Terra Morta - Introdução "Início do fim..."
Não me lembro que dia é hoje, pois nas últimas semanas, sobreviver se tornou mais usual do que olhar os calendários. Ou seriam meses? Infelizmente, nem isso sei responder, pois os dias se tornaram longos e cansativos, enquanto espero uma salvação... Ou o fim. Mas, pensando bem, o fim começou no dia em que tudo isso começou.
Não acredito que essas anotações sejam lidas novamente algum dia, visto que encontrar pessoas se tornou um acontecimento tão raro. E quando digo pessoas, me refiro á pessoas de verdade, que respiram e conversam, e não á esses malditos canibais que espreitam a cada esquina que eu passe, em cada construção abandonada, tudo dominado por moscas atraídas pelo cheiro fétido que se tornou o ar. Esse cheiro de morte. Me pego a pensar se um dia tudo voltará a ser como antes. Se os carros transitarão novamente pelas ruas, poluindo a atmosfera, em cidades habitadas por pessoas, egoístas e preocupadas com suas próprias vidas, enquanto acumulam dinheiro e desilusões. Se as emissoras voltarão ao ar, pra noticiar desastres, e mortes, e corrupção. Se... Bom, acho que o mundo não mudou tanto assim. As poucas pessoas que encontrei ainda são egoístas, pensando em sua própria sobrevivência. O ar está contaminado, com o cheiro podre dos corpos, espalhados pelas ruas. Ninguém pensa mais. Agem como animais irracionais, tanto os poucos ainda vivos, como os milhares de mortos andantes. Aliás, preciso parar de escrever, pois nesse momento, há três deles do lado de fora desse freezer que estou escondido. Tenho que sair daqui sem fazer barulho. Se eles me verem, pode ser meu fim. E eu tenho que impedir que o MEU fim chegue o máximo que puder. Acho que, no fundo, minhas esperanças nunca morrerão.
Vou desligar a lanterna agora.