Eu sou a morte-parte cinco

Estou começando a gostar muito de enterros. Sinto me fortalecida com a dor dos que se despedem dos entes queridos. No enterro do garoto, fiquei bem pertinho do meu assassino e saboreei cada lágrima que ele derramou. Aconteceu uma coisa muito sinistra durante o sepultamento. O espirito do pirralho estava presente e de um canto me olhava furioso. Achei graça! Vitima por vitima eu também era uma. Aproximei disposta a contar o que o canalha de seu pai fez comigo, mas nesse momento o mesmo homem que tentara me convencer a segui-lo para descansar em paz, pegou suas mãos e juntos sumiram em direção ao nada. Não dei tempo para João Carlos e a esposa superarem o luto. Agora era a vez da caçulinha. Para falar a verdade era uma menina insuportável. Manhosa.O pai não lhe prestava muita atenção ,mas a mãe fazia todas as suas vontades. Era antipatizada até na escola por ter gênio forte e desprezar as alunas pobres. A cabar com essa pestinha seria um favor! Confesso que Ana Clara era parecida comigo. Fui uma criança muito difícil, só era suportada por meus pais. Se eu tivesse vivido mais tempo e tivesse tido filhos, esses teriam tido uma personalidade terrível. Por se tratar de um ser insuportável, resolvi que o tratamento dado á ela seria diferente. Eu a induzia a fazer pequenos furtos. Primeiro ela roubava dinheiro dos pais e depois passou a furtar na escola e em lojinhas do bairro. Esse mau comportamento foi atribuído à perda do irmão e ela passou a ser acompanhada também por psicólogos. Nesses momentos é que eu mais me divertia. Apoderava do seu corpo e fazia trejeitos eróticos, enquanto dizia palavras obscenas. Em pouco tempo ,nenhum médico queria atende-la e foi preciso que o segundo carro da família fosse vendido para a contratação de um especialista que fazia atendimento domiciliar. Um dos lemas do doutor era de que os pais não podiam permanecer presentes durante a consulta, porque isso incentivaria o mau comportamento da menina. Era tudo oque eu precisava. Através de Ana Clara eu seduzi o médico. Ele que sempre teve um fraco por crianças, perdeu a cabeça quando sua paciente passou a se sentar em seu colo e tentar beija sua boca. (fim da quinta parte) 06/04/12