Eu sou a morte -parte quatro

Nunca fui boazinha e não tenho nenhuma pretensão de mudar agora. Acho que puxei tia Iolanda (que o diabo a tenha). Decidi começar pelo filho mais velho do meu assassino, pois percebi claramente ser esse o preferido e, além disso, o garoto sofre de asma, isso vai facilitar minha vingança. Vou fazer com que João Carlos (responsável por minha morte), sinta na carne a dor que causou aos meus pais com a minha morte. Vou fazer com que ele sofra bastante. Comecei por seguir o menino e lhe dando pequenos sustos. Em plena sala de aula eu puxava seus cadernos, rabiscava suas provas, batia no aluno da cadeira da frente e o meu perseguido sofria as punições. À noite em seu quarto, eu arrancava-lhe as cobertas, soprava em seu ouvido, acendia e apagava a luz e o sacudia para que não dormisse. Com o passar dos dias o pirralho estava tão amedrontado que foi preciso apoio psicológico. Analice sua mãe estava muito preocupada com a saúde do filho, passava quase a noite toda ao seu lado. O sofrimento dela era um balsamo para mim. Descobri que ela sabia que o marido vivia de roubos o apoiava e ficava muito satisfeita com as joias roubadas que ele lhe trazia. Ela estava começando a pagar o preço por todo o sangue derramado para sustentar seu luxo. João Carlos também sofria, vendeu um dos carros para custear o tratamento do filho e agora pouco saia de casa. Ainda era pouco! Uma noite enquanto o garoto estava no banheiro, me materializei no espelho e pisquei. Foi muito divertido! Ele começou a sentir falta de ar e tentou sair para ir à busca da bombinha, mas eu travei a porta e presenciei deliciada enquanto o menino arroxeava e debatia. Quando seus pais o encontraram não havia mais nada a ser feito, o primogênito já havia deixado esse mundo. (fim da quarta parte) 06/04/12