A Identidade Roubada

Um dia outro, um dia assim qualquer, entrei li em algum lugar por aí um post duma garota, menina menina, talvez entre 14

ou 15 anos. No post ela dizia faltar à escola e na maioria das vezes disse que não sentia sequer vontade de ir para o colégio, no que suspeitei se tratar de um caso sério, um misto de depressão com tédio e revertério. Contudo, quer seja depressão ou tédio, a verdade é que dentro dessas duas palavras cabe um mundo inteiro de possiveis causas e seus mistérios. De início, não pretendo afirmar que seja uma coisa ou outra. Prefiro arriscar, talvez, na hipótese de que seja um parasita crônico. Foi então que parti daí a investigar o caso. Não me contive, imaginando que a queixa dela seria um caso isolado apenas, resolvi me informar tendo como base os comentários dos demais colegas, notei logo em comum que tinha mais vítimas na mesma situação do que a minha vã ideia pudesse suspeitar. Me preocupei. Refleti por quase uma semana investigando sobre o caso daquela garota, e de todas, tentava ligar os pontos e me aprofundei de cabeça nessa causa. E, de lá pra cá, me tornei ocultamente na pessoa mais intrigada na tentativa de descobrir donde vem e porque algo sim tem se tornado uma causa crônica de quase a totalidade da juventude atual. Os eram, em tidos, bem parecidos. Conotações indênticas, eu diria. Que sabe vai ver não é uma doença própriamente dita, quem sabe seja lá um agudo abalo existencial. Isso. Um vazio existencial. Ou, na verdade, por mais que possa existir alguma veracidade nos sintomas, vou desconsiderar essa hipótese e tomar um pouco mais de reflexão. À partir daí, passei a me questionei "tende haver algo mais"? - Não é possível. Dizendo a mim mesmo. E após tome mais um longo e demorado tempo de reglexão, algumas noites e mais alguns e dias, pensei: será isso um nervo central enraigado na juventude sabe-se lá donde começa para onde vai? Pode ser uma linha de investigação importante. Fato é que, mais adiante, após mais algumas noites e mais alguns e dias, cheguei a conclusão de uma coisa nem outra. Não era do que eu tinha pensado antes. Na verdade, sei que muitos aqui irão descordar de mim e eu entendo. Mas se eu disser que tudo isso tem haver com você ou entre voçê e a pátria que lhe foi roubada. Oi? Roubo? Pátria? Assaltante de êxito? Sequestro de futuro? Cárcere da esperança? Torturador? Oi? Ãh? Quem? É, exatamente isso. Mas a verdadeé que você nem viu a cara do sujeito que roubou, e por pouco nào lhe roubou o resto. Mas, antes mesmo que possamos ir à caça desse tal suposto ladrão, eu quero lhe propor a seguinte pergunta? Você acorda num belo dia, um belo dia de sol por sinal e tudo parece estar correndo bem na mais perfeita harmoniosidades das coisas como elas são, ainda que esteja um vento brando, ainda que seu vizinho lhe diga bom dia, ainda que seus pais lhe tragam o pão quentinho para o café da manhã. Saiba que apesar disso tudo, a verdade é que dentro de você simultaneamente parece não haver coisa alguma, nem vontade nem ânimo, nem nada. A não ser uma coisa indigesta fruto de uma exististênci aos trancos do qual se vai empurrando, empurrando, empurrando, apenas levando. A escola não te anima, logo logo voçê tem que se arrumar pra sair quando na verdade nem está dando a miníma. Não tem nada de importante hoje mesmo, não é? Talvez você até vá e se perca pelo caminho, ou até de repente fará um passeio leviano pra matar a hora. Depois, você chega em casa, e lá estando percebe que sente toda culpa do mundo e por isso se cobra, e dirá a si mesmo "tudo bem, foi só uma falta essa semanana. Eu recupero depois. Qualquer pego com minha amiga o caderno emprestada pra copiar a lição que talvez você nem sequer fará durante nem depois. A prova está chegando, falta poucos dias e, sem saber o que fazer, mesmo que ainda não saiba vc improsiva de pronto e diz deixa rolar. Quer saber, se eu tirar zero, depoi eu recupero. Pois bem. Notem que até aqui houve um mal ciclo vicioso do qual vc nem se deu conta de que o ladrão, na verdade, não roubou seus pertences, o desgraçado na verdade lhe furtou a alma e um punhado de coisas essenciais para a manuntenção da sua vida, levando embora sua autoestima, levou de ti a vivacidade, roubou-lhe a tua esperença, seus sonhos e seus planos de vida. Nada restou. E você ficou sem nada, absolutamente nada. Restou apenas aquela sensação de vazio, sem saber que se vai prestar queixas à delagacia ou não. E talvez nem fará por que no fundo algo te diz que nada será recuperado. Delegacia é tudo igual. Eles não dão a minima. Afinal, você nem sequer viu para qual direção o ladrão se foi, sem contudo saber que, por fim, o criminoso mora dentro de você desde sempre, alimentando-se como um hospedeiro faminto que se apossou inteiramente da sua alma e do seu corpo. Pois bem. Até aqui eu lhe dei todas as principais pistas do caso até que finalmente conseguimos encontrar e prender o principal supeito. Talvez a pergunta que você deve estar fazendo a si mesma é, por que e como arrancá-lo de dentro fe mim? Bom, agora que nós consiguimos identificar e prender o ladrão, e sendo eu o seu delegado cabi a mim interrogá-lo na delegacia. Pretendo terminar as investigações e depois voltarei aqui para lhes revelar sua verdadeira indentidade. Até lá!

Poesia Tofilliana
Enviado por Poesia Tofilliana em 31/10/2018
Reeditado em 31/10/2018
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