A MALDIÇÃO DA VILA - CAPÍTULO II

II – O Culto

"Todos temos a sombra da maldade que em algum momento é aflorada, seja por necessidade ou por mero capricho"

Após o término do horário do expediente as 17hrs, Dico e Gus vão em direção ao bar de seu Aloísio comemorar o declínio de suas vidas tomando a cerveja rotineira

- Será que um dia vamos sair dessa vila medíocre e ter uma vida digna? - Desabafa Gus

- Digna, nossa vida pode ser a partir de hoje meu amigo, mas se continuarmos nesse estilo, sendo julgados e sem almejar algo maior, pode ser que isso seja nosso provável destino.

- Então, me fala ai, qual é sua ideia pra gente fazer algo...

- Na hora certa, espera eles chegarem, o Feitosa trará a encomenda

- Isso que eu nunca entendi, ele saiu daqui da vila a anos e sempre está, não é?

- Sim, e tem muito haver com que o seu Mourinho disse hoje...

- Você deu ouvidos aquele velho tarado?

- Ele me disse sobre uma maldição daqui de Desiderium, e vocês nunca tinham me contado

- É porquê ele é um velho bêbado e tarado, quem vai dar atenção a uma pessoa dessa?

- Pode ser, mas se mais pessoas acreditarem nessa maldição? Veja todas as pessoas que estão aqui, permanecem aqui e quando saem, elas voltam.

- O que está querendo dizer com isso?

- Espera, que o Hugo está vindo com seus amigos

- Porque será que ninguém fala deles, não é?

- Porquê é muito mais fácil falar de nós, principalmente porquê eu acabei de chegar e sendo filho de quem sou...

- É, mas sua família nem morava aqui...

- E ai rapaziada – dizia Hugo chegando com seu sotaque fanho – Vão arreliar hoje de novo?

- Arreliar nada – Gus, estava um pouco exaltado

- Só to brincando, falou pra vocês – Hugo se vira e começa a andar, Dico levanta o braço para bater na cabeça dele, mas é seguro por Gus.

- Maninho, já não basta a gente está sendo tirado de satanista e você ainda vai bater nele?

- Ele me irrita!

- Mas ainda por causa da história da Emma?

- Não só isso, mas é um filho dessa vila escrito, que lugar maldito!

- Pega leve, se não fosse essa vila você não teria me conhecido

- Não ta ajudando – Dico riu – to brincando

- Ta bom, o crápula – Gus, dava uma risadinha sarcástica – Você não teria conhecido a Emma

- Ah, vá se foder Gus, de novo? Já não basta toda essa conversalhada que aconteceu em menos de dois meses...

- De você pegar a irmã dela? – Gus ria demais

- Chega, Gordo!

- Gordo nada, eu sou forte, olha meu musculo!

Os dois riam e o tempo ia passando, até que chegaram Feitosa, Lucio e Emma

- Mas assim? Os três de uma vez

- Se não aguentar, Dico, vai um de cada vez – já chegou retrucando Lucio, rindo alto.

- Hoje, promete hein!

Os garotos ficaram conversando e rindo e quando menos perceberam já era 00:00hrs

- Estou cansado daqui – disse Feitosa - sempre aqui, sempre...

- Por isso, tenho uma ideia pra vocês – Dico fechara seu semblante, de uma pessoa risonha, passara a ter a fisionomia maquiavélica

- Dico, eu conheço esse seu olhar...

“Replicant – Bloodmoon”

- E se a gente, colasse medo nesse lugar?

- Lá vem ele chapado – Disse Emma – vai Dico, conta...

- Vocês mais do que eu, conhecem o Moutinho, certo? – todos acenaram que sim – Ele veio com uma história de uma maldição aqui na vila, sobre quem...

- Ah não, você vai dar ideia pra louco, Dico?

- Escuta, Lucio...E se a gente fizer uma nova maldição? Mas bem mais real?

- Como assim, Dico – Feitosa, estava achando Dico, muito estranho e a música soando completava uma atmosfera um tanto que pesada – Cara, cuidado com o que você vai...

- Matar!

- Matar?

- Mas não de verdade, eles têm medo, acham que somos um culto e se de alguma forma alguém que morresse começasse a profetizar as mortes daqui da vila?

- Dico, isso é ridículo você deveria maneirar na erva – dizia Emma – Alguém morrer, que ideia absurda!

- E quem estaria disposto a matar? – Gus estava um tanto curioso – Digo, nós somos jovens queremos mudar nossa vida, mas matar alguém?

- E porque não? E porquê não pode ser um suicídio?

- E você se mataria?

- Talvez por algo, todos nós nos mataríamos...

- Ah Dico, pelo amor de Deus...

- Espera – Disse Gus – Eu gostei, e se a gente suicidasse o Hugo?

- O Chatinho? – respondeu Feitosa – Dar umas facadas nele, ia ser engraçado

- Ou, vocês estão agindo como realmente um culto – Emma, estava assustada.

- Relaxa, Emma – Gus segurou sua mão – É só brincadeira desse sociopata – Olhou para Dico.

- É, isso – disse Dico olhando para Gus

- Cara, esse tempo que vocês estão trabalhando juntos está me assustando – disse Feitosa – vocês se comunicam por olhar? Que porra que ta acontecendo?

- Feitosa, você não quer se vingar do lugar em que faz você voltar por mais que tente ir pra frente?

- Tenho, mas mesmo que eu e todos aceitem essa ideia absurda de matar alguém, como que pode dar certo?

- Você esqueceu de quem eu sou filho?

- E dai, você só será preso, sua anta!

- E se for eu quem morrer?

- Você já usou drogas demais, Dico, vou embora – Emma não acreditava no que estava ouvindo – usar seu falecido pai? Uma coisa é botar fogo em alguma coisa, isso ai já é loucura...

- Não está mais aqui quem falou – Dico se sentou, a música acabou, e o jovens foram para outros assuntos paralelos.

- Pessoal, o Aloisio já fechou – Disse Gus

- Bora tomar mais uma? Vou ficar até domingo aqui – Feitosa havia chegado na cidade nesta quinta – Vou ficar com a minha mãe

- Amanhã, a gente trabalha e já são 2hr, vamos deixar pra pizza no Gus, amanhã...

- Eu estarei no Rael amanhã com a Jéssica, mas depois qualquer coisa eu dou um raspão lá – disse Emma

- Eu quero ver se acordo amanhã – Disse Lucio – Toda vez que eu bebo é uma luta – Risadas ao fundo – É sério...

Todos foram embora, Dico tinha uma caminhada um pouco maior até sua casa que ficava um tanto afastada, ao descer a rua viu alguém com um blusão de toca o encarando, achou que estava louco, balançou a cabeça e a pessoa não estava mais ali

“Preciso parar com essas confusão” Pensou ele, se lembrando do Aloisio.