O Mistério Na Floresta
 
Capítulo 1 – Últimas Palavras

      Morristown costumava me render boas lembranças, fosse às voltas ao parque ou quando eu e minha mãe, Eleonor, resolvíamos ir caminhar pela cidade, mas agora, mal posso esperar para ir embora deste lugar.
      Não que meu destino seja uma maravilha, reencontrar meu pai definitivamente estava fora dos meus planos, porém, não resta mais nada a fazer, esta se tornou minha nova realidade.
      Você pode lutar todos os dias e acabar sem nada que lhe faça sentido. A vida nos faz querer desistir muitas vezes, mas é preciso encontrar forças e levantar-se. Não é muito promissor se deixar levar por todas as tristezas que nos assolam.
      Morei em Morristown ao lado de minha mãe, Eleonor, por mais de treze anos. Apesar de todos os meus amigos, estou partindo sozinha deste lugar. Poucos tiveram a sorte de conhecê-la, pois sempre se dedicava mais ao trabalho do que a si mesma. Essa sempre será uma de suas marcas.
      Enquanto viajo com meus avós em direção a Bagley essa saudade arde em meu peito, afinal, nada pode doer mais que perder a pessoa mais importante em nossa vida. Mas preciso me concentrar nesse novo desafio,
      Quando completei quinze anos, minha mãe prometeu-me um presente especial, mas fui completamente tola em pensar que qualquer objeto fosse me fazer feliz, então erroneamente lhe pedi que comprasse um novo smartphone e assim meu sonho consumista se realizou.
      Pensar que aquele dinheiro poderia ter sido guardado para uma emergência, quem sabe, com alguns medicamentos melhores ela tivesse resistido por mais algum tempo. Mas, o câncer a consumiu por completo em seus longos anos de fumante profissional.
      Lembro-me de algumas palavras que ela costumava repetir para mim, que nunca deveria me deixar levar por essas coisas e com toda certeza não me entregar a vícios supérfluos.  
      Pelo menos, herdei geneticamente seus lindos olhos azuis e os cabelos castanhos, adorava o fato de termos características parecidas por sempre me espelhar em suas qualidades e valores. Margo, foi o nome que ela escolheu para mim, apesar de não gostar muito dele na minha infância, hoje tenho que admitir que o considero bonito. Agora, com um metro e sessenta e três de altura, viajo para o lar desconhecido de uma pessoa que me abandonou, cujo ódio ainda arde em meu peito.
      Durante todos esses anos nunca pensei que teria que vê-lo novamente, mas, para o meu pesar, este se tornou o meu destino. Espero, pelo menos, que ele não tenha feito com Oliver o que fez comigo. Meu meio-irmão não merece essa solidão.
      Pelo que sei sobre Anthony, meu pai, é que mora com Elise, sua nova esposa, em uma casa a oitocentos metros do centro de Bagley, Minnesota. Tudo indica que ela deve bancar a casa e que provavelmente meu pai não trabalhe. Como seu velho costume de beber e fumar no passado, saber que minha mãe começou a fumar depois de conhecê-lo me deixa mais furiosa.
      Enquanto viajamos organizo e reorganizo minha coleção de livros do Stephen King, ele é com toda certeza o maior escritor de todos os tempos. Espero poder conhecê-lo algum dia, afinal, pelo menos algo bom tende ocorrer em minha vida
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Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 04/09/2016
Reeditado em 04/09/2016
Código do texto: T5749905
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