LENDAS URBANAS: HISTÓRIA QUE MAMÃE CONTAVA (A LOIRA DO CEMITÉRIO)

Era uma noite congelante de inverno, raios riscavam o céu e iluminavam os caminhos, já que a lua e as estrelas não apareceram, pois, o clima era de muita chuva e o tempo pardacento deixava o cenário sombrio...

Miguel, precisava ir à escola de qualquer jeito, ele teria prova de Estatística naquela noite e, seu professor não perdoava quem não aparecesse na primeira chamada. Era um garoto muito tranquilo, morava bem próximo à Instituição de Ensino e obrigatoriamente tinha que passar pelo único cemitério do bairro, porém Miguel já estava acostumado com àquela rotina. Mas, naquela noite obscura tudo parecia diferente, ele pressentiu um ambiente pesado, um presságio que tomou conta dele, como se alguma coisa fosse acontecer, ele só não sabia o que era. Como já estava muito atrasado, terminou se esquecendo do casaco para se proteger do frio, abriu o guarda-chuva e saiu quase correndo pela calçada, ele estava com medo de cair, pois a neblina era tanta que dificultava sua locomoção, não conseguia enxergar nada à frente. De repente, um frêmito percorreu todo seu corpo e uma jovem loira, que por sinal, muito bonita, com os longos cabelos esvoaçando ao vento, passou por ele e chamou sua atenção, pois como estava chovendo muito, Miguel percebeu que a belíssima garota não estava usando sombrinha e nem agasalho, porém o mais assustador de tudo, era que ela não estava molhada. Ele olhou para trás e não havia nem uma viva alma, seguiu seu caminho, já próximo ao cemitério seus batimentos cardíacos ficaram acelerados e ele começou a sentir muito medo, observou que junto ao portão de ferro, bem na entrada do cemitério, lá estava a jovem loira que segundos antes havia passado por ele, o cenário era assustador; impulsivamente ele abaixou a cabeça e acelerou os passos, não teve nem coragem de olhar para trás. Miguel, chegou à escola muito ofegante e foi direto para sala de aula fazer a prova, ao término da mesma era hora de voltar para casa. Ele tremia de tanto frio, por sorte encontrou Gustavo, seu vizinho e, foi logo puxando conversa:

- Gustavo, você fez prova boa? Eu acho que não fiz, cara, não consegui me concentrar, estava muito nervoso.

- Pois é Miguel! Eu também acho que não fiz prova boa, pois estudei muito pouco, pensei até que não haveria teste, devido ao clima tempestuoso. Disse-lhe sorrindo e continua falando:

- Miguel, você vai sábado, ao Baile de Inverno? Eu provavelmente irei.

- Eu acho que irei! Quero me divertir um pouco. Responde-lhe Miguel.

Os dois voltaram para casa pelo mesmo caminho, porém tudo transcorreu naturalmente, pois a chuva havia diminuído de intensidade e nada de anormal acontecera no percurso. Miguel chegou exausto, pela tensão emocional que passou, não deixava de pensar naquela loira bonitona, se deitou na cama e adormeceu...

Era sábado, o Baile de Inverno na escola. Miguel já havia se esquecido daquela noite sinistra, o que ele mais queria era se divertir com as garotas no baile. O salão estava lotado de estudantes, ele foi procurar Gustavo, porém não conseguiu encontrá-lo. Repentinamente, um loira belíssima se aproxima dele, na mesma hora ele a reconhece, era a loira bonitona do cemitério, que foi logo falando:

- Olá, eu posso me sentar com você? Muito prazer, eu sou Estela!

- Claro que sim, eu sou Miguel! O prazer é todo meu.

Eles se divertiram e dançaram a noite quase toda. Miguel estava tão envolvido por Estela que nem tocou no assunto daquela noite chuvosa. A loira cheirava a jasmim, um perfume forte que inebriava seus sentidos. De repente, eles se beijaram e, logo depois a moça falou que precisava ir embora, pois já era meia-noite, Miguel se ofereceu para acompanhá-la e ela agradeceu. Os dois foram caminhando pelo mesmo trajeto que Miguel costuma fazer quando voltava para casa. Bem próximo ao cemitério a jovem loira parou e, as luzes se apagaram, em poucos segundos se acenderam e ele ficou muito assustado, suas pernas começaram a tremer, olha para um lado e para o outro, mas Estela havia desaparecido, como se fosse uma mágica. Miguel ficou paralisado sem saber o que fazer, olhou para a lua, a única companhia dele naquele momento, porém ela desviou o olhar e se escondeu, ele passou pelo cemitério e nem olhou para dentro, o medo era tanto que correu em disparada e foi para casa pensativo: “Meu Deus, quem será àquela loira que apareceu e desapareceu do nada?! Vou para casa dormir que é muito melhor.”

Já era quase manhã, quando Miguel desperta sufocado pelo aroma forte de jasmim em seu quarto, pula bem rápido da cama e vai caminhar um pouco, desparecer dos pensamentos tenebrosos da noite anterior, vai aproveitar para contemplar o sol se despedindo da lua, com um logo beijo e resplandecendo em seguida. Ele fica tentando se lembrar do rosto da jovem loira, mas não consegue e fica pensando consigo mesmo: “Será que foi sonho ou assombração?!”

Os tempos voaram... Miguel viajou para fazer intercâmbio no Canadá, foi em busca de um futuro promissor, ele já se esqueceu daquela noite de inverno, da jovem loira que sumiu do nada em frente ao cemitério, mas o aroma forte de jasmim jamais será esquecido.

São tantas histórias assim...

Elisabete Leite- 22/08/2018

(Inspirada na Contação de História que mamãe narrava: “A Loira do Cemitério”)

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LENDAS URBANAS, mitos urbanos ou lendas contemporâneas são pequenas histórias de caráter fabuloso ou sensacionalista, amplamente divulgadas de forma oral, por e-mail ou pela imprensa e que constituem um tipo de folclore moderno.

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 28/08/2018
Reeditado em 31/08/2018
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