A MALDIÇÃO DA VILA - CAPÍTULO XI

XI - HERANÇAS

“Quantas coisas nos perguntamos o porquê de acontecer conosco, será alguma herança deixada por alguém que as vezes nem conhecemos?”

Os garotos estavam na porta de Gus, conversando sobre os acontecimentos. De certa forma aquilo os cansava, imaginar três dias de assassinatos, delegacia, culpa, mistério...

- Porra, a gente podia falar de outro assunto não? – Quem perguntara era Eduardo

- Tem que entender que é difícil a gente falar de outra coisa, quando tem gente morrendo onde moramos – respondeu Gus

- Gus! – lá de dentro Félix o chamava – A mamãe mandou você entrar...

- Ih, Gus – Falava baixinho, Lucio – Sei não seu irmão hein.

- Ta querendo dizer o que com isso, baixinho?

- Acho que ele ta querendo dizer que teu irmão coça a barriga de outros homens com as costas – respondeu Dico

- Cala á boca aí assassino que ninguém ta falando com você

- Gente, quanta agressividade...

- Vou entrar, amanhã é segunda-feira e vamos ver se tenhamos um dia normal!

Despediram-se, Eduardo e Lúcio foram para um lado e Dico e Feitosa para outro.

O tempo passou e já era 23hrs quando Gus escuta de novo em seu quintal o mesmo barulho de antes “que porra é essa?” Gus se levanta e vai até o quarto de Félix para perguntar se ele havia ouvido o barulho, mas para sua surpresa, Félix não estava na cama.

- Félix? – Gus olha para a janela e vê um vulto pulando o muro.

Gus, então pula a janela e tenta seguir o vulto, ao conseguir pular o muro para o terreno ao lado, uma pessoa é avistada por ele trajando um blusão de capuz “Não pode ser” pensou Gus.

Dico e Feitosa estavam na pedra dos desejos

“PINK TURNS BLUE – PRESSURIZED”

- Feitosa, a gente se conhece há uns 15 anos?

- Mais ou menos isso, por quê? Quer resolver algumas coisas do passado? – os dois riram

- Não, isso a gente deixa pra outra oportunidade, mas com tudo que tem acontecido. Me sinto muito pressionado

- Cara, não se sinta assim, sabemos que não foi você que matou essas pessoas, ou pelo menos acreditamos que não – singelo sorriso

-Não é só isso, e eu tenho a certeza de que não fui eu. São as coisas da minha família, minha mãe cheia de segredos sobre meu pai, a questão do incêndio.

-Já tentou conversar?

- Não, Feitosa – Dico era sarcástico – É claro que sim, e parece que ela sabe mais do que fala e se realmente eu tiver alguma herança maldita, ou nós...

- Como assim nós?

- Por que depois de tantos anos voltamos pra cá? Lembra quando em São Paulo nós conversávamos sobre o que sentíamos que parecia que esse lugar nos chamava?

- Nossa, isso você desenterrou, mas eu lembro bem...

- Pois é, não vejo como saudades isso e sim como um mal presságio

- Você está se pressionando, Dico – Feitosa dava um trago em seu cigarro especial e passava ao Dico

- Sei lá, as vezes eu me sinto a procura de uma alma na ausência da minha – um trago forte – Uma memória desesperada de toda felicidade que procuro, mas eu sinto o que nos espera, são coisas terrivelmente perturbadas, quão excitante pode ser a vida que levamos?

- Cara, você tem que maneirar nesse cigarro – Feitosa tossia e ria – Já disse que as vezes você brinca com coisas muitas sérias e que tem a ver com os outros, você entra na mente dos outros como se fosse algo natural, e isso mexe com eles.

- A verdade é que eu não consigo mais parar com isso, e olha quantos problemas me trouxe...

- Mas por que então você faz?

- Diversão, tédio, falta de ter alguém.

- Dico, tem pessoas morrendo e acreditando realmente nessa história, você precisa parar! – O Celular de Feitosa tocou, era Lucio.

- Feitosa, você está com o Dico

- To sim!

- Abre o facebook ai no perfil do Hugo

- Não pode ser – Feitosa via a marcação Leandro Fontes.

- O que aconteceu? – perguntou Dico, olhando para o celular de Feitosa – Meu Deus!

- Vamos pra lá, agora! – Feitosa desligou o celular – É muita prepotência e é mórbido narrar há morte de alguém e deixar que os outros leiam isso antes de acontecer, não é?

Os dois vão em direção a casa de Leandro...

Gus tentava de forma afastada seguir a pessoa de blusão, que se movimentava muito rápido, como deixara seu celular no silencio para seguir a entidade, ele não sabia nada do que estava acontecendo. Próximo à casa de Leandro a entidade desapareceu de sua vista!

- Mas que como? Cadê?

Dentro da casa de Leandro, o rapaz estava com sua arma carregada e com o celular.

“Acham que vão me matar seus satanistas? Podem vir!”

Eduardo e Lucio iam de um lado para a casa de Leandro e do outro iam Dico e Feitosa do outro.

- Emma! – falava Lucio no celular – Vai acontecer de novo! É o Leandro

- Meu Deus, precisamos chamar a polícia!

- Pode chamar! Mas não venha pra cá!

- Não precisa nem falar, vocês também não têm que ir lá!

- Já estamos a caminho!

Gus na porta da casa de Leandro, escuta um disparo vindo de dentro...