Octaedri- 1

A CURA

Um canto suave e melodioso, um vento a balançar a copa das árvores.

Ouve-se a invocação feita por uma bela jovem de braços aberto. Seus olhos são verde de uma tonalidade limão. Seus longos cabelos são loiros.

Sua invocação é voltada para uma imagem talhada em madeira , mas sua

cor é de um amarelo envelhecido pelo tempo : é a imagem da Deusa Celta

Cerridwen . Ela se encontra bem a frente mas, um pouco mais elevada que a jovem. Ela murmura frases em latim e depois um hino que recentemente foi encontrado em Nag Hammadi em 1947, do séc III ou IV DC (HINI À ÍSIS-Google)

Porque eu sou a primeira e a última

Eu sou a venerada e a desprezada

Eu sou a prostituta e a santa

Eu sou a esposa e a virgem

Eu sou a mãe e a filha

Eu sou os braços de minha mãe

Eu sou a estéril, e numerosos são meus filhos

Eu sou a bem-casada e a solteira

Eu sou a que dá a luz e a que jamais procriou

Eu sou a consolação das dores do parto

Eu sou a esposa e o esposo

E foi meu homem quem me criou

Eu sou a mãe do meu pai

Sou a irmã de meu marido

E ele é o meu filho rejeitado

Respeitem-me sempre

Porque eu sou a escandalosa e a magnífica

(descoberto em Nag Hammadi, 1947)( Google )

Após entoar o hino, ela deita-se no chão em reverência a Grande Deusa. Está se colocando à disposição.

-Oh! Cerridwen, Cerridwen, Cerridwen...não deixe que meu irmão morra. Socorre-o, cure-o.

As lágrimas correm pelo rosto da jovem molhando a grama.

Choro, choro,choro....Se põe a levantar de braços erguidos e, eis que

uma flecha crava no ombro esquerdo da jovem que solta um gemido e cai jogada para trás. Seu rosto é de pavor, medo e desespero.

Cavaleiros bem armados surgem por entre as árvores seguindo um abade de preto alto e magro, gritando a plenos pulmões.

-Bruxa! Bruxa ! Bruxa !...

10 soldados estão com ele, e também uns 15 camponeses entre homens e mulheres.

Rapidamente cercam a jovem que se põe de pé e tenta retirar a flecha de seu ombro.

Um tapa é desferido no rosto da jovem , por um soldado, fazendo-a cair e impedindo-a da ação.

-Bruxa ! brada o abade descendo do cavalo com um salto e se pondo diante da jovem. Seu pé direito pisa no braço direito dela-Bruxa maldita!

-Mate-a -Gritam os aldeões.

A jovem é puxada do chão e seu pescoço é envolvido por uma corda.

Um grito de criança é ouvido e a jovem entra em desespero ao ver um aldeão com uma criança maltrapilha nos braços.

- Largue-a -grita a jovem.

- Deve ser para o sacrifício - grita o aldeão.

-É meu irmão!- berra a jovem -estou tentando cura-lo com a ajuda da Grande Deusa- Mãe.

-Blasfêmia !- Grita o abade desferindo um tapa no rosto da jovem e, logo após, puxando a corda com força. Ela tenta de todo jeito evitar

o enforcamento enfiando os dedos entre a corda e o pescoço. Suas mãos estão sujas de sangue que jorra de seu ferimento no ombro.

-Não vou matá-la agora! - grita o abade desferindo outro tapa na jovem_ vamos queimá-la na aldeia.

Um choro de desespero toma conta da jovem , enquanto os aldeões dão gargalhadas.

-Poupem meu irmão! - Grita a jovem- Ele está doente e precisa de cura.

-Leve o rebento para a aldeia para que eu possa espargir água benta nele e depois matar a bruxa.

- Não sou bruxa!-grita a jovem- apenas sigo a velha religião- cala-se ao levar outro tapado abade.

-cala-te - E ele desfere um chute no traseiro da jovem.

-Respeitem a minha crença! -gritou ela

-Satanismo ! -gritou um aldeão.

-Não podem julgar o que não conhecem!- Brada ela.

-Cristo é nosso único salvador! - Gritam todos.

- O Cristo salva mas a natureza pode nos ajudar.! Há mistérios e mistérios que não conhecemos. O mundo é uma grande dádiva de Deus

e Não há homem ou mulher no mundo que pode dizer o que é certo ou errado. Quem gera é a mulher e assim devo acreditar que o mundo foi concebido por uma mulher. Assim eu creio e a igreja pode estar estar escondendo muitos mistérios, como o de Maria Madalena...

- Morte a Bruxa ! - Grita o abade.

Começa um linchamento rápido com chutes e pontapés , socos e mais socos.

A jovem cai murmurando uma oração em latim. Ela sente muitas dores e a oração é seguida de gemido de dores dos golpes.

-Parem!- Grita um cavaleiro que surge por entre as árvores com o cavalo galopando feito um relâmpago- Seus covardes!- E salta do cavalo empurrando o abade de perto da garota.Os soldados se aproximam rápido.

- Quem é você ?- Pergunta o abade parando com o linchamento.

Continua...