Confissão de uma suicida (completo)

Eu já estive assim, exatamente aonde você está agora, do mesmo modo, com os mesmos problemas, o mesmo ódio de si mesmo. É eu estive nessa situação, aonde cada problema faça com que a faca da cozinha fique mais tentadora, a cada fato que acontece faça com que tenhamos vontade de pular de Bungee jumping sem equipamento, no meio de uma avenida movimentada. É eu estive assim, eu vejo você, uma pessoa fraca, que dá nojo de olhar, sabe, eu sinto o sangue da sua veia querendo pular para fora, e porque não ouvi-la? Sua sede quer ser saciada, então porque não fazê-la? Mas saiba. Não há volta.

Essa é uma noite serena, a lua brilha no céu limpo, as estrelas brilham em busca de olhares para admirá-las, e você aqui, deitada nesse chão. A casa já não era a mesma. O vaso que fica no balcão, não está mais ali. As cortinas já não são da mesma cor, e existe um cheiro podre no ar, o que será? Havia pratos e copos espatifados no chão, não parecia haver vida naquele local, mas eu sei que está ai ainda, não quer vir? foi o que você escolheu, está com medo? Não sinta. Ainda respira, falta coragem, fracote, o que acha que está fazendo? Acha que resolverá assim as coisas? Humano frágil, eu estou aqui, te ajudarei a fazer isso, pois é isso que quer não é?

__Por que coxixa em meu ouvido?

"Olha, agora você me ouve, interessante..."

__O que quer?

"Você."

__Por que sou tão importante para você?

"Será que devo responder a isso? Ahhh, ver sua alma definhando me deixa numa excitação..."

__Não sabia que minha situação excitaria alguém.

"Você tem um senso de humor que muito me agrada (pequena risada), mas me diga o que fez você chegar aqui? Nesse ponto? Vamos, não fique com medo, se você me visse ai deveria ter medo, mas já que não me fale, me conte sua história."

__Onde você está, hãm? É impossível, cadê você, Ahhhhhh (gritava enquanto batia forte os braços no chão), SAIA DAQUI.

"Eu não posso sair, você me trouxe aqui."

__O que?

"Eu não posso simplesmente sair."

__Como eu te trouxe aqui, você é o que? A morte?

"Apesar do que acontece aqui, não."

__Então é o Diabo?

"Apesar de coxixar, eu não tenho tanto estilo quanto Lúcifer, ele pede algo diferente do que eu quero..."

__O que quer?

"Não finja que é tonta, eu já falei, sua história."

__Por que quer a minha, deve gostar de ver desgraça.

"Eu só vejo, se a pessoa ver."

__O que? Você fala como um Sensei.

"Um Sensei é uma pessoa que não existe se achar que não existe."

__Por que não sai da minha cabeça, não existe nada aqui.

"Olhe em volta e pense na sua resposta."

__Veio para me punir?

"Apenas você pode se punir."

__É o que eu quero.

"Apesar disso, preciso que me conte sua história.

__Eu não deveria.

"Conte-me, apenas isso, conte-me, o resto fica por sua conta."

__Minha conta, então deixe por minha conta agora, SAIA DAQUI...

"Sua boca fala para eu sumir, mas você não, você realmente não quer que eu vá."

__Por que me tortura? Voz imunda. Por quê?

"Você que está torturando a si mesma."

__Então me deixe.

"Não posso, nunca a deixarei."

__SAI DAQUI! AHH (gritava enquanto se agonizava no chão, tapando os ouvidos).

"Não adianta, quando falo o som não vai aos ouvidos."

__SAI DA MINHA CABEÇA, SAI, AAAAAAAH, SAIIIIIIII.

"Não adianta."

__O que você é, aparece, voz vagabunda, APARECE.

"Não é tão fácil."

__Eu estou louca, só pode ser, deve ser isso, AAAAAAH.

"Não está louca, só não que escutar."

__Por que devo acreditar em você?

"Você decide isso."

__Gostaria de te ver, acho que a situação ficaria mais agradável assim.

"Por que não fazemos um trato?"

__Que tipo?

"Eu te mostro minha face se você me contar a sua história, e me vendo você decide seguir adiante ou não."

__Por que eu deveria concordar com isso.

"Não tem que concordar, apenas ficará a mercê de sua curiosidade."

__Pelo menos não está incluída a minha alma nisso.

"Para que se já a tenho."

__Como você a tem? Você não é a morte, não é o Diabo, então você é Deus?

"Ele é grandioso demais, para ser apenas essa voz que coxixa."

__Então me explique, como tem minha alma?

"Para que, se não quer nem me contar a sua história."

__Então inclua isso no trato.

"Não mudarei, a escolha é sua, quer saber quem eu sou? basta apenas contar.

__Eu aceito.

"Então me conte."

__Não é fácil conversar.

"Depois desse dialogo todo de gritos, entre sussurros, temos sim uma conversa."

__Eu...

"Vamos, conte..."

__Quem está ai?

"Continua sendo apenas eu."

__Por que sua voz mudou?

"Minha voz não é única, mudo sempre sem mudar."

__Frase ilógica.

"O mundo é feito de coisas ilógicas, mesmo assim você vive nele."

__Volte naquela voz, essa me assusta.

"Você se assusta apenas com uma voz?"

__Essa situação me assusta, principalmente quando você apareceu do nada, ou melhor, sua voz.

"Devo realmente mudar, essa voz não te lembra a nada?"

__Por que gosta de fazer eu me lembrar das coisas?

"Isso me alimenta."

__Mas por que essa voz? Por que a voz de meu pai?

"Por causa do ódio que você sente por ele."

__Se você mudar a voz, eu conto a minha história.

"Está melhor essa?"

__A voz da minha mãe.

"Você adorava ela, quando ela te pegava no colo e cantava musicas de ninar."

__Sabe demais da minha vida.

"Eu preciso saber, é meu dever, sei também que ela morreu quando você tinha apenas sete anos, e que seu pai bebia muito depois disso."

__Ele me espancou várias vezes, cheguei a ficar internada por uma semana.

"Por isso odeia ele."

__Mas me livrei dele quando eu tinha nove anos, fiquei dois anos sofrendo na mão daquele desgraçado.

"A justiça te livrou dele."

__Também pudera, depois que eu peguei coragem de denunciar ele. Eu cheguei na delegacia com o meu rosto desfigurado, ganhei o caso na hora.

"Saímos outra vez do assunto."

__Pelo menos me sinto melhor em dizer isso.

"Tirei um peso das suas costas."

__Um entre milhares não faz diferença.

"Mas ajuda."

__Ajudou sim.

"Então me conte."

__Ok, nossa você é irritante.

"Só estou espelhando você."

__Isso me leva a dizer que isso é uma doideira, complicada, sem nexo, quer saber deixa eu contar a história para você assim eu descubro quem você é, e assim você vai embora.

"Está bem."

__Sabe eu estava vivendo uma vida normal, uma família (a que me adotou), amigos, três amigos na verdade, Samuel, Renata e Matheus, uma vida mansa, depois do que passei quando criança.

"Mas se você tem tudo isso, por que você quer fugir assim?"

__O fato é que eu trouxe só desgraça para todos.

"Por quê?"

__Eu tinha um namorado, sabe namoro de adolescente, coisa boba, mas fazer o que...

"Isso ainda não explica."

__Nós tínhamos nos separado há dois anos, ele na época era a coisa mais importante para mim, mas ele foi embora, me deixou, isso já faz dois anos, eu havia até esquecido dele, mas ele apareceu de novo.

"Faz muito tempo que ele apareceu?"

__Umas duas semanas, eu ganhei uma bolsa para a faculdade, e justamente no meu primeiro dia ele apareceu, ele me esperava na portaria da faculdade, não sei como ele sabia que eu estaria lá, e... Ele estava diferente, eu não consigo explicar.

"Tente."

__Por quê?

"TENTE."

__Tabom, calma, você é sempre assim? Sem paciência?

"Tenho a paciência do mundo ao meu redor, mas a quem me dirijo quero respostas..."

__Ta, com certeza eu estou ficando louca, mas bom se eu estou não é novidade.

"Todos somos loucos, não existe no mundo alguém normal, se existir, eles que deveriam ser denominados loucos."

__Está me dizendo que os normais são loucos e os loucos normais, isso não faz o menor sentido.

"Faz sentido quando se dá atenção a frase, preste atenção."

__Essa frase poderia denominar a minha vida toda.

"Estamos perdendo o foco da conversa."

__É difícil manter o foco, principalmente estando no chão da sala, que está completamente destruída, falando sozinha, ou melhor, com uma voz no pé do ouvido.

"Tudo tem uma primeira vez."

__Essa situação é estranha demais para o meu cérebro processar.

"Você passa todo dia por coisas estranhas e bizarras, e não percebe, seria eu realmente o estranho?"

__Anda me seguindo?

"Não preciso segui-la, sei apenas, mas me conte, continue.

__olha ele estava estranho, mais magro, mas um pouco bombadinho nos braços, bem bonito posso admitir, o mesmo corte de cabelo, o mesmo jeito de andar, mas algo nos olhos dele me fazia sentir medo.

"Ele te fez algo?"

__Fez.

"O que?"

__Calma, a melhor coisa quando se é contada uma história é o suspense que soltamos no ar, é um modo de fazer a pessoa se contorcer para saber o que vem depois. Para uma pessoa, você eu já não sei o que é.

"Hum, eu te mostrarei logo, só continue a história."

__ Sabe, eu até poderia te contar, mas acho que não vou, por que deveria?

"Quer quebrar o trato?"

__Eu duvido que você me mostre quem você é...

"Eu não sou desleal, estou aqui, estou ali, posso estar em qualquer lugar, mas nunca me movo, a menos que me movam, não sou de quebrar tratos, já você, não imaginei que fosse tão fracassada assim."

__Olha quem fala. O que te diferencia de mim?

"O que? Acho que você não percebeu ainda."

__Perceber o que? (Falando enquanto se levantava daquele chão imundo) POR QUE MINHA HISTÓRIA É TÃO IMPORTANTE PARA VOCÊ HÃ? POR QUÊ?

"Chega com isso, quer quebrar o trato tudo bem, mas não te deixarei."

__Eu continuo se me prometer parar com isso.

"Um trato de cada vez."

__Ora essa.

"Ah, vamos, o que você tem a perder?"

__Você sabe mesmo como persuadir uma pessoa.

"Fazer o que, continue de onde você parou."

__Ele veio falar comigo, como se não quisesse nada, veio e falou oi, mas seu papo foi cortado pelo o meu namorado atual.

"Ex e atual juntos, curioso...

__Ele veio e me beijou.

"Um beijo apenas... que pena"

__Voz tarada ein...

"Você não sabe nem um pouco de mim ainda, descobrirá e conscientemente me julgaras, mas por enquanto me deixe curti um pouco..."

__ Eu nem falei o nome deles né?

"Quais são?"

__Nossa, realmente está excitada com a história, eu devia te deixar curiosa, ou curioso, nem sei mais o que dizer.

"Você decide se conta os nomes ou não, a história ficará incompleta assim, e não me mostrarei, você tocou no assunto, agora você decide se conta.

__Esta bem, nome dele era Ricardo e meu Ex era Diego.

"Nomes bonitos, principalmente Ricardão (risos)."

__Será que devo falar o meu, você não perguntou, deve saber.

"Nathalia."

__Está bem informada, bom continuando, quando Diego viu Ricardo me beijando fez um olhar que me deixou meio assim, desconcertada.

"O que ele fez?"

__Ele saiu, nem vi para onde foi, mas voltei a vê-lo poucos dias depois, era de noite, ele veio em minha direção e sorrindo me pediu que eu o aceitasse de volta, mas eu não podia, eu amava a outro, eu respondi isso a ele e...

"O que aconteceu?"

__Ele me deu um tapa, e saiu correndo.

"Ninguém viu?"

__Não, pois era de noite, e ele aproveitou a viela perto de casa, passo por lá todo dia para chegar aqui.

"Cafajeste"

__Digo o mesmo, mas isso não é o pior.

"Dá para perceber, um simples tapa não traria você aqui, nesse estado."

__Ele gritou para mim "Você é minha."

"Ele acha que tem o direito por sua alma tanto quanto eu tenho. Pirralho iludido."

__Ficou bravinha foi.

"Todos temos os nossos momentos."

__Quem diria que uma voz sem dono teria reações, ciumenta.

"Você poderia continuar a história?"

__Sabe quando eu disse que ninguém havia visto o tapa.

"Lembro."

__Não é totalmente verdade.

"Havia alguém lá?"

__Havia, Ricardo tinha me seguido, ele queria fazer uma surpresa quando eu chegasse em casa.

"O que ele fez?"

__Ricardo viu o tapa, mas já que estava longe não pode me defender, Ricardo ficou na espreita e quando Diego foi embora o Ricardo veio em minha direção, achei que ele fosse me socorrer, mas ele veio tirar satisfação comigo.

"É de se esperar, um cara vê a namorada levando um tapa de outro, provavelmente acharia que ela teria um caso com ele e estaria escondendo dos dois."

__Sabe se você parar de falar um pouco talvez eu consiga contar direito a história.

"Esta bem eu calo a boca, mas continue a contar."

__Ele começou a reclamar.

Imaginem essa situação, Nathalia e Ricardo brigando num beco quase tomado pela escuridão, enquanto discutiam eles andavam em direção da casa dela.

__O que foi aquilo ali atrás ein Nathalia.

__Ricardo? (virando- se assustada ao ouvir a voz dele) Co... Como chegou aqui?

__Eu te segui, queria fazer algo especial, mas o que eu encontrei foi você levando um tapa, quem é ele, o que foi aquilo?

__Não foi nada.

__Como não? O cara te deu um tapa, era aquele cara que olhou estranho para a gente, quem é ele?

__Meu ex.

__Por que ele veio atrás de você?

__Ele queria voltar comigo, mas eu disse não, pois te amava, ai ele me deu o tapa.

__Se você se encontrar com ele de novo...

__DE NOVO O QUE? (elevação na voz dela). O que? Você acha que eu queria me encontrar com ele de novo? Ele me pegou de surpresa, o que eu poderia ter feito.

__Só me avise se ele chegar perto de você de novo, na próxima ele vai saber o gosto do chão.

"E ai o que aconteceu?"

__Naquela noite mais nada, ele me acompanhou até a minha casa e ficou comigo a noite inteira para garantir que ele não aparecesse.

"E ele apareceu?"

__Apareceu, mas dois dias depois do ocorrido, ele veio bater a porta de casa,era de manhã, e Ricardo estava lá.

"Saiu briga."

__Ahh eu não consigo mais contar.

"Tente, sei que consegue. Você precisa disso."

__Dói demais.

"A única dor que você sentirá é a dor que você proporcionará a si mesma se não falar."

__Está preocupada comigo?

"Estou há muito tempo."

__Como se nem me conhece?

"Conheço-te a mais tempo do que você imagina.

__ENTÃO ME FALE QUEM É.

"Tenha calma, siga o trato que falo e eu te mostro minha face.

__O que aconteceu depois, é isso que quer saber?

"Quero saber de tudo."

__O que aconteceu foi que eu vi aquele desgraçado atirar na cabeça de Ricardo, eu vi (falando enquanto se ajoelhava no chão) Ele atirou, eu vi Ricardo caindo até o chão em um som mudo, apenas havia a fumaça na arma aonde a bala saiu, e o olhar psicótico de Diego olhando para o alvo.

"O que aconteceu a seguir?"

__ A seguir ele olhou para mim e veio para cima, não falou uma palavra, só me pegou pelo cabelo e me puxou até o quarto, onde me jogou na cama.

"Ele te estuprou?"

__Não, eu não deixei, eu preferia que ele atirasse em mim.

"Mas você não morreu, então aconteceu algo."

__Ele começou a falar, e o que ele disse, me deixou tão pasmada quanto ver Ricardo caindo morto no chão.

"O que ele disse."

__Fica quieta.

"Não gosta mais dessa voz?"

__Não é a voz, é você mesmo.

"Fala logo."

__Eu falo se ficar quieta.

"E eu fico quieta se você me contar logo."

__Ele começou a falar dos meus amigos.

"O que eles têm haver com o assunto."

__CALA BOCA, eu já pedi, na próxima eu paro de falar e pouco vai me importar saber quem você é.

"Está bem."

__Ele começou falando do Matheus.

"..."

__Finalmente parou de falar.

"Eu paro de falar e você acaba me chamando, você é confusa."

__Ahhhhhh. Ele falou como matou Matheus, ele matou um dos meus melhores amigos, ou melhor dizendo, ele matou os três, meus três melhores amigos.

"Ele realmente está apaixonado por você."

__Uma paixão doentia, me contou passo a passo a morte de cada um, primeiro foi Matheus, ele disse que chegou na casa dele e já que Matheus mora sozinho, foi fácil mata-lo. Matheus não conhecia Diego, isso fez a situação ficar a favor dele.

"Ele contou mais detalhes?"

__Detalhe por detalhe.

”E ele diz que te ama.”

__Não é amor, é obsessão, mas por que o desgraçado me quer depois te tanto tempo, me abandona e depois me quer, e ainda faz isso.

"Ele deve ter achado que os outros eram ameaças."

__Tanto faz o que ele achava, ele matou as pessoas mais importantes para mim no mundo.

"Continue a contar."

__Estou começando a achar que você é o diabo.

"Eu já te falei que não."

__Mas o diabo é o rei da mentira, e com certeza veio me buscar.

"O diabo, ou melhor dizendo Lúcifer, ele não te pediria para contar a sua história."

__Quem sabe...

"Ele teria medo que você se arrependesse, isso faria perder a sua alma."

__Ele tem ela é?

"Não, eu a tenho, já disse."

__Voz mandona.

"Só estou refletindo."

__O que, eu ein, espera um pouco, por que você resolveu imitar a minha voz?

"Gostei do timbre."

__Agora sinto que estou falando comigo, devia dar mais medo, mas não, me dá conforto.

"Conforto de uma loucura imaginária."

__Gostei dessa frase.

"Estamos fora do assunto de novo."

__É divertido.

"Para você sair do assunto é divertido?"

__Não sair do assunto, mas sim a sua curiosidade, é a mesma que a minha, mas somente por uma pequena diferença.

"Temos algumas semelhanças."

__Até demais confesso.

"Você não imagina, continue a contar."

__Ta bem, também já estou cansada de rodeios.

"Então continue."

__Ele enforcou Matheus.

"Mas como?"

__Com uma corda, você é meio retardada?

"Você que não entendeu a minha pergunta."

__Eu entendi sim, estava apenas criando algum riso.

"Deve ser bom rir enquanto conta a morte dele."

__Nossa, pegou pesado.

"Não, apenas quero saber."

__Ele seguiu por dias o Matheus, o observou, até grampeou o telefone dele, apenas para conseguir a chance perfeita, e foi quando Matheus pediu uma instalação da TV a cabo.

"Ele aproveitou o momento."

__É, Diego ligou cancelando a TV a cabo, e foi fingindo ser o cara da instalação, e bom, ele entrou sem problemas na casa, pediu para o Matheus levá-lo até a TV, e foi bem na hora que Matheus virou que Diego enrolou o fio de cobre na garganta dele, sem chance de escapatória.

"Ele planejou parte a parte."

__Depois foi Renata e em seguida Samuel, os dois estavam juntos no dia, Samuel estava ajudando a Renata com um armário de parede, quando Diego chegou.

"Ele não se disfarçou?"

__Não, pois Renata o conhecia, ele chegou e bateu na porta, ele contou que eu devia ter visto a cara de surpresa dela, ele entrou sem ser convidado, e eles começaram a brigar, Diego bateu no rosto de Renata que caiu e bateu a cabeça, enquanto isso, Samuel vinha em cima dele, mas Diego estava com uma arma com silenciador, e o matou com três tiros, um na barriga, um no peito e o ultimo na cabeça, e atirou na cabeça de Renata só para garantir que ela estava morta.

"Ai ele veio aqui."

__Isso, e ai teve toda a história que eu te contei.

"Mas depois dele contar o que aconteceu?"

__Eu fiquei com tanta raiva, mas eu me contive e o desafiei, fui andando até ele, que até ameaçou atirar, mas não o fez.

"Ele fugiu?"

__Não, está lá no quarto ainda.

"Por que ele ainda está lá?"

__Pare de fazer perguntas e ouça.

"Está bem."

__Bom depois que eu cheguei perto o suficiente eu bati na mão dele e a arma voou pela porta, direto para a sala, eu corri atrás para pega-la e ele veio atrás de mim e me pegou pelo cabelo de novo, mas já que ele estava desarmando eu consegui dar um chute no principal.

"Ele mereceu."

__Com certeza. Eu corri para a sala, mas não achei a arma, e ele veio atrás de mim ainda dolorido com a mão no saco.

"Você deve ter chutado forte."

__Não o suficiente. Eu corri até a cozinha e ele veio atrás, joguei copos e pratos nele, que se espatifaram na parede e no chão em seguida, alguns o acertaram.

"Isso explica os copos e pratos no chão."

__Ele mesmo assim veio atrás de mim, eu então joguei um vaso que tinha no balcão nele, mas o filho da puta se esquivou.

"Isso explica porque o vaso não está mais lá".

__Ai ele pulou em cima de mim, mas na mesma hora eu achei a arma me virei e atirei.

"Curioso."

__Ele olhou para mim, e andou até o quarto aonde caiu morto, só percebi o que fiz ao olhar para a cortina.

"Ai chegamos ao fim esclarecendo a cor da cortina e o cheiro podre."

__Ai eu estou desse jeito, sem escapatória.

"Tudo tem escapatória."

__Tudo tem, mas agora é a sua vez, eu cumpri o trato, então cumpra o seu.

"Tudo bem eu revelarei que eu sou, mas antes vá até o banheiro."

__Pra que?

“Você me encontrará lá”.

__Está bem.

Nathalia foi até o banheiro e não viu ninguém, ela se irritou e falou:

__É alguma brincadeira? Cadê você?

"Vire-se."

Nathalia virou e para sua surpresa havia um espelho.

__Cadê você? Aqui só tem um espelho.

"Eu estou no espelho."

__Dentro?

"Não, refletida."

__Mas aqui a única pessoa refletida sou eu.

"Então. Você não percebeu nem por um instante quem eu sou. Eu sou aquela que está com você em todos os momentos, sou aquela que te ajuda a levantar quando você cai, EU SOU A SUA ALMA GRITANDO, eu sou você."

__Mas como?

“Se eu mostrasse minha face você ficaria com medo, pois a única coisa que te dá medo é você mesma."

__Então por que me pediu para contar?

"Porque você precisava, estava engasgado, isso é melhor do que uma fala sem som nenhum."

__Me fez passar por tudo isso, mente traiçoeira, quem dera trocássemos de lugar.

"Mas eu estou no seu lugar tanto quanto você está no meu, somos um só, eu sou você, e o que você quer é viver."

__Viver?

"Pois se você não viver, não terá tempo de se arrepender o bastante para nos levar para um lugar melhor, eu posso pular de pessoa em pessoa, estou em todos e em um só ao mesmo tempo, mas ninguém está em mim, a menos que queiram. eu estou em você e você está em mim?"

__Eu não...

"Sei"

Layla Vimorat
Enviado por Layla Vimorat em 16/06/2011
Reeditado em 24/05/2013
Código do texto: T3038122
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.