O mistério da casa verde. Terceira parte.

O mistério da casa verde.

Terceira parte.

O delegado Claus desconfiava do vizinho do Dr. Olavo, ele aguardava as digitais do vizinho que a pericia tinha colhido, faria uma comparação com as digitais encontradas na bala, embora certa dúvida pairasse sobre os seus pensamentos, ele tinha uma grande convicção de que o vizinho Joaquim era o culpado pelo assassinato. A sala do delegado era pequena e um pouco bagunçada, de forma que dificultava seu trabalho, mas o delegado era conhecido pelo seu brilhantismo nos inúmeros casos que resolveu durante sua carreira, aquele caso seria o ultimo, sua aposentadoria aguardava tão somente o desfecho do caso.

Neste momento o investigador André entra na sala com um sorriso no rosto, ele retornava da casa da vitima e dessa vez vizita não foi em vão, ele havia descoberto uma importante evidencia.

_Delegado Claus, posso entrar.

_Claro entre André, pelo sorriso em sua face, deduzo que sua ida à casa da vitima foi produtiva e proveitosa, estou certo. Disse o delegado com uma caneta entre os dentes.

_Mas o senhor é mesmo impressionante, estou tentado a acreditar que você lê pensamentos.

O delegado solta uma gargalhada alta e seguida de tosses roucas.

_Desculpe, mas certamente que este dom não é de meu domínio, se assim fosse não teríamos tantos contratempos e chateações nesta profissão tão inglória, embora minha risada seja a expressão da minha alegria pelo fato da aposentadoria após este caso, o seu sucesso é o meu sucesso meu caro.

_Muito bem tenho sim, é inclusive conheci as filhas da vitimas, adoráveis meninas, e muito belas por sinal, mas não disse nada a respeito das descobertas com elas, só que temos um problema, se o meu suspeito for o mesmo do senhor, elas correm perigo.

_O vizinho, seu Joaquim. Disse o delegado.

_Isso mesmo, o vizinho.

_Mas diga-me qual evidencia colheu de relevante interesse.

_Nosso suspeito usou de um cuidado meticuloso para que não fosse pego, o crime cometido que o denunciou, primeiro foi à mentira, a sua esposa e filhos não estão viajando, na verdade ele está divorciado, o Rodolfo me contou. Outra coisa, ele não está na casa ela esta fechada, o portão da casa dele é de grades, isso me permitiu colher a digital que acredito ser dele por ser o ultimo a sair da casa, assim eu fiz e vim correndo para cá, comparei a digital, e pronto, bateram todas, o cretino esqueceu-se de limpar a capsula deflagrada, outro dado que chegou a minhas mãos muito importantes foi o fato desta capsula estar já com sinais de ferrugem na parte interna isso prova que ela não foi disparada naquele dia, os dados estão todos aqui neste relatório que preparei, de uma olhada. Há e outra coisa que nem reparamos, a trajetória da bala disparada tem uma inclinação, de forma que quem a disparou era de uma altura de mais ou menos um metro é noventa, a vitima tinha um metro e setenta, portanto não teria como ele fazer aquele disparo contra ele mesmo em um ângulo de vinte graus acima. Se ele tivesse feito o disparo teria sido de baixo para cima, ou no máximo em linha reta e o projetil teria atravessado seu crânio, coisa que não aconteceu.

_Muito inteligentes parabéns André, deixe-me ver isso.

_Fique a vontade.

O delegado toma os papeis nas mãos, um sorriso desponta em seu rosto.

_Temos um problema meu jovem, as meninas e o empregado.

_O que têm eles delegado não estou entendendo.

_Veja bem no dia em que o interroguei o vizinho a sua frieza foi a tal ponto de ate chorar na saída, quando pedi um taxi para que os levassem. Outra coisa em momento nenhum ele me olhou nos olhos, não gosto quando interrogo alguém que não me olha nos olhos, a experiência me ensinou que pessoas assim, geralmente são as culpadas. Se ele teve essa frieza toda para matar o vizinho, acredito que ele esteja planejando algo contra elas.

_Mas por que, será que ele seria capaz de tal coisa, não era para ele estar fugindo nessa hora.

_O problema dele, acredita eu, e olha que já vi inúmeros casos assim, ele é um psicopata de dupla personalidade.

_O que estamos esperando então, vamos até lá antes que ele aja qualquer coisa você deixa algum policial de plantão.

_Certo, mas não no carro da policia, se ele estiver por preto poderá fugir, vou mandar policias cercarem o quarteirão, tenho um palpite forte que ele não viajou, só fez parecer que viajou.

O Delegado Claus pega o carro do investigador e ambos partem para a suntuosa mansão verde.

Enquanto isso na mansão.

A campainha toca, o empregado Rodolfo vai atender, quando abre vê o vizinho com presentes embrulhados em uma sacola.

_Joaquim tudo bem, entre, por favor, as meninas estão aqui.

_Obrigado, eu vi quando elas chegaram, tomei a liberdade de comprar alguns presentes. Espero que elas gostem.

_Com certeza iram adorar.

Joaquim e Rodolfo entram e vão direto para a sala, não a do crime, mas outra sala que ficava na parte de traz da mansão, as meninas estava assistindo neste momento, quando elas as o viram levantaram-se, apenas a mais velha o comprimento com um abraço bem apertado, a mais nova apenas disse um oi sem expressar nenhuma reação, havia certo temor em seu olhar que foi percebido pelo empregado, mas que acabou ignorando aquilo. Todos ficaram na sala conversando, Joaquim não tirava os olhos da mais nova, a atitude estranha do vizinho começou a gerar medo, mas como não sabiam o que fazer tentava disfarçar o nervosismo.

Rodolfo sutilmente senta-se ao lado de Ana, a mais nova das filhas, ela temerosa segura às mãos do empregado, uma sutil lágrima escapa de seus olhos, a irmã mais velha percebe que alguma coisa esta errada, então tanta sair daquela situação.

_Joaquim adoramos a sua visita queira nos perdoar mais temos que sair daqui a pouco, marcamos com uma colega que aa muitos anos não víamos. Disse a mais velha.

_Tudo bem, eu acompanho vocês, ate a casa da sua amiga, disse o vizinho em um tom de voz diferente.

_Que isso não precisa se incomodar, vamos sozinhas mesmo.

_Acho que você não entendeu mocinha, disse Joaquim arrancando da cintura um revolver trinta é oito, vamos dar um passeio sim só que eu e a Ana, não é mesmo Ana, para relembrar os velhos tempos.

_O que é isso meu Deus Joaquim você enlouqueceu, disse Rodolfo abraçando a jovem Ana na tentativa de protegê-la.

_Calado seu babaca, se não enfio uma bala na sua testa como fiz com o babaca do seu patrão.

_Então foi você, mas porque, ele não te fez nenhum mal, porque isso, eu nunca que esperaria de você tal coisa.

Rodolfo e Azira a irmã mais velha se afastam, enquanto o sinistro vizinho aproxima de Ana, tomando-a pela cintura. A coitada não parava de chorar.

_O que você quer com minha irmã, pergunta Azira, você é um mostro esse tempo todo e nem tínhamos percebido, agora entendo o motivo de minha irmã do nada resolver ir para Alemanha, agora entendo o medo que ela tinha de tudo, sempre chorando pelos cantos, sempre trancada no quarto, agora entendi tudo, todo o carinho que papai dizia que você tinha com ela, seu mostro, animal, você abusava dela diga a verdade.

_Eu a amava, e a amo ainda, seu pai nunca entenderia, era amor, eu a amo ainda, por isso tive que eliminar seu pai, não gostei quando ele a mandou embora, eu disse para ela se não ficássemos juntos teria consequências.

_Seu mostro seu lugar é na cadeia, seu animal.

_Cale a boca me de a chave do carro, agora rápido vamos, anda, vamos é para ontem.

Rodolfo e Azira pegam a chave de uma Mercedes, todos se dirigem para a garagem.

Neste momento o delegado Claus chega na mansão, estaciona o carro, vê que o portão está aberto, isso lhe traz um pressentimento ruim.

_André tem algo de errado, vá por traz eu vou pela frente, pela garagem, a porta está meio aberta, temo pelo pior, e cuidado. Disse o dele gado.

Quando o delegado se dirige para a porta, percebe que a porta da garagem começa a abrir, quando Ana que está próxima da Mercedes vê o delegado do lado de fora, em uma reação impulsiva sai correndo na direção do dele gado, ao vê-la sair Joaquim dispara contra o delegado, que também dispara revidando. O tiro foi certeiro, bem no meio do peito, o corpo cai pelo chão sem reação alguma, o vizinho monstruoso não respira mais, está morto, o delegado foi atingido de raspão no braço.

Ao ouvir o disparo o investigador corre com armas em punho, mas tudo já estava resolvido e a jovem a salva.

Passado o susto as meninas contaram tudo o que tinha acontecido na casa, toda a conversa que tiveram com o assassino do pai, o caso estava resolvido, e o delegado satisfeito, agora poderia se aposentar com tranquilidade.

Após esse episodio as meninas venderam a mansão verde, e junto com o empregado Rodolfo, foram para a Alemanha. Já o delegado Claus foi viver em um sitio não muito longe da cidade de Bragança, curtindo a natureza ao som de pássaros em pescarias tranquilas junto a sua esposa.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 20/01/2015
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