FLORESTA NOTURNA: UM CASARÃO, UMA LUZ ESTRANHA

Alfeu estava vagando à noite pela floresta, não conseguira encontrar um bom lugar para acampar. Estava andando há horas e já se sentia cansado. Então Alfeu pára, olha a sua volta e percebe que está perdido. Não sabe mais indicar as direções norte ou sul, olha para o céu noturno tentando encontrar alguma indicação, algum guia, mas o céu está carregado, como um teto negro que anuncia uma negra tormenta.

O pobre peregrino tenta manter a calma, mas a dúvida logo vem lhe atormentar, não sabe se continua a andar sempre em linha reta, ou se acampa ali mesmo e espera o dia amanhecer. Com respiração ofegante ele sente o cansaço se tornar cada vez mais agudo e se aliar a dúvida para atormentar o seu estado físico e psicológico. Alfeu então exclama sozinho, vou continuar, aqui não é um bom lugar para passar a noite. Ele toma a decisão de continuar a vagar pela noite após observar o local onde estava, que o assustava e parecia hostil.

Alfeu meche em sua mochila procurando uma bússola que já havia esquecido que levava, pois estava muito atormentado. Ele encontra o instrumento de localização, acende a lanterna e percebe que a seta da bússola não se move nenhum grau. Ele fica espantado com aquilo, sacode o instrumento, olha e nada, a seta continua imóvel. De repente a lanterna se apaga. Mas como? Indaga Alfeu assustado. Não entendia o que acontecera com a lanterna, pois as pilhas eram novas, ele as havia comprado no caminho para o seu trágico acampamento.

Então para piorar a sua situação começa a desabar uma chuva muito forte. Raios começam a iluminar de forma rápida e assustadora, seguidos de estrondosos trovões. Começa a soprar um vento muito forte que gerava um uivar agudo que parecia zombar do Alfeu. Ele, desesperado tenta montar a sua barraca de acampar, mas nada dar certo, o vento como um zombador o atrapalha, Alfeu não consegue montar a sua barraca que simbolizaria a sua proteção. Então, como um golpe de misericórdia o vento a arranca das mãos do Alfeu e leva a sua tenda para longe do seu alcance.

Alfeu desanimado segue andando por uma tortuosa trilha, até que de repente ele avista um casarão no meio daquela tenebrosa floresta. De longe ele percebe que na isolada residência há luzes acesas. Ele pensa que deve ser luzes de lampião ou algo parecido, pois não havia energia elétrica naquele lugar. Mas ele estranha, porque as luzes parecem tão firmes.

O caminhante, com medo, tem dúvidas se pede ou não ajuda naquele estranho casarão. Até que ele ouve uma voz de mulher lhe dizendo:

--Vem cá! Vem!

Alfeu olha a sua volta, mas não ver ninguém. Então a voz feminina se repete:

--Vem cá! Vem cá! Vem!

Alfeu assustado decide pedir ajuda no casarão, pois para ele o assustador convite vinha da floresta.

Ele caminha em direção aquilo, que ele imagina ser a sua salvação naquela noite em que nada dava certo.

Anda por um caminho de pedras, o caminho era perfeito parecia que havia sido feito com muito cuidado. Alfeu começa a sentir um mau cheiro que aumenta à medida que ele se aproxima do portão do casarão, era cheiro de carne podre, então ele ver um cachorro morto, sem a cabeça, sem metade do tórax e sem as patas dianteiras.

Já no portão daquela assustadora casa, Alfeu pára e olha para uma das janelas que estava com a luz acesa. Então, de repente, ele ver um vulto, uma sombra que passa por aquela janela. Ele se aproxima da porta, não havia campainha, ele bate na porta, mas não obtém resposta. Bate mais vezes e mais forte, mas o silêncio continua a permanecer do outro lado. Ele sabe que tem alguém em casa, pois havia visto a sombra da janela.

De repente, a porta se abre. Então Alfeu, ouve novamente a voz feminina lhe dizendo:

--Vem cá vem! Entre! Eu estava a sua espera. Vem cá! Vem!

Alfeu entra na casa, porém não ver ninguém, fica assustado, pois não ver a pessoa que lhe falava. Ele observa as suas vestes sujas e molhadas, o desconforto começa a lhe atormentar. Começa um barulho, pareciam passos rápidos e fortes, como de uma pessoa correndo sobre um piso de madeira. Alfeu cada vez mais assustado dar voltas em torno de si mesmo procurando o foco daquele barulho imenso. Quando de súbito ele ver um vulto atravessar a sua frente, tal vulto parecia uma criança, que sobe pela escada e desaparece lá em cima. Alfeu percebeu que era uma pessoa pequena, mas duvidou se seria de fato uma criança. Então começam várias risadas nos quartos da parte superior da casa. Ele não era medroso, mas percebe que era o momento de sair daquela casa, ele se volta para a porta, pega a maçaneta, mas não consegue abri-la, quando ele olha para o lado ver um vulto parado ali olhando para ele. Era uma mulher loira, com vestes brancas, parecidas com um pijama. Alfeu olha para ela, assustado tenta parecer simpático e diz um olá atormentado. A mulher continua a olhar para ele, mas não diz nada.

Alfeu implora para aquela criatura:

--Por favor! Não me faça nenhum mal, eu só quero sair daqui e ir para casa.

A mulher então lhe responde:

--Por que você está com medo? Você agora faz parte da nossa família.

Alfeu então responde ao espírito:

--Você está enganada, eu já tenho uma família.

Devido à recusa de Alfeu em permanecer na casa, a mulher o convida a subir a escada, para lhe mostrar algo em um dos quartos superiores. Ela estende a mão direita a Alfeu, ele segura na mão da mulher, sobe a escada, ela abre a porta de um dos quartos, onde havia escrito: Alfeu Pires Alcântara, o seu nome de batismo. Ela lhe mostra o fim de um sepultamento, Alfeu ver a sua mãe chorando e o seu pai muito triste, e ouve alguém exclamar:

--Como ele pode morrer tão jovem! Coitado, tinha apenas 20 anos de idade!

Vicente Mércio
Enviado por Vicente Mércio em 06/03/2011
Código do texto: T2831545
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.