Sonho interrompido.

Seria o novo Júlio César, tinha certeza era o melhor turma. Alguns diziam até que suas luvas eram banhadas em cola. Pura inveja. Elogios dos treinadores tornaram-se constantes, podia ouvir a torcida clamando pelo seu nome: Fernadooo! Fernandooo!

A saudade era a pior parte, sentia até falta do choro da sua irmãzinha. Lembrava da última vez que vira sua mãe, Dona Maria, chorando e dizendo que o amava.

—Vai com Deus meu filho, e não esqueça de usar o casaco nessa friagem. - soluçava enquanto abraçava e beijava o futuro goleiro.

Encheria de orgulho a família Rocha, deixaria felizes aqueles que torceram e o apoiaram nos momentos difíceis, e gozaria daqueles que duvidaram do seu talento.

Vestiu o casaco, assim como sua mãe recomendara, ventava muito naquela madrugada. Deitado na cama, descansava do treino intenso pela manhã. Acessou a galeria de fotos no celular, ao menos podia relembrar os momentos com a família e amigos. Uma lágrima escapuliu dançando pelo rosto juvenil. Adormeceu..

A fumaça era sufocante, não era capaz de enxergar um palmo a sua frente. Gritos! Algo de errado estava acontecendo, pulou da cama e correu. Desesperado tentou encontrar a porta de saída, sem sucesso. Uma sinfonia de tosse, arrancou o lençol de algum colchão e tapou a boca. Muito quente, dor intensa, algo ardia…

O calor fez com que Dona Maria acordasse, o ventilador mal funcionava. Sentiu um aperto no coração, devia ser saudades do filho amado.