Carta de uma jovem morta...(parte 3)

Eu dormir tão bem, mas algo me fez acordar, um clarão que veio ao meu rosto, pensei que era o sol, mas estava quente demais, eu com preguiça abri bem devagar os olhos, mas o que eu vi fez eu pular. O quarto estava em chamas. Eu fiquei apavorada, de onde aquele fogo apareceu? Eu peguei minha mochila que estava em cima da cama, e tentei sair, havia muito fogo, mas consegui sair pela porta.

Ao sair eu fiquei surpresa, não havia fogo, não havia nada, nem fora nem dentro do quarto, resolvi não voltar lá dentro, o medo me consumia, desci correndo a escada (o quarto ficava no andar de cima) fui até a sala, e sentei no sofá, pus minha mão na minha cabeça e fiquei pensando "O que está acontecendo comigo?", sentia que eu era amaldiçoada, meus pais me odiavam, eu estou sendo perseguida por coisas sem explicações, tudo relacionado com a Victória, mas por que eu? O que ela está tentando me dizer? Eu estava entrando em desespero. Quando fui me levantar do sofá alguem abriu a porta, eu pulei atrás do sofá e fiquei observando, era um homem, meio velho, com uma barba branca e fina, parecendo o papai noel do "SHOPPING"(sem pronunciar xopin, mas xopingui, como muita gente faz para se sentir importante), o papai noel de lá era sofisticado, pouca barba sem graça, papai já não queria estar ali (só nos levou, pois meu irmão pediu para ele levar ele, e me levou para os vizinhos não comentarem que ele e mamãe não se importavam comigo), ele colocou meu irmão no colo do papai noel e meu pai tirou foto e eu fiquei apenas pensando (Coitado do papai noel, aguentando toda essa banha no seu colo, vai acabar ficando com com câimbra, ai papai para não fazer desgosto me colocou no colo do papai noel que me perguntou o que eu queria, eu respondi:

__Uma outra vida.

Ele me olhou com uma cara comovente, mas com certeza não se importava, eu olhei bem para ele e disse:

__Você nem se importa, nem o papai noel você é.

Ele me tirou do colo com força, machucando o meu braço, se levantou e disse:

__Eu sou, agora dá licença que eu tenho outras crianças para ver.

Eu fiquei com tanta raiva que dei um chute no saco dele, e nessa hora não sei como a câmera do papai tirou foto, tenho ela até hoje, dentro da minha mochila, do papai noel ficando roxo de dor enquanto se contorcia em pé, bom mas isso é outra história. Continuando, o pai dele tinha uma barba (que acabei de explicar como era)um terno refinado, daqueles putas de rico, como meu pai, mas esse gastava, dava pra ver. Eu fiquei ali parada, ai ele veio e colocou a pasta que estava na mão dele em cima do sofá e foi direto para a cozinha, eu tive que ir de fininho subir e ir no quarto da Victoria, mesmo com medo de lá, mas ele me viu e veio em minha direção gritando:

__Quem é você, o que faz na minha casa? Saia daqui ladra.

Eu não sabia o que fazer, ele continuava a falar para eu sair, fazendo as pessoas da casa acordarem, Gabriel saiu do quarto dele correndo e veio até mim, eu o abracei forte, então Gabriel começou a falar com uma voz que era direta e envolvida por uma emoção no começo rápida e se acalmando aos poucos:

__Pai, para de falar assim, ela é uma amiga minha, ela não tinha para onde ir e eu a trouxe para cá, ela ajudou Victória e eu estou retribuindo o favor.

O pai dele estava confuso, mas eu vi outra coisa nos olhos dele, não sei, só uma sensação, ele então olhou para Gabriel e perguntou:

__Como assim ajudou Victória?

A mãe dele apareceu no alto da escada e perguntou:

__O que aconteceu com a Victória?

Gabriel os chamou para o centro da sala de estar, sentamos todos no sofá e ele começou a falar:

__Mãe...pai, bom é que... caramba o que eu faço, como vou conseguir isso? __Enquanto dizia isso ele passava a mão na cabeça, mostrando desequilíbrio__ bom, mãe não se assuste, pai também, não quero ver ninguém passando mal pelo o que eu vou dizer.

O pai dele ficou apreensivo e falou alto:

__Eu vou ter um treco se você não me falar, o que aconteceu?

Gabriel olhou para ele e disse:

__Victória bateu o carro numa parede.

A mãe dele olhou para Gabriel e perguntou:

__E agora Francisco? __Nome do pai dele__Filho como ela está?

Gabriel não teve outra escolha e falou com uma dificuldade, sua voz ficou falha, e nervosa para o lado do desespero:

__Nada bem, e o acidente foi causando não por uma imprudência dela.

Francisco(agora vou usar o nome está bem) olhou para ele já com lágrimas nos olhos e perguntou:

__O que foi então?

Eu vi a dificuldade de Gabriel e resolvi falar:

__Um tiro a acertou, eu não sei se foi intencional ou bala perdida, não vi na hora, apenas ouvi o barulho do carro batendo, e ela já machucada no carro.

A mãe dele passou mal, Francisco a pegou nos braços dizendo:

__Isabelle? fique firme, isso piora as coisas, me responde, querida olhe para mim.

__Francisco minha filha, minha pequena vitória, ela tem apenas 18 anos, Fran...cis...co__Falou devagar meio que gaguejando enquanto se encolhia no colo de Francisco__Eu preciso dela aqui, minha filha, ah minha filha.

Eu vendo a situação resolvi falar:

__Eu posso ajudar, posso saber o que aconteceu com Victória.

__Como?

Perguntou Gabriel, eu respondi baixo:

__Eu não sei.

Em seguida complementei:

__Mas eu vou tentar.

Eu olhei em volta da casa em nesse tempo me veio um lapso de memória, era aqui, a casa do meu sonho, só que estava diferente, os móveis eram diferentes e a casa estava ao contrário, o que estava na direita (a construção da casa) agora estava na esquerda, eu por um momento olhei para baixo, meus pensamentos iam a mil, eu estava começando a entender porque de eu estar ali, ela queria me falar algo. Comecei a fazer esforço para lembrar do sonho, por onde eu fui, comecei a andar pela casa, Gabriel estranhou que eu sai do nada, veio atrás e me perguntou:

__O que você está fazendo?

__Eu já sonhei com essa casa, mas tem coisas diferentes, no meu sonho a Victória apareceu para mim, em um es...

Eu nem terminei de falar e avistei o espelho, estava na parede ao lado do quarto de Gabriel, então enquanto eu ia em direção do espelho eu falava:

__Nesse espelho, ela me apareceu aqui, toda ensanguentada, apavorada.

Fiquei em frente ao espelho dizendo:

__Eu fiquei em choque quando a vi daquele jeito.

__Mas isso é loucura.

E virando para ele disse alto:

__Eu não estou louca.

__Presta atenção Lucia, no que você está falando, não faz sentido nenhum.

__É porque você não viu o que eu vi, não sentiu o que eu senti, por favor me ouve, já não tenho ninguém, só você para confiar, e...

Não consegui terminar de fala, pois uma mão saiu do espelho me agarrou e me puxou para dentro, e enquanto me arrastava para o fundo daquele espelho eu via e ouvia Gabriel gritando e batendo no espelho:

__NÃO, DEVOLVE ELA, LUCIA... LUCIA...

Eu não entendia mais nada, enquanto eu me debatia percebi que quem me puxou era Victória, eu fiquei com medo, via Gabriel desesperado, batendo no espelho e chamando o meu nome. De repente ela parou de me puxar e começou a falar:

__Acho que essa é a unica maneira de você entender, preste atenção onde estamos.

Era a mesma casa, mas como vi no meu sonho, ao contrário, acho que Victória agora vai me contar o que aconteceu:

__Sabe Lucia, você vai saber a verdade, a real verdade.

__A verdade? Então me conta.Me conta Victória o que aconteceu com você.

__O que eu quero contar não é sobre o que aconteceu comigo, mas como você.

__Comigo?

__É Lucia, e finalmente eu consegui falar com você, quero te mostrar como aconteceu.

Ela apontou para a porta de entrada, e eu fiquei observando, de repente a porta se abriu violentamente e entrou uma garotinha correndo, com muito medo, totalmente desesperada, eu fiquei pasmada, ela corria, e algo vinha atrás dela, mas eu via como uma silhueta negra. A garotinha foi subir as escadas, mas ele à alcançou, e ela se debatendo contra ele, e quando foi fugindo uma parte da sua blusa se rasgou, ele tentou subir de novo, mas aquilo pegou a sua perna, eu fui atrás para ajudar, mas eu não podia fazer nada, era como se eu não tivesse ali, Victória veio até mim e falou:

__Apenas observe, não temos como interferir.

Eu tive que assistir aquilo, a garotinha conseguiu se soltar e correu para cima, mas estava cansada e ferida, ela chegou na frente daquele espelho e gritou, agora eu havia entendido a imagem que eu vi no espelho, era ela, não Victória, eu vi como Victória, pois ela me fez ver assim, ai a silhueta negra apareceu por trás dela e a acertou na cabeça, com muita força, tanta que ela bateu na frente do espelho e ele se quebrou (Aquele que estava lá era igual, mas não o mesmo de agora), eu não aguentei e corri, Victória parada gritou para mim:

__ACORDE LUCIA, ACORDE.

Eu não entendi, acorde? Eu continuei correndo, cheguei até o espelho onde estava Gabriel, ele estava batendo no espelho, eu não conseguia sair, eu gritava o nome dele e ele o meu, até que eu vi o pai de Gabriel atrás dele, com um facão super afiado, eu gritei para Gabriel se virar, mas era tarde, o pai enfiou o facão nas costas dele, e olhou para mim, e não sei como ele entrou no espelho, eu corri dele e ele vinha atrás de mim, eu já não sabia o que iria acontecer comigo, mas a unica coisa que eu devo fazer agora é fugir.

(continua...)

Layla Vimorat
Enviado por Layla Vimorat em 13/06/2011
Reeditado em 14/06/2011
Código do texto: T3033018
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