NUNCA ROUBE DOS MORTOS

Paulo enfiou a mão no bolso da calça jeans do defunto e puxou a carteira. Que sorte ele dera,alguém tinha acabado de ser assassinado nessa madrugada fria.

Olhou para os lados e não viu ninguém na rua,quem ouviu os tiros provavelmente preferiu não sair de casa.

Na carteira, além dos documentos da vitima havia uma nota de R$ 50 Reais.

Paulo colocou a nota no proprio bolso e jogou os documentos próximo ao corpo e deu uma olhada no defunto;um tiro na testa e outro próximo da bochecha tinha selado seu destino,os olhos abertos fitavam a noite,e por alguns segundos Paulo tentou imaginar qual teria sido o ultimo pensamento da vitima.

Não é da minha conta disse para si mesmo,se foi assassinado boa coisa ele não era.

Caminhou até um bar que ficava há duas quadras dali e pediu uma cerveja.

Enquanto bebericava sua cerveja fitava um grupo de pessoas bebadas que dançavam um funk de muito mal gosto completamente alcoolizados.

Um homem de estatura mediana agarrava-se as costas de uma jovem gorda e ficava simulando posições sexuais enquanto urrava para o alto.

Na quinta cerveja começou a se sentir meio tonto e pediu para o garçom fechar a conta,quando reparou de soslaio uma pessoa que o fitava da mesa ao lado,ao virar o olhar, seu coração quase saiu pela boca.

O homem morto sorri para ele.Estava com aquele mesmo olhar fitando para o nada,e os ferimentos causados pelos tiros ainda estavam ali.

Assustado levantou da mesa e correu para longe dali,o garçom começou a gritar chamando a atenção de todos no bar:- Ei,a conta,a conta,ele está dando calote!

O garçom e mais algumas pessoas correram atrás dele.

Paulo corria desesperado e ao virar a esquina se deparou com o morto em pé parado a sua frente.

Com o susto, caiu no chão e foi alcançado pelo grupo que o perseguia que começou a golpeá-lo com chutes por todo o corpo. entre as pessoas ele sentia a mão do morto tentando tatear seu bolso.Paulo queria se livrar do dinheiro,mas os chutes o imcapacitavam de fazer qualquer coisa.

Mais e mais pessoas aglomeravam para agredir ele,o morto se afastou e a cada pessoa que passava por ali,como um passe de mágica mudava de direção e ia agredi-lo,cachorros de ruas se aproximavam latindo e procuravam uma brexa para morder ele.

Paulo sabia que o defunto estava fazendo alguma coisa com aquelas pessoas,elas apenas batiam,nada falavam, estavam completamente dominadas.

Um garoto com não mais de 15 anos se aproximou com uma barra de ferro e mirou em sua cabeça.

BAAAAAAAAAM. E Paulo acordou assustado,havia dormido na mesa do bar.Com o coração ainda batendo forte reparou que algumas pessoas corriam para a rua,em direção ao barulho que tinha o acordado.

Um acidente automobilistico.Ao se aproximar sentiu seu corpo gelar,um rebecão tinha se chocado de frente com um caminhão e um corpo havia sido jogado para fora.O defunto que ele havia roubado,estava caido no chão, os olhos o fitava e Paulo tinha a impressão que ele sorria.