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          CAPÍTULO III


     Roni, o namorado de Rita estranhou quando estacionou em frente ao prédio e não viu o carro dela na garagem. Como tinha as chaves entrou sem nenhuma dificuldade e ficou muito mais preocupado quando percebeu que sua namorada não estava em casa. Um estranha sensação invadiu seus pensamentos.......
     Os patrulheiros que seguiam a moto finalmente puderam alcançá-la e fizeram sinal para que os motoqueiros parassem. Os dois foram revistados e uma arma de pequeno calibre foi encontrada. Eles foram algemados e pelo rádio os policiais solicitaram outra viatura para rebocar a moto.
     A chuva tinha diminuído bastante. Ao serem interrogados, confessaram a intenção de assaltar o carro da jovem enfermeira. Disseram que , pela aparência , ela não era moradora da favela. Um dos policiais ficou preocupado e imediatamente acionou o comando central, alertando para o fato de que uma motorista quando estava sendo perseguida, inadvertidamente se dirigiu em alta velocidade em direção aquela perigosa favela....

    Rita, tremendo de frio e de medo esperou que os bandidos se afastassem. Recostou a cabeça no banco e respirou fundo enquanto decidia o que fazer. Lembrou-se do celular e ligou para o namorado.
    O telefone tocou insistentemente e Roni não atendia. Em pânico, tentou novamente a ligação e o resultado foi o mesmo. O que ela não sabia era que o celular de Roni estava completamente descarregado.
     Decidiu esperar mais uns minutos enquanto tentava se acalmar, procurando se lembrar do número da emergência da policia.....

    Os marginais que acabaram de atirar no menor se dirigiram a uma pequena birosca, que aquela hora da madrugada ainda permanecia com uma tosca porta aberta, que ficava situada numa espécie de pracinha bem no meio da favela.
    Ainda falando alto e em gargalhadas, pediram uma bebida e um deles pegou um pequeno cigarro de maconha. Sem se preocuparem com quem pudesse estar ouvindo ou observando aquela grotesca conversa, se vangloriavam de terem feito justiça à moda deles.....

     Voltou a chover forte e Rita olhou para o seu celular. Estava praticamente sem carga e na verdade, ela pressentiu que só teria tempo para uma ligação. Resolveu ligar para o hospital. Em poucas palavras descreveu o que tinha acontecido, onde estava e implorou que avisassem a policia para mandarem ajuda.
     Desligou o celular e mesmo com novas trovoadas que novamente se ouviam , resolveu sair do carro e ver de perto se o garoto estava morto ou não. Era o seu instinto de ajuda aos doentes e necessitados que estava falando mais forte. Afinal ela era uma excelente enfermeira. Sempre quis ser uma enfermeira.....

     Roni decidiu sair a procura de Rita e quando já estava dirigido a uns quinze minutos se lembrou do celular e aí, aterrorizado percebeu que ele estava completamente descarregado. Em pânico, parou próximo a um telefone público e ligou a cobrar para o hospital, buscando noticias de Rita. Foi quando soube do que estava acontecendo. A policia já tinha sido acionada.....

     Os marginais bebiam e se drogavam sem serem importunados e nem se incomodavam com a chuva. Mais tarde, assim que acabassem de beber e fumar aquele cigarro de maconha, voltariam ao local para recolher o corpo e desová-lo. O morto não fazia nenhuma questão de escolher um lugar para ser desovado. Não tinha esse direito. A gargalhada foi geral......

     Rita, mesmo com a chuva que aumentava de intensidade , decidiu se aproximar do garoto que continuava imóvel. Completamente ensopada, ao tocar no corpo percebeu que o menino ainda estava vivo e que ao ser tocado emitiu pequenos gemidos.
     Apesar da camisa ensopada de sangue, que se espalhava na calçada e se diluía com a chuva que caía, ela percebeu que o menino não tinha sido ferido em nenhum órgão vital. Isso significava que ainda haveria uma chance de salvá-lo.
    Sentou-se no chão para pensar melhor, decidir o que fazer, quando o menino balbuciou que sua perna estava doendo muito e que precisava de ajuda. Ela não teve dúvidas.
    Com enorme esforço e com todo o cuidado, murmurando algumas palavras para acalmar o menor, começou a arrastá-lo até o carro. Iria tentar levá-lo a um hospital, que sabia ficava nas proximidades......

     Os marginais estavam completamente embriagados e um deles, aos berros, disparou dois tiros para o alto e informou aos companheiros que voltaria ao local onde tinha deixado o ladrãozinho, só para acabar o serviço.
      Daria mais uns tiros na cara dele e depois o arrastaria até a via expressa e jogaria o corpo bem no meio da pista. Naquela hora da madrugada, não tinha tráfego e tudo estaria deserto.
     Os outros apoiaram a idéia e um deles, aos tropeções foi buscar uma moto. Voltou rápido e esperando que um dos marginais subisse na garupa, embicou na direção da saída da favela numa louca velocidade.
     Rita não poderia imaginar o perigo que estava correndo....

               .....continua.....


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(.....imagem google.....)
WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 01/05/2015
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