Tapa Na Cara
 
                Rua escura, becos com jeito de feitos para desfechos. De quem morre no isolamento de um caminho curto para casa, de quem dorme na calçada suja, sobre as pegadas das pessoas que passam.
Na estrada pessoas se vestem com o caráter de seus carros, indo para onde? Quem sabe o lugar?
                Vanessa caminha pela rua, madrugada em sua jornada suja. De bar em bar, corpo à mostra para quem passa e reconhece o andar, de quem está à venda. Rogério caminha pela calçada desorientado, com a bebida ao lado, braços e pernas arranhadas, quedas em sua jornada.
                Vanessa olha para os lados, malandra reconhece cada silhueta, que se estende pelas ruas, que se entregam a está madrugada escura. Ao longe ela observa uma figura que se aproxima, cambaleando seguindo em direção oposta à sua rota, ela se arruma e espera, dinheiro fácil de alguém que se entrega. Este que desespera morrer. Em sua experiência pensa Vanessa, ” melhor tirar algo antes que morra”.
                Rogério observa e gosta, carne fresca seria a resposta. Para um sofrimento sem rumo. Mulher que não lhe serve de seu fruto. Bebida para a felicidade, bebida para as piores maldades, bebida por beber. Então está presa que se aproxima, quase nua, rebola em uma rua escura. Querendo o que poderia querer, qualquer homem para um belo amanhecer.
                De um lado Rogério, de outro lado Vanessa. Corpos na estrada que esperam a chegada. Do choque das histórias, do encontro com a vítima. Vanessa se prepara, Rogério se entusiasma, então se encontram:
                - Rogério!
                - Vanessa?
                Continuam a caminhar. Vanessa se arruma, coloca um casaco,estica o braço, entra em um táxi. Ao passar por Rogério, ela dentro do veículo, o observa e quando os olhares se cruzam, Vanessa abaixa a cabeça, Rogério vira a cara.
                Três horas da manhã, Vanessa chega em casa. Kit net suja, pratos na pia. Vanessa lava os pratos, no seu rosto pranto, vai à sala e arruma. Tira o pó, organiza os poucos móveis, passa um pano no chão, esquenta o café no fogão. Rogério chega em casa, inspira o perfume de uma casa limpa, senta no sofá ao lado de sua mulher, ela lhe serve um café:
                - Pára de beber Rogério. – Implorava Vanessa.
                - E você, vai parar de trabalhar desta maneira?
                - Rogério , aqui está o dinheiro para o aluguel; luz e todas as outras despesas. – Falava Vanessa enquanto caminhava para a cozinha, lá ela pega uma garrafa de cachaça. Entrega para Rogério e lhe fala : - Rogério eu vou ter que me deitar, amanhã eu tenho que trabalhar, não vomite no sofá.
                - Boa Noite. – Responde Rogério.
Fim...            
 
                
Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 07/11/2010
Reeditado em 15/02/2020
Código do texto: T2602439
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