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          CAPÍTULO II


     Os motoqueiros frearam violentamente e quase caíram, visto que com a pista molhada a moto chegou a derrapar. A intenção deles era a de assaltar o carro tão logo ele entrasse na via expressa, pois no viaduto certamente as chances de fuga seriam bem mais reduzidas.
    
Soltando  palavrões em voz alta eles resolveram seguir em frente, quem sabe a procura de nova vítima. Logicamente eles não queriam se aventurar a entrar na favela, principalmente porque não eram conhecidos no local.
    
Quando percebeu que os motoqueiros se afastavam Rita suspirou aliviada, só que seus problemas naquela noite estavam apenas começando...

    
Um carro da Polícia Militar com dois patrulheiros, tinha entrado no viaduto e mesmo com a distância e pouca visibilidade , perceberam a manobra brusca do carro de Rita e o fato de logo em seguida a moto dos assaltantes terem efetuado uma pequena parada.
    
Calculando que o motorista do carro deveria conhecer aquela entrada, os patrulheiros resolveram seguir a moto.
    
A polícia já vinha registrando queixas de vários motoristas que tinham sido assaltados naquele viaduto e aquela hora da madrugada, era de fato muito perigoso trafegar por aquele local...

    
Rita tinha brecado o carro um pouco antes da descida da rampa que desembocava naquela rua pessimamente iluminada. Com a luz forte dos faróis pôde ver nitidamente o volume das águas que desciam em direção ao viaduto.
    
Ela não era uma exímia motorista mas, sempre soube que o melhor a fazer num caso de enchente e quando não houvesse outro jeito senão o de enfrentar as águas, era o de engatar a primeira marcha e acelerar fundo, não parando por qualquer que fosse o motivo.
    
Isso impediria que entrasse água pelo cano de descarga o que sem nenhuma dúvida prejudicaria o funcionamento do motor.
    
Rita não tinha escolha. Acelerou e seguiu em frente na esperança de encontrar mais a frente um desvio ou posto de gasolina enfim, um lugar seguro que pudesse se abrigar e telefonar caso não pudesse continuar a viagem...

   
O Dr. Roni tinha finalmente acabado seu plantão. Estava exausto e o que mais queria naquele momento era pegar o carro e seguir para o apartamento de Rita. Era o que tinham combinado. Estava ansioso para tomar um banho morno, por uma xícara de chocolate quente e depois se meter debaixo das cobertas e poder abraçar o corpo macio de Rita.
    
Deu uma última olhada pela janela e notou que a chuva começava a ceder. Olhou para o celular e desistiu de ligar para sua amada. Provavelmente ela já estaria dormindo e ele não gostaria de acordá-la. Só quando chegasse ao apartamento...

  
Quatro bandidos fortemente armados arrastavam um garoto que não teria mais de treze anos para fora da favela. Ele fora pego invadindo e roubando casas de moradores. Na favela esse era um crime punido com a morte.
    
De nada adiantaram os gritos do menor. Ele estava condenado. Nas casas modestas e nos barracos, ninguém se atrevia e olhar o que estava acontecendo. Prevalecia a lei do silêncio. Eles já sabiam que a lei dos criminosos estaria sendo cumprida...

    
Rita conseguiu avançar uns duzentos metros depois que deixou o viaduto. Era impressionante o volume de água que descia pela rua. As águas cobriam a metade dos pneus. A escuridão e o silêncio eram assustadores e ela estava apavorada.
    
Continuava acelerando o carro que, além da chuva, era o único barulho que se ouvia. Uns cinquenta metros adiante ela percebeu que aquela rua fazia uma curva e que logo em seguida, mais a frente, havia uma larga calçada com um muro alto numa extensão de uns cem metros.
    
Ainda muito assustada decidiu subir com o carro na calçada e tentar pedir socorro pelo celular. Ela parou próximo a uma enorme caçamba de lixo, que não só a impedia de ver o que se passava mais à frente, como também não permitia que quem viesse em sentido contrário pudesse vê-la. Esse detalhe, certamente salvou sua vida...

    
Na mesma calçada em que Rita estacionara o seu carro e a aproximadamente uns cem metros da caçamba de lixo os bandidos jogaram o menor assaltante no chão com toda violência. Ele já tinha levado uma grande surra e chorava desesperadamente pedindo perdão, jurando não repetir os furtos.
    
Rita ouviu perfeitamente quando um dos bandidos disse aos berros que teria toda compaixão com o ladrãozinho. Eles teriam o cuidado de não atirar no seu rosto. Em seguida, ouviram-se quatro disparos.
    
Rita, ainda no carro totalmente às escuras, entrou em pânico e mordeu os lábios para não gritar. Ela viu e ouviu o que tinha acontecido, mas os criminosos não perceberam sua presença.
    
Dando muitas gargalhadas eles se afastaram do local sem saberem que estavam sendo observados pela jovem e apavorada enfermeira...


                     ...continua...


  
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(...imagem google...)


 
WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 04/06/2018
Reeditado em 04/06/2018
Código do texto: T6355250
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