O SOBREVIVENTE: MENINO LOBO

Nos dias de outono, nesta cidade fútil de danos cerebrais, a multidão se esconde nos cantos escuros. Indo a caça, os homens roncados, ímpetos e impuros. Que adentram na floresta fugida de aspectos confidenciais.

Escuro e sozinho, nas folhas as gotas fazem o caminho. Seus olhos liam: Para os vivos o mortos aqui jaziam. De solo batido e sombras carpais, somente um de muita coragem, para encarar olhares chacais.

Como quem corria, de passos longos enraizados, corria a criança com olhos arbitrários. Sem folego dizia, dizia sem parar:

- Fujam, fujam. Ali vem a morte, está a chocar. Como perfeitos homens imperpebros, inúteis até falar, não acreditarão na história que a pobre criança corria a lhe avisar.

Seguiu-se a frente então os corajosos aventureiros, com a rosado estampado no rosto, o sangue que flui como jazidas de agosto.

Não se passou o tempo para caminhos tão desiguais, lembrou-se de repente dos instintos da passada criança, lembrava-o alguns animais.

Ouve-se então gritos, e dos gritos, o estilhaçamento de ossos como galhos pisados. Da coragem ao medo, do rosado ao branco, sorriam por disfarce o terror que corriam até os dedos, e alguns sorrisos só serviam prantos.

Com medo e com coragem, investigaram-na mesmo assim, da nobre criança que antes lhe avisara da criatura que outrora por ali se esconde, estava ali defronte aos seus olhos bem adiante.

Não se entendeu muito do visto, tão poucas palavras saíram do ocorrido, só que sabia, o único jovem e sobrevivente cavalheiro, que o pequeno homem que avisara de estranha feição e avareza, era o próprio menino, negando sua própria assassina e uivante natureza.