SEGUNDA OPORTUNIDADE

Amanda dirigindo a caminho da praia pensando na dura discussão que havia tido em casa, seu pai havia gritado com ela, a mãe a acusara, tudo porque eram velhos e não a compreendiam, as lágrimas rolavam em seu rosto com o gosto amargo da humilhação de ouvir tantas grosserias, dos seus próprios pais, agora não voltaria ao seu lar enquanto eles não lhes pedissem perdão, a medida em que pensava, seu pé afundava no acelerador e corria na estrada solitária, pois nenhum veiculo estava trafegando por ali, já passavam de uma hora da manhã e chovia, magoada não sentia medo, apenas desejo de chegar a praia e montar acampamento com seus amigos, barulhentos mais capazes de reanimá-la, isso era tudo que precisava naquele momento de pessoas felizes que lhe dessem motivo para sorrir, estava certa que todos a aguardavam principalmente o Renato, só de pensar naquele homem seus problemas diminuíam, ele era seu tudo, lindo, moreno, corpo atlético, olhos verdes, cabelos caracolados e a pele perfumada e macia, sem falar na maneira que lhe seduzia, com carinho e hálito quente na pele, tudo aquilo seria o bálsamo para sarar as feridas que seus pais haviam aberto em seu coração, estava resolvida a partir daquela noite encontraria um novo lugar para morar pediria a Renato para levá-la com ele, seria agora sua mulher, não poderia perdoar tudo que ouviu dos seus pais, sua mãe a chamou de” cadela no cio”,” porcaria de filha” seu pai reforçou as palavras dizendo que ela era mesmo o desgosto da família, ai meu Deus preciso esquecer; pensou ela .

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Amanda abriu os olhos e viu uma enfermeira, aproximou-se dela, chamou, gritou e nada da enfermeira lhe dar atenção, veio um médic, ela fez a mesma tentativa de comunicação e não conseguiu, puxou o braço e ele nem sentiu o toque, olhou desesperada a sua volta e viu seus pais em desespero, chorando e lamentando, foi até eles, afagou seus rostos, os abraçou, falou palavras de conforto mais ninguém lhe ouvia, o que estava acontecendo questionou-se, não compreendia parecia invisível a todos e nem mesmo sabia que lugar seria aquele em que estavam. Se sentia derrotada, pois não havia como se comunicar, todos estavam surdos. virou-se para a direita e viu seu corpo sobre o leito do hospital, com vários curativos, ficou atordoada, como podia, ela estar perfeita sem dores andando, falando e aquele corpo? Seu corpo é claro, estar deitado e completamente ferido na cama? E agora? O que estava acontecendo?

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Preocupada e sem meios de dizer a seus pais que ouvia seu pedido de perdão, que recebera a demonstração de amor, que os amava e os perdoava, não tinha como falar com eles, não era ouvida, a conexão entre eles havia sido interrompida e não havia meios para ela confortá-los. Estava agonida quando viu uma pequena luz, em meio a toda a confusão correu em sua direção mais de nada adiantou não chegou a lugar algum voltou ao mesmo local e lá estavam todos tentando trazê-la de volta .

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Uma semana depois de muito sofrimento, seus pais segurando em suas mãos, viram –na abrir os olhos e dizer eu amo vocês e serei uma nova vida e pessoa. Seus pais a abraçaram, envolvendo-a com todo amor, e lhes explicaram que ela havia batido com o carro em uma enorme árvore e que só Deus sabe como foi socorrida até aquele hospital, pois quem a levou até lá, jamais foi visto.

Carmem Lacerda
Enviado por Carmem Lacerda em 28/01/2012
Código do texto: T3466179