Aos poucos o azul dos olhos saturavam-se ao vermelho sangue

Aqueles gritos ecoavam ao ouvido quase surdo como um orgasmo em sintonia com um dó maior.

Suas mãos amordaçadas demonstravam minha essência nata de caçador brutal refletindo uma coexistência a qual nem meu suspiro pôde contemplar, mas eu sinto.

A cada peça que eu despia, via seus olhos a sangrenta certeza de vida e morte; não faço a menor ideia do que ela pensava, ou sentia, mas o que eu via em seus olhos me fazia suspirar e continuar meu ritual metódico.

Arrancava-lhe os olhos com uma colher de chá e colocava em um pote com formol e álcool para apreciar aquele azul de piscina que saturava-se ao vermelho do sangue. Era como um filme curta metragem que demorava horas passando e passando. Não a via como vítima, muito pelo contrário, a vítima ali era eu. Eu é quem dependia diretamente dela, sem ela não sei o que aconteceria comigo, na verdade nunca saberei.

Cada vez que seus olhos viravam o coração palpitava quase a deixando eu nascia revigorante e forte para mais e mais rituais de existência. Essa altura do tempo, os olhos azuis morriam e se misturavam ao vermelho escarlate do sangue quase coalhado

Viana Karl
Enviado por Viana Karl em 01/10/2016
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