O AÇOUGUEIRO

Cortando os membros mutilados,

Dissecar esses cadáveres recém chegados,

Retirar água dos pulmões afogados

Dos corpos que chegam todos necrosados!

Abrir os crânios com um serrote,

Na tarefa de colher um laudo de necropsia

Tampar a hemorragia em garrote

Sentido a pestilência para a nova autopsia!

Refazer em esforço outras suturas

Calculando o número em mórbida precisão,

Destes corpos construir as ligaduras

Para concluir a minha trabalhosa compleição

Carnes podres sendo ajuntados,

Vermes consumindo o carne diante deste sol

Daqueles que foram mutilados,

Conservá-los em cada pote cheio de formol

Aguardando o nefasto reconhecimento

Do morto que foi encontrado em um matagal

Desde a hora de seu mortal falecimento

Até a entrada para este instituto médico legal

Sangue e vísceras em cada dia,

Respirando os aromas como um perdigueiro

Para aliviar dos vivos essa agonia

E me transformar no sanguinário açougueiro

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 11/03/2020
Código do texto: T6885682
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