casa de boneca

Casa de boneca

Num condomínio de luxo da cidade de Alta Glória, moravam Pedro, Patrícia e Luciana. Na sua casa de trinta e quatro cômodos havia um jardim que mais parecia um pedaço do paraíso. A residência dos sonhos de qualquer mortal. No fundo, uma piscina que de tão grande, dava para ser vista pelos aviões que trafegavam por ali. Nos quartos havia delicadeza em cada detalhe: os lençóis impecáveis na sua organização. Uma sala de brinquedos enorme. Mas o engraçado era que não havia criança morando lá.

Pedro, um médico muito importante, Patrícia uma arquiteta renomada e Luciana estagiaria de uma faculdade de direito em Alta Gloria. Três irmãos que ali viviam aparentemente normais. A vida daqueles jovens era de classe alta. Pedro sempre chegava por volta das vinte horas todos os dias. Entreva para uma parte da casa e ficava confinado por horas, da mesma forma Luciana e Patrícia também, só que cada um em num horário.

Naquela casa tinha seis empregados: Maria, uma senhora que também morava lá havia muito tempo, e hoje só dava ordem aos outros empregados. Seu Antônio, jardineiro, sujeito estranho, que não conversava muito, arrastava uma das pernas. Um homem que dava medo! Vinha uma faxineira uma vez por semana, Claudia, assim chamava a moça; alegre muito divertida e curiosa, seu maior desejo era saber o que tinha naquela parte traçada da casa. Sr. José o bom motorista e Paulo o moço que cuidava da piscina e mais dona Rita a cozinheira.

A rotina da casa todo dia era a mesma. Todos saiam e iam para o trabalho e retornavam à tarde. a mesma história de sempre: chegavam com uma caixa grande, isto três vezes por semana, entravam para aquele quarto e cada um ficava ali por muito tempo.

Na cidade estava havendo vários sumiços de crianças, entre cinco e sete anos. Maristela, uma menininha estava desaparecida há quinze dias, sua mãe não agüentava mais estava vivendo através de calmantes. Implorando a Deus que trouxesse sua filha de volta. O tempo estava passando e nada de Maristela aparecer.

Um dia, Claudia vê que todos saíram e tenta entrar naquela parte da casa, mas é quase surpreendida por dona Maria. No entanto a moça de ouvido aguçado ouviu ruído vindo lá de dentro. Então ela continuou a arrumar casa, porém aqueles ruídos não saiam da sua cabeça. Ela estava decidida a entrar e ver o que tinha ali dentro. No dia seguinte vai a um chaveiro e pede para seu amigo uma daquelas chaves que abrem todas as portas, estava decidida.

Toda quarta feira sempre ficava sozinha na casa. Ela conseguiu a chave e foi para o trabalho. Quando chegou, averiguou que não tinha ninguém e foi para a porta e quando a abriu ficou surpresa: uma casa dentro da outra. Uma casa linda, na verdade, uma casa de bonecas! Na medida em que andava os ruídos ficavam mais fortes, parecendo de um animal arisco. Claudia fica com medo mas estava determinada a não voltar. Quando entra vê uma criança presa em uma cama, seu rosto todo arranhado. O menino lança um olhar de fúria por não saber quem era aquela desconhecida. No outro canto uma linda menina amarrada com corda, com muito medo Claudia tem a sensação de estar fazendo parte de um filme de terror. Anda mais um pouco e vê uma mesa posta muito organizada. Ela vê um prato de olhos e dedos humanos, sobra do jantar da noite passada. A menina treme de medo, Claudia tira a mordaça da boca da criança que chora compulsivamente, a jovem abraça a menina e conta como vai ser que vai tirá-la de lá, mas que precisa ter calma. Ela liga para a delegacia, conta o que está acontecendo e pede ajuda; passa o endereço e uma hora mais tarde dois policiais chegam com um mandado de prisão.

Claudia já os esperava e os leva para a porta que tanto tempo imaginara o que podia ter ali. Os dois agentes ficam horrorizados, afinal nunca viram uma cena daquelas. Tentam aproximar do menino, que fica nervoso e se debate na cama. Cada canto tinha a marca da crueldade daqueles que ali viviam. Vários vestígios, muitas crianças ali haviam sido assinadas.

Pedro chega e vai direto para aquele lugar. Ao entrar não demonstra nem uma reação de surpresa e ainda diz que cedo ou tarde isto ia acontecer, mas se me prenderem vão causar um grande mal à humanidade. Estou próximo a desvendar a cura de uma doença e vocês vão interromper o êxito de minhas pesquisas me trancafiando numa cela fria. Além do mais, sou muito rico. Posso comprar o silencio de vocês, basta falar quanto. O policial só pergunta por que derramar tanto sangue inocente? - Meu caro se não o derramar como acharemos cura para meu filho? Ele tem uma doença rara e se alimenta só de sangue e de carne humana. - E a mãe da Criança sabe disto? - Sabe sim, a mãe é minha irmã.

- Meu Deus vocês são loucos!

- Não, somos sobreviventes de uma raça pura, meu pai também era irmão da nossa mãe! E assim seguimos nossa trajetória, é uma opção de vida, mas nosso filho nasceu com este pequeno problema só pode alimentar de carne humana e nós optamos por carne de criança da mesma idade dele, por ser mais saudável.

- Você é louco.

- Não, sou um pai que ama sua família e faria tudo de novo se preciso fosse.

A sala já cheia de policiais, as duas moças algemadas também não demonstravam nada, nem medo, são levadas para prisão e na casa de bonecas só as marcas da crueldade destes monstros, que dizem ter sido tudo por amor.

Quinze anos depois a casa volta ser habitada e voltam a desaparecer crianças na cidade de Alta Glória.