O Dia dos namorados que não acabou bem #2

Um incômodo enorme tomou conta de mim:

- Gabriele, queria parar pra descansar um pouco, estou com sono.

Eu não queria mais dirigir durante a noite:

- Sem problemas amor, paramos no primeiro Hotel? - Gabriele era compreensiva e meiga, não era atoa que estávamos juntos todo este tempo, também não era atoa que queria casar com aquela mulher.

Tinha cabelos longos, um preto forte que fazia contraste com seus olhos verdes claro, era demasiada linda para ficar comigo, porém eu havia tirado a sorte grande.

Dirigimos durante mais 40 minutos, ao som de Strokes que quebrava o silêncio da estrada:

- Estou vendo uma luz, ali. - Apontou Gabriele para o que parecia uma casa na beira da estrada.

Admito que a ideia não era dormir ainda naquela estrada, mas não tinha como dirigir mais, eu teria que deixar os medos de criança de lado e agir como um homem racional, passar a noite em um Hotel era o mais correto a se fazer:

- Vou estacionando o carro, você vai até a recepção enquanto isso? - Disse para Gabriele.

Ela confirmou e desceu do carro assim que parei próximo ao Hotel, parecia ser antigo, as luzes do aviso "HOTEL" estavam parcialmente apagadas, sujas também. No estacionamento alguns carros, não muitos, parei próximo a algum deles e desci do carro.

Andei até a entrada da recepção, e antes de entrar finalmente dei uma última olhada para a estrada, o cenário era o mesmo, uma floresta imensa que parecia não ter fim. Não sei realmente porque dei essa olhada, talvez esperasse confirmar o que vi rapidamente quilômetros atrás, porém nada além da estrada e muitas árvores.

Entrei a tempo de ver Gabriele terminando de pagar o per noite do Hotel, cumprimentei a recepcionista e seguimos ela até o segundo andar:

- O quarto de vocês fica neste corredor, tenham uma boa noite! - Disse simpática a recepcionista.

Seguimos em silêncio até o quarto, analisando o local. Parecia bem cuidado por mais que fosse antigo, nenhum sinal de teias de aranha muito menos poeira acumulada, não era o típico hotel assustador de beira de estrada, teríamos uma noite tranquila.

Três portas antes da parede que marcava o final do corredor, se encontrava nosso quarto, marcado por um 12B dourado.

Entramos e nos surpreendemos com um quarto muito bem organizado, cheirava muito bem, as paredes cobertas por um papel de parede listrado que dava um ar aconchegante ao local:

- Uau! - Disse Gabriele. - Realmente impressionada, para um Hotelzinho de beira de estrada estamos bem servidos!

Concordei com ela, que foi tomar um banho antes de se deitar.

Minha ideia era tomar banho também, obviamente. Me deitei enquanto Gabriele estava cantarolando no banho, e como um anestésico forte aquela voz suave me fez adormecer repentinamente.

Eu estava cansado, e tive um sono profundo, da qual pareceu durar muitas e muitas horas.

Depois de algum tempo (Da qual não consigo determinar) despertei na cama, exatamente na mesma posição que havia adormecido, meio jogado de qualquer jeito. Ainda era noite, o quarto estava completamente escuro, e Gabriele não estava presente.

Veio em minha mente todo tipo de situação, das mais trágicas as mais tranquilas, me veio a mente o homem sem face que havia visto na floresta, e senti uma angustia enorme.

Me levantei e fui até o interruptor e tentei acender as luzes, porém não obtive sucesso, provavelmente uma queda de energia.

Chamei por Gabriele e não obtive resposta, decidi procura-la pelo Hotel, Gabriele sofria de Parassonia desde a infância, costumava perambular pelo quarto durante a noite, mas nunca havia saído do quarto enquanto estava sonambula, esta seria a primeira vez.

Confesso que isso me assustava um pouco, no começo do namoro foi difícil se adaptar a essa condição, porém o ser humano é um ser que se adapta a qualquer tipo de situação, e logo me vi tendo que cuidar dela diversas vezes durante a noite.

Me dirigi até a porta do quarto e tentei abri-la, algo estava bloqueando a porta do outro lado, fiz força para empurrar e com muita dificuldade consegui enfim uma fresta para passar.

Quando atravessei a porta meu coração acelerou de uma forma absurda, me fazendo saltar para trás novamente, bloqueando a porta do outro lado, estava um cadáver, a recepcionista estava morta, jogada na frente da porta, seu sangue manchava o que parecia ser uma mensagem na parede.

"Olá João, vamos brincar?"

- Continua -

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 14/06/2013
Reeditado em 20/06/2013
Código do texto: T4341473
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