Sombras na Sala de estar

E lá estava eu na sala de estar um pouco sonolento e com certa embriagues do vinho que tomei após a janta.

Na TV um filme desses de heróis com superpoderes que ganha dimensões exorbitantes segundo a ótica de fãs totalmente justificável. Pessoas encontram lógica nessas coisas que outras escrevem completamente entorpecidos ou de drogas ou álcool.

Dia desses vi dois malucos discutindo as possibilidades de coisas como Hulk e Superman terem sentido dependendo do quadro ou seja o que for me pareciam acreditar plenamente na possibilidade de um universo doidão rolar aqui no mundo real.

Bem, como se eu fosse um desses super - qualquer tomei o controle em mãos e comecei manipular os canais televisivos (que diga-se de passagem são muito ruins.

Após alguns clics percebi que não haveria muito para se ver foi quando a luz simplesmente se foi, maldito disjuntor (pensei), caminho no escuro ate a gaveta para achar o maço de velas e o fósforo, é quando percebo que a luz de todo o bairro se foi, ótimo (penso novamente), como se não bastasse não ter o que fazer ainda fico no escuro.

Dirijo-me a sala e fico apenas sentado, nada pra fazer mesmo.

Fico observando o fogo da vela, é relaxante, nunca tive essa visão sobre o fogo, talvez por nunca ficar observando.

As luzes e sombras do ambiente mudam bastante com relação a luz de lâmpadas, o contraste me remete a Portinari, fico ali observando avelã e começo a relaxar, fico apenas ali, nem pensamentos, nem conclusões.

Não tenho certeza de a quanto tempo estou aqui mas percebo que meu rosto esta completamente adormecido (deve ser efeito do relax), minha mãos começam a formigar e nas pernas sinto um frio em conjunto com dormência e um profundo sentimento de paz.

Permaneço por mais algum tempo e percebo que a chama da vela parece realizar uma dança com contornos de sombras ao fundo, tenho a sensação de que a vela diminui de tamanho com um aumento das chamas, as sombras tomam forma e ritimo em torno de mim, a sala ganha dimensões completamente novas enquanto minha língua parece um tapete de veludo.

Aos poucos a sala parece tomada de um brisa que parece sussurrar algo e cada segundo sinto como se eu pudesse voar a qualquer segundo.

A brisa aumenta a vela quase sumiu de minha visão enquanto a chama permanece nítida e dançante.

Não paro para pensar em nada ate que o que parecia um sussurro toma tom de voz:

- O que você deseja?

Pareciam muitas vozes em uma, como se o mar estivesse falando comigo.

Sem dar resposta apenas percebo que não consigo falar, minha boca não mexe, meus membros tão pouco. Tudo que consigo fazer é observar que a luz da vela esta quase apagada e as sombras tomaram uma forma única como um ser indefinido pelos meus olhos mas, pude senti-lo agarrar-me pelo pescoço e insistir na pergunta:

- O que você quer?

Tomado de dor e um aperto no peito tento falar mas não consigo, meu peito parece ter uma tonelada o pressionando, meu pescoço queima como se o próprio fogo me tocasse, começo a ficar ansioso pelo fim de meu tormento tentando soltar-me então a voz em tom ameaçador como se trovoadas estivessem em minha cabeça pergunta novamente:

- O que você quer,por que me despertou?

Sem forças e acreditando que iria desmaiar, volto-me para a chama quase apagada e tento a tocar, estico, estico e quase, aquela coisa me tocando estava me sufocando como nunca me senti antes, é quando consigo tocar a vela.

Desmaio, acordo um tempo depois um pouco atordoado a luz esta acesa, olho o relógio e fico tomado de espanto, estou sentado na poltrona e segundo o relógio, faz apenas 7 min que cheguei.