Batem à Porta

O corpo de Don Martín Figueroa repousava sobre a cama. Poder-se-ia dizer que dormia tranquilamente, se não fosse pela enorme ferida que tinha no meio do peito. Seu rosto, de feições tranquilas, muito contrastava com o de seu assassino, Esteban Donato, que acocorado ao lado do morto, mantinha os olhos fixos na porta, trancada.

-Ele vai entrar por essa porta a qualquer momento, e quando entrar, mato de novo – e dizendo isso a si mesmo, agarrava com força o punhal ainda sujo de sangue.

Matou-lhe por inveja. Logo no primeiro dia em que travou conversa com Don Martín, decidira que tudo que pertencesse ao velho, seria dele. O dinheiro escondido no baú, a jovem esposa de olhos castanhos, a fazenda. As primeiras horas foram as mais angustiantes, agora acostumara-se com a espera, e sabia, não tardaria muito, para que a alma de Don Martín entrasse por aquela porta, tentando regressar ao corpo que já não lhe pertencia.

-E quando entrar, mato de novo. - repetia Esteban. O quarto estava escuro, sentia-se um forte cheiro de carne podre, o que era absurdo, pois fazia somente algumas horas que o velho morrera. Os olhos fixos na porta.

Seriam por volta das três horas da manhã, o silêncio reinava, até que Esteban escutou passos, que iam se aproximando pouco a pouco, pareceu-lhe que os passos vinham de dentro de sua própria cabeça. Esteban sentiu as costas gelarem, quando percebeu que alguém golpeava à porta.

-Toc.Toc.Toc.

Horrorizado, o Assassino soltou o punhal. Do outro lado, alguém, impaciente, batia à porta.

-Toc!Toc!Toc!

estebandonatoardanuy.blogspot.com

Esteban Donato Ardanuy
Enviado por Esteban Donato Ardanuy em 31/10/2019
Reeditado em 03/11/2019
Código do texto: T6783878
Classificação de conteúdo: seguro