Fotografias Vermelhas: Elena – Versão Simples.

Fotografias Vermelhas: Elena – Versão Simples.

~ A dor que toma meu corpo é a mesma que transborda de meus olhos, vinda da mais intima das fibras de minha alma... uma dor atroz, veloz e feroz que domina minha essência, tornando-a apenas uma gota de sangue fresco carregado como folha seca na tempestade da vida. ~

Madrugada de sábado, o cemitério da cidade esta silencioso como deve ser, ou não...

- Assim, isso mesmo, deite de lado e me mostre seu olhar mais doce – dizia ele para sua nova modelo enquanto tirava fotos dela em trajes góticos íntimos.

Ela é Elena, dezenove anos, olhos cor safira, cabelos longos e negros como a noite mais fechada, pele branca, diria mesmo, pálida como um copo de leite puro e um corpo de deusa grega perfeitamente esculpida e coberto apenas por um body preto com detalhe de renda vermelha, uma meia-calça arrastão preta botas lindamente desenhadas e longas e uma capa de seda suavemente colocada entre o corpo dela e o tumulo de granito preto onde as fotos estão sendo feitas... a seu lado há um anjo de mármore gentilmente esculpido com detalhes que dão a ele um ar de vida mesmo estando deitado, com olhos fechados como se dormisse eternamente o sono dos anjinhos bebes no céu... um céu de algodão doce azul.

Nas mãos Elena segura uma rosa vermelha bem vívida e macia que contrasta sensualmente com sua brancura perfeita.

Ele orienta suas posições, as fotos rolam calmamente pela madrugada, são muitos os clics, mas apenas as melhores irão fazer parte de seu álbum especial, um álbum que será feito especialmente para ela.

O fotografo se aproxima da modelo, ajeitando-lhe os cabelos rebeldes graças ao vento que os açoita naquele momento.... os olhos dela brilham na escuridão, as mãos claras e geladas dele a fazem estremecer, não de frio, mas de desejo... seus dedos fazem o contorno daquele rosto perfeito e cálido... os lábios dela se abrem suavemente como pétalas de flor rosados e perfumados.... seu cheiro é de cerejas frescas geladas e dão água na boca. ... a rosa vermelha escorrega da mão dela para o chão de cimento.

Ele chega mais perto... seus lábios tocam os dela, uma de suas mãos segura sua nuca, dedos frios e macios correm por suas costas enquanto um beijo suave, mas abrasador envolve os dois, ela enrosca os dedos longos, brancos e quentes em seus cabelos negros que caem por seus ombros largos e bem desenhados. Ele segura sua nuca com mais força, ela o aperta contra seu corpo agora tremulo e sedento de paixão.

Elena senta na lapide, sentindo seu coração bater loucamente no peito, sente seu cheiro, um cheiro diferente, másculo e até mesmo perigoso, mas fervorosamente irresistível, ele fica diante dela, corpo curvado no dela, um beijo cada instante mais frenético toma conta do casal, a mão segura com mais força ainda sua nuca.... seus lábios deslizam para o pescoço dela... os lábios no pescoço dela... uma mordidinha, um gemido abafado.... a respiração de ambos esta mais acelerada... ele pressiona ainda mais os dedos na nuca dela... os dedos contornam gentilmente cada traço daquele rosto gentil de porcelana angelical... ela treme.... ele coloca o sobretudo sobre sua musa... beijou suavemente seus lábios ums vez mais... a respiração de Elena é lenta e entrecortada por leves suspiros, o bater de seu coração é quase um sopro.... como se ele tivesse o poder de roubar-lhe a alma... sugar sua essência nos beijos e arrancar seu coração em cada respirar... Elena esta ali totalmente entregue, não nas fotos mas nele.

Ele se afasta um pouco pegando a câmera no chão e deposita a rosa entre os delicados dedos dela e diz:

- Quero guardar este momento para sempre – diz ele pegando a câmera e tirando uma ultima foto, a mais especial delas.

O olhar de Elena é como o passear de folhas secas em um outono da vida... seus lábios agora possuem um rosa desmaiado e levemente molhado.... sua pele palidamente aveludada é agora ainda mais cristalina... seu corpo nu envolto em seda negra lembra a tempestade anunciando a chegada do inverno... um inverno eternamente romantizado.

Os dedos dele percorrem seus lábios, descem sutilmente até o pescoço... envolvem seu pescoço agora ainda mais frágil... ela suspira... ele aperta... ela tenta reagir, mas não pode, ele aperta mais, seus lábios se movem, mas palavras não são ditas, suas mãos quase esmagam o pescoço dela.... não há mais ar, as batidas de seu coração já não existem mais, sua pele já não brilha... em seus olhos o lampejo da vida não faz mais morada.

Ele a observada calado... irá eternizá-la .. tira de sua bolsa uma lamina pequena, afiada e brilhante, se aproxima do corpo onde agora reina vazio... corta os cabelos dela guardando cuidadosamente em uma bolsa de veludo negro... tira pequenos retalhos da pele em seu rosto, suas mãos e seus seios, escolhendo as partes mais marcantes em seu corpo, envolve em um material resistente porem maleável e coloca dentro de um estojo de veludo vermelho... retira da bolsa uma seringa e com ela colhe um frasco do sangue de Elena, com o mesmo cuidado envolve-o e guarda... coloca tudo dentro da bolsa.... envolve o corpo de Elena com a capa de seda, ergue com delicadeza e com passadas rápidas e silenciosas segue pela escuridão até uma lapide rosa onde uma anjinha adormecida reina docemente em nuvens de algodão doce rosa.

Deita o corpo de Elena ali, a capa cobrindo seu corpo branco e nu... seus lábios suavemente abertos guardam palavras mudas... em suas mãos mora agora a rosa outrora vívida, agora apenas sem sentidos. A escuridão total... o fim.

Na lapide de mármore rosa a frase em dourado cintila na madrugada: Aqui vive o corpo adormecido da mais cândida das rosas, aquela que de tanta paixão desfaleceu em meio às brumas da ilusão. Alma pura, alma bela, assim era ela a doce Elena.

Correm três dias, na terceira madrugada o álbum esta pronto... um álbum especial feito com os cabelos dela, sua pele sedosa agora estampa a capa envolvendo a ultima foto, a mais bela delas, em letras vermelhas o nome Elena agora mora infinitamente ali... em cada foto um pouco de sua alma... algumas gotas de sua essência e a cor vívida de seu sangue.... fotos eternamente vermelhas repousam... um novo álbum agora repousa na coleção do Fotografo.

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Essência di Ana
Enviado por Essência di Ana em 19/05/2009
Reeditado em 19/05/2009
Código do texto: T1602617
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