diário de um afogamento.

Aos poucos eu ia me perdendo na imensidão das águas, era água, água e água. Eu levantava minha cabeça mas a gélida água salgada descia pelas narinas e boca como se fossem um tsunami dentro de mim.

Eu nadava, nadava, e de nada servia, meu corpo vibrava e sentia meus olhos esbugalharem e no fundo uma voz sempre dizia: continue a nadar, continue a nadar. E aquele som que não existia me descia de uma forma ensurdecedora, era um estímulo em forma de gozação.

Aos poucos eu virava mais um pedaço desse céu que eu já não via e a câimbra já me fazia perder a cede de oxigênio, me desfalecia de uma forma tão pacata entre um e dois minutos.

10 dias depois meu corpo foi encontrado numa praia qualquer e peixes brincavam entres minhas vísceras, o cheiro era enlouquecedor assim como minha falta de fôlego. Ao encostar em mim uma poça de água explodia inundando o local.