A MALDIÇÃO DA VILA - CAPÍTULO X

X – COISAS ESTRANHAS

“Quando perdemos o controle entre o passado e o futuro, coisas estranhas começam a acontecer. Como sentir falta de uma vida que nunca foi sua”

Os meninos chegaram ao bar do Aloisio, pegaram suas cervejas e foram para o seu local que sempre estava vazio, provavelmente as pessoas não gostam daquele lugar pelo fato dos meninos do “culto” ficarem ali. Ao abrirem as primeiras garrafas, fizeram um brinde bem baixinho “Que tudo se resolva”.

Leandro estava com mais alguns amigos e viu a cena

- Vou pilhar aqueles filhos da puta!

- Leandro, deixa disso, os caras mexem com magia negra! Fiquei sabendo que um deles tem o livro de São Cipriano em casa

- Quero que se foda! – Leandro levantou e foi em direção aonde estavam os garotos – Como estão meus amigos? Brindando a morte do seu Montinho?

- Leandro, isso não é hora pra brincadeiras desse tipo!

- Até você Eduardo, o que te fez entrar nessa? Foi pra ganhar mais dinheiro pra pizzaria?

- Cala a boca Leandro

- E você Emma? Entrou para que? Pra ser a mais desejada? Pra pagar as groselhas que você...?

- Mano, para!

- Olha só, Dico! O mestre da depressão, o senhor das trevas, o cara que perdeu a irmã dessa ai para um velho de 40 anos, talvez você seja O ASSASSINO!

- Sangue bom, da uma olhada aqui – Leandro olhou e só viu o punho de Lucio acertando sua cara. A Briga começou e os três amigos de Leandro se levantaram para ajuda-lo, as pessoas se afastaram e o bar virou verdadeiramente um ring. Aloisio foi tentar apartar a briga e levou uma de direita no maxilar de um dos amigos de Leandro.

Um dos meninos estava de frente com Gus: - Bora dançar gordinho!

Gus se enfureceu: - Eu não sou gordo! Olha aqui meus músculos! Hahaha, esse aqui é irmão desse! – Gus então pula em cima do rapaz e começam a brigar no chão

Aloisio olhou e disse: - Amigão, você tem que parar de arrumar essas confusão – E deu uma cabeçada na cara do moleque.

Eduardo estava possesso quebrou uma das garrafas e iria fincar na cara de Leandro, uma mão o segurou firme, era Dico: - Não faz isso!

Leandro se levantara e antes de voltar é impedido por um rapaz que acabara de chegar no local, Aloisio tira Gus de cima do outro.

- Que porra é essa! Esse aqui é meu bar e se alguém vai brigar, vai ser comigo seus cabeça gorda! Eu quero todo mundo fora do meu bar, agora!

Os meninos foram se recompondo, o rapaz que segurou Leandro, fora até Aloisio fez uma pergunta e o que ouviram foi só a resposta de Aloisio: - Mas não é possível que só tem confusão aqui!

Dico ao ouvir foi até eles.

- Está tudo bem?

- Ta tudo ótimo, Dico, vai embora daqui!

- Então tá bem

- Dico? – O Rapaz quem perguntava

- Eu

- Não se lembra de mim?

Dico olhou fixamente, no fundo sabia que não lembrava, mas mesmo assim disse: - mais ou menos...

- Sou eu Denis

- Denis, lembro de um Denis quando eu era pequeno

- Sou eu mesmo, neto do seu Montinho, vim pra cá porquê ele me ligou ontem dizendo que minha mãe não estava bem...

- Eita...

- O que houve, o que aconteceu?

- Não quero estragar o reencontro de ninguém, mas vocês podem conversar em outro lugar? Chega dessas coisas estranhas aqui no meu bar.

- Ta bom – disse Dico – Denis, bora ali com a gente

Ao ver Denis se aproximar dos garotos, Leandro indo embora disse: - Recrutaram mais um pro culto, seus malditos!

Eduardo armou a mão de novo, mas o Gus o segurou: - Chega, já foi demais por hoje – Eduardo abaixa a mão, mesmo contra sua vontade.

Ao saírem do bar foram para perto da casa de Emma que era a mais próxima. Dico apresentou Denis, que era um garoto que brincava com todos na época de criança, todos se lembravam, um dos outros.

- Eu sai daqui para morar com meu pai aos 5 anos – Dizia Dênis – Só voltei para esse lugar, porquê meu Tio Avô, o Montinho me ligou ontem dizendo que minha mãe estava morrendo

- Parça – Quem dizia era Eduardo – Não é querendo ser portador de notícia ruim, mas não foi a sua mãe que faleceu.

- Como assim?

- Olha, o que o Eduardo está querendo dizer é que quem morreu ontem foi seu tio avô – era Emma quem falava.

- Mas que horas?

- Dizem que foi por volta das 21:15 – respondeu Feitosa – Eu passei pelo local e escutei um dos policias falando.

- Mas isso está um tanto errado

- Por que?

- Ele me ligou as 22:15

- Às vezes os policiais se enganaram

- Ou as vezes somos nós que estamos nos enganando – Disse Dico – Nada está fazendo sentido aqui, o seu Montinho me disse daquela maldição, e nada me tira da cabeça que isso tem muito haver

- Pelo amor de Deus, Dico!

- Olha, eu não estou entendendo nada – respondeu Dênis

- Vamos tentar explicar, mas tem que entender que muitas coisas estranhas estão acontecendo – disse Lucio – Então aguenta.

Começaram a explicar tudo que estava acontecendo desde a brincadeira no bar na quinta-feira até o presente momento daquele domingo, claro que era difícil Denis acreditar em tudo que estava ouvindo, afinal de contas tudo levava a crer que fora Dico, o assassino.

- Bom, levando pelo lado racional das coisas, estamos diante do homem que matou essas pessoas, inclusive meu tio

- A grosso modo sim, mas não foi ele – Disse Feitosa

- Como não?

- Ontem, eu encontrei Dico desmaiado em seu quintal e o levei para seu quarto

Todos olharam de rabo de olho

- Que? – perguntou Gus – Mas você não disse que...

- Eu sei o que eu disse, mas a verdade é que não desmaiei...

- Bom, eu não sei o que está acontecendo aqui, eu senti algo muito ruim quando cheguei nessa vila, e com razão, agora preciso ir ver minha mãe e saber o que está acontecendo.

Denis entra em seu carro e vai embora...

- Acha que ele acreditou? – perguntou Gus

- Eu espero que sim, se não seremos presos – respondeu Eduardo

Ao andarem Dico pergunta baixinho pra Feitosa: - Porquê mentiu dizendo que me levou pra casa?

- Ou era isso, ou ver o cara te encher de porrada antes de denunciar a gente

- Faz sentido.

Os garotos deixaram Emma em casa e foram para a casa de Gus.