946486
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