4 - Os poderes da Morte!

(Recomendo ler agora os contos "A Colheita", "O Ceifeiro" e "Vivendo a Morte", onde terão detalhes do personagem Morte.)

Com o passar do tempo, fui descobrindo alguns “talentos” que eu nem sabia que tinha, era quase um super-herói, mas ao invés de salvar vidas, eu..., bem vocês já sabem. Um dos primeiros “poderes” que descobri; quase que por acaso; foi o de me teletransportar, até porque não imagino a Morte andando a pé ou utilizando transporte público no seu cotidiano, enfim, meu trabalho não era difícil, eu recebia um chamado e quase que imediatamente uma marca já aparecia em algum lugar do meu corpo, à partir daí, era só dar uma batida com a foice no chão e eu já estava no lugar combinado..., nem sempre eu precisava agir, às vezes era só ficar esperando, pois como peixes hipnotizados com o brilho de uma luz qualquer, as almas simplesmente vinham até mim.

Outro talento era o poder de transmutação, quando necessário ou às vezes apenas para pregar uma peça em alguma alma bem “filha da puta”, eu copiava perfeitamente a aparência de alguma pessoa, principalmente de alguém que pudesse mexer com a mente do infeliz..., hoje mesmo fiz isso, me transformei em um senhor de uns 60 e poucos anos, me aproximei da minha próxima “laranja” a ser colhida e fiz ele pensar um pouco mais em sua vida ou pelo menos, na vida que teve, pois naquele momento ele já era meu, a passagem já havia ocorrido. No local marcado, no meio de muitos curiosos, lá estava ele, sem ter a mínima noção do que havia lhe acontecido, então me aproximei, comecei a puxar assunto, falamos sobre o defunto estendido no chão, ele pra variar fez comentários depreciativos sobre o cadáver, depois lembrei-o de um outro atropelamento que houve na semana anterior no mesmo local e ele ironicamente deu a mesma declaração...

“Verdade, um velho decidiu passar mal justo quando estava correndo de um lado para o outro na rua, ele desmaiou, bateu a cabeça e morreu ali mesmo..., na minha opinião, esse velho burro nem deveria ter saído de casa...”

Pois é meu caro, só que esse “velho burro” era o espelho que eu decidi refletir; sinto prazer por todas as almas que levo, mas algumas o prazer é em dobro..., portando essa “laranja”, já tem destino certo; enfim, esperei virarem aquele pedaço de carne estirado na sarjeta e quando ele se deu conta de que era ele mesmo ali largado, como um saco de bosta, eu simplesmente me despedi e saí, de longe eu podia vê-lo desesperado, gritando, chamando sei lá quem, enquanto isso, a alguns metros de distância, fiquei rindo, quem disse que a Morte não tem senso de humor? Enfim, me recompus e quando voltei, já estava caracterizado, foice, capa, capuz, voz sinistra e “VLAP”, mais uma alma pra minha lista.

(A referência de “laranja” pode ser explicada no conto “A Colheita” e a história do atropelamento pode ser lida na visão da alma no conto “O Curioso”).

(Recomendo ler agora o conto "Rascunhos de um Plano", pois irá esclarecer algumas dúvidas)

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Moises Tamasauskas Vantini
Enviado por Moises Tamasauskas Vantini em 15/10/2015
Reeditado em 16/10/2015
Código do texto: T5415779
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