UMA NOITE DE TERROR

Era noite fria de outono, acabava de sair do trabalho como sempre fazia, ruas vazias, quase desertas naquela parte da cidade, mas já estava acostumada, não me importava mais com isso.

Mas essa noite, foi fatal, a pior das noites mais vividas em minha vida, jamais pensei que isso poderia acontecer, relatarei a vocês, mas peço que entendam sem os detalhes sórdidos, porque eles ainda doem em minha lembrança e minha alma.

Estava caminhando, concentrada como sempre, em meus pensamentos, que quase sempre voavam para longe, (acho que esse foi meu maior erro, descobrir tarde demais que não estava sozinha), quando ele apareceu. Tocou em mim, com certa intimidade, apesar de jamais ter me visto antes, e encostou a lamina da faca em mim, dizendo:

- Venha comigo querida... sem alarme...

Senti o ar me faltar, e tentei acalmar-me, acompanhei-o em silêncio, parecíamos um casal de namorados comum, ninguém suspeitaria de nada naquele momento.

Enquanto andava, ele falava coisas, parece que ele sabia realmente quem eu era, mas confundia-me com minhas personagens, meus contos, seria ele um leitor dos meus contos? Não sei...

Fazia menção a heróis, que jamais me salvariam do meu triste fim, que meu destino agora estava em suas mãos, e que conhecia meus desejos mais sórdidos e estava ali para realizá-los um a um.

Nesse momento, senti as lágrimas rolarem pela minha face, queria jamais ter escrito o que escrevi, jamais sonhar o que havia sonhado, temia por minha segurança, minha sanidade naquele momento, porque sabia, que nenhum dos meus personagens me salvaria, e isso me desesperava.

Quando chegamos a uma construção abandonada começaram os meus tormentos, ele tocava-me de uma maneira que me deixava assustada, parecia um animal, isso... um animal insaciável, tentei me defender, e até gritar... mas estávamos isolados demais, não havia ninguém para ouvir, quando senti aquela lamina fina riscar minha carne e o sangue correr... pensei esse é meu fim.

Tudo terminaria em breve, e não daria por minha falta, não ate o próximo anoitecer, sofri as dores e a humilhação que jamais desejaria a ninguém, então ele me deixou lá semi despida, esfaqueada... e com uma risada macabra disse:

- Eu volto minha rainha... ainda não terminamos!

Naquele momento, não sabia onde estava, apenas pedia para que minhas forças se mantivessem até que encontrasse alguém pra me ajudar.

Vesti-me novamente, mesmo sangrando, tentei me aprumar e sai em direção a coisa nenhuma, sentia a dor da humilhação.. o sangue correndo pela minha carne, mas queria viver, não sabia o porque... mas queria. Certifiquei-me que meu algoz estaria longe, apesar da promessa de retornar. Então andei, me apoiando em meu próprio orgulho, que estava ferido agora, e finalmente avistei o hospital onde trabalhava, mas não tive forças pra chegar até lá. Sentei-me na beira da calçada, na esperança de que alguém passasse e pudesse me socorrer, e não sei por quanto tempo fiquei ali, devo ter desmaiado. Porque ao despertar, estava dentro do hospital rodeada de aparelhos, e pessoas. Naquele momento então, me recordei de tudo que aconteceu e as lágrimas voltaram a rolar. Espero que um dia, isso tudo passe.. porque por enquanto, prefiro as “feras” dos meus contos, que os animais reais que sou obrigada a conviver. E se um dia ele voltar, e sei que irá voltar... estarei preparada!

Condessa Drakon
Enviado por Condessa Drakon em 03/06/2012
Reeditado em 01/06/2013
Código do texto: T3703450
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