Cara de Bobo

Joãozinho era mau, menino sem educação e sem limites que aprontava várias traquinagens, mas houve uma em especial que causou grande tragédia. Se tiverem paciência para ler uns parágrafos, vocês saberão.

Joãozinho, numa tarde de sábado, foi ao mercadinho da esquina comprar picolé de limão, enquanto estava lá, ficou a reparar e pensar com seus botões que o Zé, o rapaz que trabalhava naquela loginha, tinha cara de bobo. Baixinho, gordinho, com óculos quadrados bem ao estilo nerd. Não bastasse isso tinha uma expressão abobalhada meio boquiaberta. Com um sorrizo bem safado no rosto, o menino decidiu que iria aprontar uma com o pobre Zé. O moleque voltou para casa e disse a seu pai, Mané Pancadão, que havia sido xingado e agredido por Zé. O Pancadão, que aquela hora da tarde já estava bêbado, pegou um pé-de-cabra e foi tirar satisfações com o Zé. Chegou ao mercadinho e não deu conversa, foi logo espancando do infeliz Zé que, pego de surpresa, caiu no chão logo na primeira pancada que levara na cabeça. O Mané estava fora de si, enlouquecido e continuou a espancar sua vítima quebrando costelas, braço, perna, dentes, coluna lombar e produzindo fratura craniana, fratura de mandíbula e uma hemorragia interna. Enguanto apanhava o Zé guspiu sangue e dentes e depois gritou muito em desespero, mas ninguém veio ajudá-lo. O Joãozinho assistia aquilo e ria, ria muito até doer a barriga.

Joãozinho só parou de rir quando o pai foi preso e sua família começou a passar necessidade, pois o Pancadão era arrimo de família. O Zé voltou a trabalhar no mercadinho, mas agora ele está preso a uma cadeira de rodas e perdeu a mobilidade na mão direita e a visão do olho esquerdo. Graças à fratura craniana e conseguente lesão cerebral, ele fala com dificuldade e sua inteligência também diminuiu junto com o cérebro. O Zé, para todos que se dispõe a ouvir sua história triste, dá o seguinte conselho: “Se alguém disser que você tem cara de bobo, vá correndo fazer uma cirurgia plástica antes que o Pancadão apareça.”
Duarte Cosaque
Enviado por Duarte Cosaque em 04/10/2016
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