Aberrações experimentais

Há mais de um século um laboratório permaneceu escondido de toda a população, no entanto dois cientistas, entusiastas das ações da facção que comandava o laboratório, decidiram explorá-lo ignorando todos os riscos de sua exposição.

- Está pronto? – Perguntou o cientista mais velho.

O seu companheiro assentiu com um largo sorriso, seu coração pulsava acelerado no peito.

Acionou o detonador e uma grande explosão destruiu parte de uma pequena montanha, onde se localizava a entrada do lugar. Eles jogaram as mochilas nas costas, o cientista mais velho verificou se o seu capacete estava preso, e seguiram. Uma densa nuvem de poeira pairava sobre a entrada.

- Tenha cuidado onde pisa. – Alertou o cientista mais velho.

O cientista mais novo ajeitou os óculos e apoiou uma das mãos na parede. O homem mais velho deu uma ligeira olhada ao redor antes de segui-lo. O rapaz de óculos ligou a lanterna presa em seu capacete e olhou em seu entorno. Computadores antigos se espalhavam pelo lugar, encobertos por teias de aranhas e poeira. Três macas hospitalares se perfilavam, manchadas de sangue e ferrugem. Tubos calibrosos, quebrados, se erguiam do chão ao teto, um deles tinha algumas manchas verdes, que os cientistas desconheciam.

- Esse lugar é incrível. – Disse o cientista mais novo, empolgado.

- Daria tudo para estar no lugar de um dos cientistas.

- Olha esses tubos. – Ajeitando os óculos. – Quantas cobaias humanas não foram presas aqui?

- Será que os arquivos ainda estão aqui?

- Acho que não.

- É tem razão. Eles não deixariam essa preciosidade para trás.

- O que será que eles conseguiram criar? Se soubéssemos os procedimentos poderíamos continuar o trabalho.

- Vocês concordam com o que foi feito aqui? – Disse uma voz masculina, imersa nas sombras.

Os cientistas olharam ao redor assustados. Não viam ninguém.

- Quem está ai? – Perguntou o cientista mais velho.

- Vocês realmente querem continuar com o trabalho deles?

- Nós não temos medo de você. – Disse o cientista mais novo, com o tom de voz imponente.

Um homem musculoso e com o peito nu saiu das sombras. Os cientistas ficaram surpresos. Uma clina de cavalo nascia no topo de sua cabeça e se estendia até o final da coluna. Seus olhos eram estreitos e tinham uma aparência feroz.

- Vocês não precisam temer a mim, mas aos outros.

- Outros? – Repetiu o cientista mais novo, encarando-o.

- Existem vários outros muito piores do que eu.

Um calafrio percorreu a espinha de cientista mais velho. Um vulto passou atrás deles e em seguida o cientista mais novo foi lançado ao chão. Uma criatura, parte homem e parte lobo, dilacerou seu peito, manchando tudo ao redor com sangue.

O cientista mais velho deu alguns passos para trás sem tirar os olhos do assassino de seu colega de trabalho. A criatura olhou em sua direção e rosnou, seus olhos humanos eram vermelhos. Ele se chocou contra a parede e a criatura metade homem e metade lobo seguiu em sua direção.

O homem com a clina de cavalo observava a tudo com os braços cruzados sobre o peito. O cientista abriu sua mochila e pegou algumas bananas de dinamite. As acendeu, mas antes que pudesse jogá-las a criatura o abocanhou pela barra da calça e o arrastou para dentro da caverna. Ele olhou para o seu algoz rapidamente, o desespero crescia dentro de si. Jogou as bananas de dinamite, bloqueando mais uma vez a entrada e o condenando a morte.

Alice Moraes
Enviado por Alice Moraes em 02/05/2017
Reeditado em 25/11/2017
Código do texto: T5987740
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