O POÇO DO PRANTO

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"...quando o carro de Nestor quebrou naquela estrada de terra, sem sinal no celular, nunca poderia imaginar, que viveria uma experiência tão aterradora, vou contar rapidamente para vocês..."


Nestor voltava de viagem e o GPS indicou uma estradinha de terra, ela parecia cortar um bom pedaço do caminho, estava tão cansado que resolveu arriscar, nem tinha rodado um quilômetro e uma chuva torrencial e grossa desabou, pareceu que apagava a estradinha do mapa, era como se fosse um antigo rio seco, que de repente ganhasse vida e vida fluida, volumosa, o carro foi se arrastando sem que ele pudesse fazer qualquer coisa, só rezar, se ao menos isso ele soubesse, num trás, tum, crashhh...o carro abalroou uma árvore, a cabeça de Nestor foi jogada para trás com a explosão do airbag e ele apagou.

Acordou muito dolorido, escutou uns gemidos, ainda atordoado, achou que fosse a sua mente ecoando seus próprios lamentos. Com sangue nos cortes no queixo, na testa e no nariz, graças â Deus estava vivo, mas, continuava ouvindo gemidos. O carro coitado, nem um ferro velho iria querer tinha água e lama para todo lado. O celular não tinha sinal, não sabia onde se encontrava e olhando em volta, só uma mata fechada, bolsões d'água e lama, a curiosidade aguçou quando ouviu mais gemidos, resolveu investigar, será que mais alguém por ali estava ferido?

Nestor já se afastara demais do carro e os gemidos continuavam, não viu nada além de mato, até perceber que os gemidos estavam mais próximos, correu na direção de um poço, uma pessoa poderia ter caído lá. Nestor gritou, gritou, mas, do interior do profundo poço, só ecoavam gemidos, não parecia ter nada lá dentro, mas, correu de volta ao carro para pegar uma lanterna. Voltou o mais rápido possível, estranho é ter tido a impressão de que o poço estava mais próximo do que antes, coisa doida...devia ser efeito da batida...

Com cuidado observou o fundo do poço, os gemidos persistiam,, só que não tinha nada dentro dele exceto, água. Tudo muito esquisito, de onde sairiam os sons? Queria logo sair dali, começava a ficar assustado, as mãos tremiam e um aperto dentro do peito, avisava que havia algo sem explicação naquele lugar e não estava mais tão curioso.

Nestor correu e andou intercaladamente até achar um estrada maior, ficou pedindo carona, mas, sua aparência não atraia nenhuma boa alma. Cansado, olhou para trás, ouvindo um pranto doído, gemidos e aí ele viu próximo a ele, o poço, tirando forças de onde ele nunca pode explicar, desabalou uma corrida pela estrada grande, de quando e quando olhava para trás e à beira da estrada, via o maldito poço. O pranto e os gemidos nunca mais o abandonaram. Como psiquiatra deste sanatório, sou testemunha de sua insanidade, se o relato é real, não sei, mas, alguma coisa acionou o botão do pânico naquele rapaz, provavelmente sequelas do acidente que sofreu. De tanto ouvir seus delírios, às vezes ouço um pranto doído ao longe.
 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 06/10/2018
Reeditado em 08/10/2018
Código do texto: T6469323
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