A ilha do mistério parte dois.

A ilha do Mistério.

Parte Dois.

A notícia do aparecimento da mãe de Azira depois de mais de dez anos foi um alvoroço, todos na ilha queriam informações, pois todos a conheciam. Do lado de fora da casa do seu Felício ficou abarrotado de gente querendo ver a mãe da jovem Azira, seu nome era Anita. Naquele dia não houve pesca, os amigos mais próximos de seu Felício era o dono do quiosque que tentava acalmar a multidão que estava do lado de fora da casa.

_Queremos saber se é verdade que vocês encontraram a Anita, é verdade que ela está viva depois de todos esses anos, queremos vela, disse um dos pescadores.

_Tenham calma, por favor, tenham calma, é verdade sim que nos a encontramos na busca que foi feita pela manha, ela está muito machucada e se recupera neste momento, é uma surpresa para nos também que a encontramos, e como vocês estamos curiosos de informações, mas primeiro devemos deixa-la se recuperar para que ela mesma diga o que houve.

_ Caso precisem de ajuda estamos dispostos a colaborar, disse os pescadores.

_Obrigado, no momento precisarei de algumas mulheres umas três, para que cuide da Anita, no que for preciso. Disse seu João.

Rapidamente três senhoras se apresentaram para cuidar de Anita, ela estava ferida, muito fraca e muito suja. As três senhoras entraram na casa de seu Felício a fim de cuidar da mãe da moça, que não saia todo do lado se sua mãe.

O velho lobo do mar acostumado a tantas aventuras não conseguia assimilar o que estava diante de seus olhos, depois de mais de uma década de desaparecida, quando todos acreditavam que ela estava morta, sua filha surge assim do nada, havia muitas perguntas a serem feitas, uma chama de esperança se acendeu no coração do velho pescador e de sua neta; se a sua filha estava viva o seu pai também poderá estar vivo, perdido por ai e quem sabe ferido.

_Seu Felício me perdoe, mas vou ter que retornar para o quiosque, qualquer coisa é só mandar me chamar, estarei à disposição, disse seu João.

_Obrigado meu amigo, respondeu seu Felício, qualquer coisa eu lhe chamo, o melhor que temos que fazer agora é esperar, só depois de minha filha recuperada é que saberemos como e onde ela esteve todo esse tempo, e saber do meu genro também. Ate mais amigo.

Enquanto as senhoras cuidavam das feridas de Anita e a limpava, Azira foi ate o seu avô que estava sentado na varanda da casa.

_Vovô me diga uma coisa.

_Pergunte minha neta.

_Como foi no dia em que minha mãe desapareceu, ou melhor, quando vocês perceberam que eles não voltaram do mar.

_Seu pai costumava voltar no fim da tarde, quase ao entardecer, sempre foi assim, mas naquele dia não sei o que deu nele para sair naquele tempo feio que se formava, pedi a ele que não saísse, mas seu pai era teimoso, sua mãe mais ainda, quis ir junto, supliquei que esperassem passar a tempestade mas não quiseram. Quando anoiteceu que percebi que não voltaram comecei a me preocupar, mas seu pai sempre foi um pescador experiente conhecia o mar tão bem quanto eu, imaginei que voltariam pela manhã, a tempestade já tinha passado, coloquei você em minha cama e fui dormir na cadeira de balanço, quando foi no outro dia nada do seu pai e sua mãe. Dai deixei você com uma senhora amiga de sua mãe e saímos em busca de seus pais, passamos o dia todo no mar, não achamos nada, repetimos por dias e nada foi encontrado.

¬_Vovô então por que não pediram ajuda as autoridades, marinha policia sei lá.

_Fizemos isso, mas ninguém quis ajudar, estávamos sozinhos, continuamos a procurar por dias, mas foi em vão, foi ai que concluímos que o seus pais estavam mortos.

Já era tarde o sol começava a declinar no horizonte, as senhoras haviam limpado as feridas de Anita trocado suas roupas e feito curativos, elas também usavam ervas nativas para curar as feridas maiores, Anita estava ainda muito fraca e mal conseguia pronunciar as palavras, a noite veio rápido as senhoras se propuseram dormirem na casa de seu Felício e lá ficariam o tempo que fosse necessário, Azira ficava quase o tempo todo auxiliando a as senhoras no cuidado com a sua mãe.

No outro dia.

Os raios do sol surgiram no horizonte do mar, as ondas estavam mansas e a praia estava com poucos pescadores, era domingo e geralmente nesse dia poucos pescadores iam ao mar. O amigo de seu Felício que era dono do quiosque resolveu visita-lo, levou algumas coisas que talvez fosse necessário, era quase nove da manhã quando ele chegou a casa do amigo.

_Olá bom dia. Disse seu João enquanto batia na porta, seu amigo veio abrir a porta.

_Bom dia seu João, o que devo a visita do amigo, entre o café tá quase pronto, dona Marli que está nos ajudando está acabando de passar, tenho novidades interessantes.

Seu João colocou a sacola com as coisas que trouxe em cima da mesa, ao virar-se na direção do quarto qual não foi a sua surpresa, estava Anita já sentada na cama, tomava uma sopa que outra senhora lhe dava, embora estivesse ainda fraca já conseguia falar e reconheceu a todos, inclusive o seu João.

_Mais como isso é possível, santo Deus, seu Felício isso é um milagre, eu não consigo acreditar no que meus olhos estão vendo, lágrimas corriam do rosto do amigo de seu Felício, ele foi um dos que mais ajudou nas buscas quando a Anita havia sumido.

_Vá ate lá não tenha medo, vai, dizia a Jovem Azira com um sorriso de ponta aponta nos lábios.

O amigo de longa data aproximou-se lentamente, puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da cama, Anita sorriu, ele chorou, afinal eram mais de dez anos que eles não se viam de repente todos estavam emocionados e com os olhos cheios de água.

_Eu pensei que nunca mais iria te ver, que você estivesse morta, todos na ilha pensavam, mas de repente vem a noticia que tinham te encontrado no meio da ilha, quase não acreditei, ele dizia isso enquanto segurava as mãos finas e delicadas de Anita. Ela sorriu novamente e lhe dirigiu as primeiras palavras.

_Eu tive saudades de todos vocês, nunca pensei que os viria de novo, mas um milagre me trouxe de volta, neste momento lágrimas escorriam dos olhos de Anita, para que esse milagre acontecesse meu amado esposo teve que dar a sua vida, graças a Deus e a ele estou aqui novamente.

_Se não for incomoda-la como foi que tudo isso aconteceu, você poderia me contar.

_Claro que sim meu amigo, eu estava esperando por você, eu disse ao papai que contaria no momento em que você chegasse, afinal somos amigos desde pequenos, e você ajudou a mim e meu esposo tanto é o mínimo que devo fazer.

Uma das senhoras há via preparado o café, pães caseiros e frutas nativas, do jeito que Anita gostava a jovem Azira não desgrudava um minuto da mãe, ajudava em tudo o que ela precisava, sua mãe acariciava o rosto da filha, admirando o quanto ela cresceu e na mulher linda que se transformou.

_Seu João, disse Anita, não era da minha vontade sair ao mar naquele dia, mas o meu esposo teimoso, e auto confiante, saiu assim mesmo, eu não podia deixa-lo sair sozinho, embarquei junto dele, e rumamos ao alto mar, as ondas estavam furiosas, não conseguíamos ver nada, em dado momento meu esposo perdeu o controle do barco, ficamos sem motor e a deriva, quando a tempestade passou, não sabíamos onde estávamos, um barco grande nos encontrou dias depois, era estrangeiro, Alemães eu acho, estávamos com fome e sede, eles nos resgataram e nos levaram para aquele lugar distante, fomos deixados no cais de uma cidade que não conhecíamos, logo depois vimos uma outra embarcação, essa era Portuguesa, nos escondemos nela e fomos parar em Portugal, e lá ficamos todo esse tempo, como mendigos, é uma longa historia mas com muito custo depois de mais de dez anos nas ruas sem esperança, sem nada meu esposo e eu conseguimos bolar um plano de vir embora. A segurança portuguesa com os mendigos é excelente, foi muitas vezes que éramos pegos e presos pela policia, meu esposo teve que roubar para sobrevivermos, depois de tanto tempo, ele conseguiu me colocar em um cruzeiro que viria para o Brasil, fiquei dias nos porões.

_E seu esposo, perguntou o amigo,

_Bom foi nesse dia que ele morreu ao me colocar escondido no porão do navio, um guarda vil ele lutou com ele na tentativa de impedi-lo de parar o barco, acabou sendo morto com um tiro no peito. A essa altura o barco já tinha partido eu nada pude fazer.

_E como você foi parar na ilha.

_Eles me encontraram, me interrogaram, mas tive medo de explicar toda historia, eles me colocaram em um pequeno bote e me largaram no mar, foi os ventos divinos que me trouxe ate nossa ilha só que fui parar do outro lado da ilha, ai já é outra historia foi difícil ficar viva ali.

_É melhor você descansar minha filha, disse seu Felício.

_Também acho, amanha você nos conta mais, descanse, disse seu João.

Era quase onze horas, seu João despediu-se da amiga e saiu abismado cm o que acabara de ouvir, parecia coisa de filmes, de um lado ela estava alegre pela vida da amiga do outro ele estava triste pela morte do amigo.

Avida de todos seguiu o seu curso, depois de algum tempo todos na ilha ficou sabendo da historia toda poucos acreditaram, outros mais próximos sabiam da veracidade dos fatos, seu Felício continuou com a pesca, junto da mãe e da filha, e a ilha do mistério continuou no mesmo circulo de sempre com suas historias mirabolantes, umas verdadeiras e outras nem tanto.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 29/12/2014
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