O Pacto que levaria Edward Pool ao Inferno

Não se ouvia nada, além das gotas que insistiam em cair de uma torneira velha. O tanque possuía ainda vestígios de sangue. Eram quase cinco da manhã e os ventos irlandeses, faziam com que os galhos das árvores, batessem na janela do sótão. Edward Pool, era pouco visto na vizinhança. Alguns falavam que tinha pacto com o demônio, outros achavam que simplesmente se tratava de um jovem com problemas mentais. Era um homem bonito de pele clara e olhos verdes. Edward ouvi não só as gotas da torneira e galhos batendo na janela como outrora, um som novo e ao mesmo tempo muito familiar, penetrou-lhe os ouvidos, era a chegada da chuva- quase nunca chovia naquela região. Olhou-se no espelho e enxergou no fundo dos teus olhos, a nostalgia de quando fora criança. Edward vestiu um casaco preto, era a primeira vez em um ano, que saiu pela cidade. Partiu rumo ao cemitério, e ao chegar, pulou o muro sem nenhuma dificuldade. Foi ao encontro do túmulo de tua mãe. Queria vê-la, queria entender o porquê ela não estava junto dele. Folhas outonais caiam sobre sua face. Ajoelhou-se diante do túmulo, teus olhos verdes, trêmulos e lagrimejados, fitava o nome de tua mãe descrito na lápide. Ergueu os braços para o alto, fazendo com que ficasse à mostra os cortes de navalhas, recém-cravadas em teus pulsos. Sentia que a morte estava surgindo, ou vindo-lhe buscar. Edward sorriu e chorou.

- Sua mãe foi uma boa pessoa. Fez tudo o que eu queria. – disse uma voz.

Edward procurou para sabe de onde viria esta voz, mas nada encontrara.

- Quem está ai? – Perguntou Edward, com o corpo perdendo suas forças. Mas nenhuma resposta teve. Seu sangue foi esvaindo-se aos poucos. Foi perdendo os sentidos.

- Quem está ai? – Urrou em prantos.

O silêncio presente, interrompido apenas pelas gotas do teu sangue caindo na lápide, e a chuva fazendo com que teu sangue fosse se espalhando. Imaginara que fora aquela mesma voz, que lhe aconselharia através de um sonho a cortar os pulsos e ir ao cemitério. Sim, era ela mesma!

Alguns segundos antes de dormir o sono eterno, ouviu novamente a misteriosa voz, mas desta vez, estava atrás dele. Muito franco para se virar, e ver de quem se tratava.

- Quem está aqui, Edward? Esta resposta é simples. O mesmo demônio que levou sua mãe para o inferno.

Fábio Aiolfi
Enviado por Fábio Aiolfi em 19/11/2012
Reeditado em 09/11/2024
Código do texto: T3994167
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