3.1 - O Curioso!

Zeca sempre foi curioso e desta vez não seria diferente, era um aglomerado de pessoas curiosas, rodeando ao que parecia ser um corpo jogado no chão.

Em pouco tempo já se viu ao lado do cadáver e ouvia a todo instante a população emitindo suas opiniões, alguns curiosos chocados, outros com uma frieza ímpar e outras pessoas ainda piores, externando um humor ácido e até mórbido diante da cena.

O corpo estava virado de bruços, portanto não se podia identificar quem era o cidadão que teve a infelicidade de ter sido atropelado por um carro ao tentar atravessar a rua movimentada..., do lado de Zeca estava um senhor, aparentando já ter seus 60 e poucos anos; incrível que nessas horas, até quem não se conhece, começa a puxar assunto sobre a desgraça alheia; mas neste caso, aquele senhor parecia conhecê-lo,

- “O que acha que houve?”

- “Sei lá, acho que o idiota não prestou atenção no carro que vinha quando atravessou por trás do ônibus...”

- “Pode ser, aliás acho que eu te conheço rapaz, você não estava aqui semana passada?”

- “Passo por aqui todos os dias..., é bem provável que estava sim, porquê?”

- “Houve um outro acidente aqui e me lembro que te vi no meio de tantos outros curiosos, não é?”

- “Verdade, um velho decidiu passar mal justo quando estava correndo de um lado para o outro na rua, ele desmaiou, bateu a cabeça e morreu ali mesmo..., na minha opinião, esse velho burro nem deveria ter saído de casa...”

- “É mesmo, inclusive era você mesmo aquele dia, lembro que fez esse mesmo comentário naquela ocasião.”

E quando viraram o cadáver, seus olhos não acreditavam no que viam, Zeca se viu diante dele, um corpo sem vida, mas que na boca de todos, era apenas um idiota que não prestou atenção no carro que vinha quando atravessou por trás do ônibus.

- “Tchau amigo, a gente se vê...”

Se despediu o velho.

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