Borboletas de Salem

As cartas do baralho revelavam a tragédia eminente. A linha do destino já havia selado seu futuro; e aos poucos ela perdia seu presente. A borboleta negra que invadia sua sala lhe lembrava que em Salem, o fogo consumia as almas, e restos mortais se decompunham em conjunto numa vala.

Na escuridão do vale, sob um céu negro, tão negro quanto à própria sorte, não restava nada aos que carregavam a marca, nada além de desgraças, tragédias e a própria morte.

Mas quando a Lua surgia no céu negro, demonstrando a seus filhos todo seu esplendor, não havia medo, não havia sofrimento e não havia dor. A Deusa regressara imponente, disposta a mostrar aos caçadores o verdadeiro significado da palavra “terror”.

“Tudo o que fizeres voltará em triplo para ti”. Seja o bem, ou, seja o mal, não livrarás da sentença, serás julgado nesta vida, pagarás o preço, pagarás agora e pagarás aqui.

Há selado em todos, uma marca, um símbolo, um brasão; impresso na alma, sob fogo e água, como um sinal profano, ou divino, um sinal de graça ou de maldição. A guerra vai começar, e resta a cada um escolher sua posição. As borboletas negras voam sobre Salem e a luz da Lua, aos poucos, dissipa a escuridão.