A loucura de Nanda
Duas horas da manhã, Nanda começa a gritar, se joga de um lado para o outro em um minúsculo quarto. Segundo andar, no final de um corredor frio, cômodo de um hospício, um quarto. Paredes, piso e teto cobertos por uma espuma devidamente revestida por um forro brando.
Os funcionários do hospício correm em direção ao quarto onde se encontra Nanda, em suas mãos comprimidos. Entram no quarto de Nanda, três funcionários. Dois a seguram pelo braço, enquanto o terceiro abre a sua boca e empurra goela a dentro vários comprimidos.
O Médico de Nanda chega ao manicômio, o chamaram no meio da noite, cansado escuta o relato dos funcionários. Após escutar com atenção o Médico Psiquiatra decide que iria chamar um colega de outra Cidade para analisar o caso.
O Médico de Nanda após entrar em contato com o colega de outra Cidade, consegue convencê-lo de verificar o caso. Passam-se três dias e ele chega, Dr. Nitiche. O Médico de Nanda passa as informações para Nitiche sobre o caso de Nanda:
- Como vai Nitiche, a muito eu leio sobre o seu trabalho com pacientes vítimas de alucinação.
- Obrigado Doutor, mas antes de aceitar o caso eu necessito de informações sobre ele.
- Nanda chegou aqui acompanhada de parentes e se internou. Estamos com ela há cinco anos. Os recursos da família estão se acabando e nós não conseguimos chegar nem próximo a uma cura ou controle de seu problema.
O Médico de Nanda informa que ela vê pessoas continuamente, realizando atividades para ela estranhas. Ela vê o corpo dessas pessoas, apesar de aparentarem humanas, elas têm características que fogem ao padrão. Certa noite Nanda viu, o que lhe parecia um homem, dando a luz uma criança, em outra noite, este mesmo homem, colocava a criança em uma estufa de vidro por alguns minutos e a criança em minutos chegava à adolescência. Em sua mente perturbada ela via um ambiente onde todas estas crianças geradas por homens ou mulheres, recebiam na cabeça uma espécie de toca, montada com vários fios e após este experimento as crianças saiam realizando diversas atividades.
Nitiche escutou atentamente o relato do Médico de Nanda. Então ele se pronunciou:
- Vou averiguar o caso.
Nitiche se encaminhou para o quarto de Nanda, observou uma mulher deitada em uma cama, amarrada e sedada. Nitiche pediu para abrirem o quarto e para que ele entrasse só. Sentou ao lado de Nanda, lhe aplicou uma injeção e em minutos Nanda despertou. Ao olhar Nitiche, Nanda gritou a todo pulmão, Nitiche deixou que ela gritasse. Do lado de fora do quarto de Nanda Médicos se espremiam tentando acompanhar Nitiche, então ele se voltou para Nanda e lhe valou:
- Sou seu novo médico, você será curada! – Nanda desmaiou.
Oito horas da manhã Nitiche entra no quarto de Nanda. Ela estava em um canto, espremida na parede. Nitiche chega devagar e fala para ela: - Eu acredito em você!
Nanda volta a sua atenção e começa a escutar Nitiche. – Nanda, nós, como pessoa, acreditamos no que o passado nos ensina pois tudo é passado, nós como cientistas, acreditamos no que a ciência determina e nós como cientistas teóricos sabemos que nada é determinante. Nanda olhou para Nitiche, arregalou os olhos e pronunciou balbuciando. – Eu li isto em uma tela que estava no ar em que alguém, que parecia estar explicando algo para um grupo, falava e as letras apareciam nesta tela. Eu consegui ler apesar de ser uma língua estranha pois eu vejo estas coisas desde criança como se fosse uma novela.
Nitiche se levanta, despede-se de Nanda que segura o braço de Nitiche, que a informa: - Eu volto. Ao sair do quarto de Nanda, Nitiche é interpelado. Vários Médicos cercam Nitiche.
- Como você conseguiu? Estamos trabalhando com ela há vários anos! – Nitiche responde.
- Simplesmente acredito no que ela fala!
- Mas, e o assunto da frase que você usou, como você descobriu que fazia parte da alucinação dela?
- Simplesmente Nanda gostou de minha atenção a ela e ela para não a perder colocou a minha frase em suas alucinações para manter a conversa. Eu então dei continuidade. Não existe o perigo desta conversa atrapalhar no tratamento, pois, ela será absorvida pelo subconsciente de Nanda e se transformará em verdade. – Podia-se ouvir em todos os espaços do Hospital o alto e sonoro ah!
No outro dia Nitiche foi novamente ao quarto de Nanda, ela estava calma, olhou para Nitiche e lhe falou: - Eu já lhe vi do outro lado. – E ele respondeu. – Eu sei.
Passaram-se meses em que Nitiche tratava Nanda. No transcorrer do tratamento Nitiche conseguiu levar Nanda, passando como etapas, para almoçar com os outros internos, tomar banho e se preocupar com a aparência. No final do tratamento Nitiche levou Nanda para comprar roupas, cabeleireiro e enfim ela recebeu a visita dos parentes que choravam, riam dada a sua melhora quase completa. Nitiche, em companhia de Nanda, não se continha em sua alegria, se voltou para Nanda e lhe falou ao ouvido. – Lembre-se, existem poucos como você e estes poucos não se comunicam, seja discreta.
Nitiche convidou Nanda para um jantar de despedida. Ela ria, não se continha, até que parou, como se retroagisse, voltasse ao medo da loucura. Nitiche se assustou e lhe perguntou:
- O que foi Nanda!
- Tem alguém do outro lado nos olhando como se tentasse nos tocar!
Nitiche a respondeu tranquilamente. – Não se preocupe, é meu próximo caso!
Fim.
Observação: Todos os nomes utilizados nesta estória são invenções minhas (autor), qualquer situação parecida com o conto é mera coincidência.
