NÃO ABRA AS CORTINAS!

_Não, não! Soltem-me. Não sou Louco, não sou louco.

_Calma Robert. Fique tranquilo, só vamos conversar.

_Conversar o que? Eu não deveria estar aqui.

_Caro Robert, queremos ajuda-lo.

_Mas ninguém acredita em mim, eu estava lá, eu estava lá.

_Robert! Agora preciso que se acalme, assim posso solicitar que soltem-no, do contrário, permanecerá preso.

_Está certo Doutor, está certo, mas o que o senhor quer saber?

_Precisamos esclarecer algumas coisas, temos que tirar essas ideias de sua cabeça, com certeza frutos da sua imaginação.

_Ideias? Frutos da imaginação? Eu estava lá doutor, e incrédulo como o senhor, mas eu vi.

_Viu o que Robert? Preciso que me conte, mas com muita calma.

_Tudo aconteceu quando Beatrice, uma amiga da faculdade me ligou e quase implorando pediu para visita-la. Ela estava muito estranha, falava coisas sem sentido e gaguejava muito. Baixava e aumentava o tom de voz. Achei mais estranho porque havia anos que não a via, não tínhamos mais contato desde a formatura, mas ela mandou uma mensagem com o endereço e eu fui. Chegando lá, estava tudo escuro, ela estava com uma aparência horrível, não parecia a Beatrice que conheci, até o cheiro dela confundia-se com o odor fétido da casa que tinha lixo espalhado junto com restos de comida por todos os cômodos.

_Mas isso provavelmente é sintoma de depressão.

_Foi o que eu pensei doutor, mas ela me pegou pelo braço, me fez sentar e começou a contar as coisas que estava vendo. Falava baixinho, quase cochichando, tão baixo que eu precisava me aproximar para conseguir entender.

_Robert, entenda, é muito provável que sua amiga estivesse com depressão. Com o que você está relatando, ela deveria estar trancada em casa a muito tempo.

_Não doutor! Deixe-me concluir. Eu pedi a ela que me explicasse melhor. Foi aí que ela começou a contar dos vultos, na verdade pessoas que ela via na sua janela. Eu falei que ela precisava de ajuda, inclusive aconselhei a procurar um médico que conheço, mas ela começou a chorar e me mandou embora, gritava comigo, dizendo que eu era mais um que não acreditava nela. Foi em direção a janela e abriu as cortinas e realmente era verdade. Eu também vi.

_Robert! Eu sei o que viu, eu também vejo, todos veem, não está louco, apenas imaginando coisas. Pessoas passando na janela é normal. Você não deve ter medo.

_Sim doutor, pessoas passando na janela é normal, mas não quando estamos no décimo andar.