Amor mortal-continuação

Acordei em um porão frio e úmido. Minha cabeça latejava e sentia a boca seca. A iluminação ali era pouca, mas foi possível perceber alguns objetos em cima de uma mesa. Com dificuldade me levantei do colchão surrado no qual estiva deitado e me aproximei para ver seu conteúdo. Havia um garrafão de cinco litros de água, duas garrafas de soro e algo com aparência de suco. Não tinha nada solido. Continuei minha incursão pelo apertado ambiente, a procura de uma maneira de escapar dali. Não havia nenhuma janela, somente uma porta de madeira sólida, muito bem trancada por fora. Em um canto havia um minúsculo banheiro contendo um vaso sanitário e uma torneira sem água no lugar do chuveiro. As paredes do porão estavam mofadas e tudo indicava que há muito tempo ninguém descia ali. O medo de ficar prisioneiro ali para sempre,me levou ao desespero. Bati com todas as forças na porta enquanto gritava por socorro. Ninguém respondeu, mas tive a sensação de estar sendo observado. Alguns dias se passaram e por falta de alimentação, fui ficando fraco. Para chegar ao banheiro tinha que ir me arrastando e em algumas dessas vezes perdi os sentidos e não sei por quanto tempo fiquei desmaiado. A água e o soro acabaram e para matar a sede comecei a beber do conteúdo da outra garrafa e descobri tardiamente que não se tratava de suco. Era uma beberagem de gosto estranha e que causava alucinação. Assim que ingeria o líquido tudo mudava. Às vezes eu via animais ferozes tentando me atacar, em outras via pessoas descendo a pequena escada do porão e quando eu fracamente implorava por ajuda, elas gargalhavam de forma diabólica. Por fim eu já não conseguia definir oque era real. Uma noite fui acometido por uma forte dor de cabeça e de alguma forma meus gemidos foram ouvidos, porque de repente a pesada porta se abriu e fui arrastado para fora do porão. (continua) 19-04-2012